sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Cohecimento de Deus - parte 1

A palavra Deus na língua portuguesa é a mesma que se usa no latim. No grego é Theos. Em ambas as línguas quer dizer: “O Soberano Senhor e Governador da terra e dos céus” (Gn1:1) e se revelou aos seres humanos por Jesus Cristo, seu Filho(João 1:14; 1João 1:1-3).
A palavra hebraica que no primeiro capitulo de Gênesis se traduz por Deus é Elohim é o termo padrão, nome que quer dizer o Ser Supremo, Poderoso ou Onipontente, e aparece 2.600 vezes no Antigo Testamento; no livro de Gênesis, 219 vezes, na Torá ou Pentateuco, 812 vezes. O sinônimo de Elohim é sua forma singular, Eloah, que também significa “Deus”, aparece no Antigo Testamento 57 vezes; em Jô 3-27, aparece 41 vezes. Um exame dos trechos bíblicos onde o nome ocorre, sugere que este assume um significado adicional, reflete a capacidade de Deus em proteger ou destruir. Um exame dos trechos bíblicos onde o nome ocorre, sugere que este assume um significafo adicional: reflete a capacidade de Deus em proteger ou destruir. É usado em paralelo com “rocha” refugio (Deuteronômio 32:15; Salmos 18:31; Isaias 44:8). Os que se
refugiam nEle descobrem que Ele é um escudo de proteção (Provérbios 30:5), mas um terror para os pecadores (Salmos 50:22; 114:7; 139:19). Esse nome, portanto, é um consolo para os que praticam a iniquidade.
Deus freqüentemente revelava uma faceta a mais do seu caráter, fornecendo frases ou locuçõesdescritivas em conexão com vários nomes. Ao renovar a sua aliança com Abrão[Abraão],identificou-se como El Shaddai (Gênesis 17:1). Nalgumas passagens bíblicas, shaddai parecetransmitir a ideia de alguém que tem o poder de devastar e destruir. No Salmos 68:14, o Shaddai “espalhou os reis”; idéia semelhante é apresentada pelo profeta (Isaias 13:6). Noutros texto, porem, a ênfase parece recair em Deus como aquele que é auto-suficiente em tudo: “O Deus Todo-Poderoso” [El Saddai] (Gênesis 48:3,4; 49:24). Os eruditos usualmente optam por traduzir El Saddai como”Todo-Poderoso” ou “Onipotente”, reconhecendo a capacidade de Deus em abençoar ou castigar, conforme a situação, posto que ambas as características encontram-se incluídas no caráter e no poder que é peculiar a esse nome.
El também significa “Deus”, e aparece no Antigo Testamento 238 vezes, só no livro de Jó aparece 55 vezes “Senhor” é o título mais freqüente dado a Deus no Antigo Testamento. O termo hebraico é Yahweh (Javé), supremamente associado com a aliança entre Deus e Israel. É o nome que Deus designa a si mesmo em resposta ao pedido de Moisés(Êxodo 3:13-15). Seu significado,“Eu sou o que sou”, pode ser também traduzido “Serei o que serei”, representa a promessa divina de cumprir o seu propósito declarado de salvar Israel do Egito e estabelecê-lo na terra prometida. O nome representa a fidelidade de Deus a seu povo e a infalibilidade de suas promessas.
O profeta Isaias foi grandemente usado pelo Senhor para falar aos seus contemporâneos tantos palavras de juízo como de consolação. Tais palavras não resultam de especulações, nem de analise feita Poe alguém sobre a condição social do povo. O profeta ouviu a mensagem do Deus que se revelou. Seu comissionamento, em Isaias capitulo 6, pode ajudar-nos a conhecer um pouco mais sobre sua Pessoa. Ali, Deus se revelou exaltado num trono real. O comprimento das suas vestes confirmava a sua majestade. Os serafins declaravam o nome pessoal de Deus:Yahweh. Nos tempos do Antigo Testamento, esse nome era pronunciado livremente pelos israelitas. O terceiro mandamento (Êxodo 20:7). Este nome não podia ser citado levianamente visando prestigio ou vantagens imerecidas.
No decorre dos séculos, porem, os escribas e rabinos desenvolveram uma estratégia para sustentar tal proibição. Inicialmente, os escribas escreviam a palavra hebraica Adonai, “meu Senhor”, “meu Mestre”, na margem do rolo, todas as vezes que a palavra YHWH aparecia no texto inspirado das Escrituras. Sinais avisavam que se devia ler Adonai em vez do Nome Santo que se encontrava no texto bíblico. A idéia era que se ninguém pronunciasse o Nome Santo, este não poderia ser tomado em vão. Mas esse método não era infalível, e alguns leitores pronunciavam o Nome ao lerem as Escrituras publicamente na sinagoga. Mas a grande reverencia pelo texto bíblico impedia que os escribas e rabinos chegassem ao ponto de retirar deste o nome divino, YHWH, e substitui-lo por termos menos importantes como é o caso de Adonai.
Finalmente, os rabinos concordaram em colocar vogais no texto hebraico. Tiraram os vogais de Adonai e as modificaram para ajustar-se às exigências gramaticais de YHWH encaixando-as entre as consoantes do Nomes Divino.
Já nos tempos do Novo Testamento, o costume de substituir o Nome inefável por “Senhor” foi aceita por seus escritos. Assim é aceitável. Mas devemos ensinar e pregar que o caráter do “Senhor/ Yahweh/ Eu sou/ Eu Serei” é a sua presença ativa e fiel. Se “Yahweh” foi a pronuncia original, o significado gramatical seria “aquele que continuamente causa a existência.
Os Serafins, na visão de Isaias, combinam o nome pessoal do Deus de Israel com o substantivo descritivo tseva oth, “exercito” ou “hoste”. Essa combinação entre Yahweh e tseva oth ocorre em 248 versículos das Bíblia (62 vezes em Isaias, 77 em Jeremias, 53 em Zacarias) e é usualmente traduzida por "Senhor dos Exércitos” (jeremias 19:3; Zacarias 3:9,10). Trata-se da afirmação de que Yahweh era o verdadeiro líder dos exércitos de Israel, bem como das hostes do céus,inclusive os anjos e as estrelas, reinando universalmente como Supremo Comandante do universo inteiro. A forma como é empregada a expressão em Isaias 6:3, contrapõe-se ao postulado das nações em derredor de que cada deus regional era o deus guerreiro que mantenha domínio exclusivo que mantinha domínio exclusivo naquele país. Mesmo se Israel fosse derrotado, não seria porque Yahweh era mais fraco do que outro deus guerreiro, mas Yahweh estava usando os exércitos dos paises vizinhos para castigar o seu povo impenitente.
No Oriente Médio antigo, o rei também era líder de todas as operações militares. Por isso, eese titulo, Yahweh Tseva oth é outra maneira de exaltar a realeza de Deus (Salmos 24:9,10). Os serafins, na visão de Isaias também confessam que “toda a terra esta cheia da sua gloria”. Esta gloria contem o conceito de posição privilegiada. O uso do vocábulo “gloria”, neste contexto, indica alguém que possui uma posição de grande destaque, publicamente reconhecida. Essa “gloria” pertence a quem é honrado, impressionante e digno de respeito.
A revelação que Deus fala de si mesmo esta relacionada ao seu propósito de habitar entre os seres humanos, Ele deseja que a sua realidade e o seu esplendor sejam devidamente conhecidos. Mas isso é possível somente quando as pessoas compreendem a qualidade indelível de sua santidade se revestem e fé e de obediência a fim de que essa faceta do caráter divino seja nelas manifestada. Deus não se manifesta de modo físico, porem, muitos cristãos podem testemunhar da sensação subjetiva e espiritual da haverem experimentado a presença poderosa do Senhor. É exatamente essa a experiência de Isaias. Somente Deus é digno de toda a grandeza, da gloria do
reino e do poder. Mas não é somente essa única reputação divina que enche a terra; a própria realidade de sua presença e a plena posição de destaque de sua gloria acham-se por toda a parte ( 2 Coríntios 4:17).
O desejo de Deus é que todas as pessoas reconheçam expontaneamente a sua gloria. Ele habitou progressivamente em gloria entre os seres humanos; primeiramente, no Tabernáculo, no Templo em Jerusalém, e posteriormente, na carne, como sua Filho, Jesus de Nazaré. E agora, em nós, pelo seu Espírito Santo. Hoje, temos a certeza de que todos somos templos do Espírito Santo de Deus (1 Coríntios 3:16,17).
O nome “Eu sou/ Eu serei”, em conjunção com determinação termos descritivos, seve
freqüentemente como a confissão de fé que revela ainda mais a natureza de Deus.
O nome sagrado de Deus também é empregado em combinação com vários outros termos usados para descrever muitas facetas do caráter, da natureza, das promessas e das atividades do Senhor. Yahweh Shammah, “ o Senhor Esta Ali”, serve como promessa da presença e do poder de Deus na cidade profetiza por Ezequiel ( Ezequiel 48:35). Yahweh osenu, “o Senhor nosso Criador”, é uma declaração da sua capacidade e disposição parada sua capacidade e disposição para lançar mão das coisas que existem e torná-las úteis (Salmos 95:6). Os hebreus no deserto, experimentariam o cidado de Yahweh roph ekha, “ o Senhor é teu medico"ou “o Senhor que te sará”, se escutassem e obedecessem aos seus mandamentos (Êxodo 15:26). Desa maneira, conseguiriam evitar as pragas e as enfermidades que Deus enviaria sobre o Egito. Nosso Senhor, pela sua natureza, é quem cura aqueles que se submeem ao seu poder e à sua vontade. Após ter comondado com êxito total a batalha contra os amalequitas, Moisés levantou um altar dedicado a Yahweh nissi, “O Senhor é a minha bandeira” (Êxodo 17:15). A bandeira servia de baliza para o reagrupamento durante a batalha ou em qualquer outra atividade coletiva. Essa função da bandeira aparece simbolicamente na serpente de bronze erguida numa haste, e no Salvador, que serviria de bandeira para os povos (Números 21:8,9; Isaias 62:10,11; João 3:14; Filipenses 2:9). Quando Deus falou a Gideão, este edificou um altar a Yahweh Shalom, “O Senhor é Paz” (Juízes 6:23). A essência do Deus de paz e inteireza, integridade, harmonia, realização, no sentido de lançar mão daquilo que é incompleto ou quebrado e deixa-lo completo mediante um ato soberano. Podemos enfrentar desafios difíceis, assim como aconteceu a Gideão ao confrontar os midianitas, sabendo que deus nos outorga paz: essa é uma das maneiras de Ele manifestar a sua natureza. O povo de Deus precisa de um protetor e provedor. E assim, Deus se revelou como Yaweh ro i, “o Senhor é o meu pastor” (Salmos 23:1). Todos os aspectos positivos do pastoreio no Oriente Médio antigo acham-se aplicados ao Senhor. Quando Jeremias profetizou a respeito do rei vindouro, o rebento justo de Davi, que Deus suscitaria, nome pelo qual esse rei seria conhecido era Yahweh tsidkeni: “ o Senhor justiça nossa” (Jeremias 23:6; 33:16). É da natureza divina agir com justiça e juízo para que nos coloquemos diante dEle como justos. Deus torna-se a norma e o padrão para pautarmos a nossa vida. Uma das maneiras de Deus demonstrar o seu propósito em ter um relacionamento com o seu povo é mediante a sua descrição como “Pai”. O conceito de Deus como Pai esta muito mais desenvolvido no Novo que no Antigo Testamento, ocorrendo 65 vezes no três primeiros Evangelhos, e mais de 100 vezes só no Evangelho de João. O Antigo Testamento identifica Deus como Pai somente 15 vezes. Os aspecto específicos da paternidade divina, sempre enfatizados, incluem a criação (Deuteronômio 32:6), a responsabilidade pela redenção (Isaias 63:16), a formação de uma nova personalidade (Isaias 64:8), a amizade familiar (Jeremias 3:4), o repassar a herança( Jeremias 3;19), a liderança (Jeremias 3:19), o prestar a honra (Malaquias 1:6) e estar dispostos castigar a transgressão (Malaquias 2:10,12). Deus também é visto como Pai de indivíduos específicos,especialmente dos reis Davi e Salomão. No tocante a eles, o Pai esta disposto a castigar o erro (2 Samuel 7:14), sem deixar de ser fiel no seu amor (1 Crônicas 17:13). Acima de tudo, Ele promete ser fiel para sempre, garantindo a sua proteção, como Pai, por toda a eternidade (1 Crônicas 22:10).
O Novo Testamento oferece uma revelação muito mais clara do Deus Trino e uno do que o
Antigo Testamento, Deus é Pai (João 8:54; 20:17), Filho (Filipenses 2:5-7; Hebreus 1:8) e Espírito Santo (Atos 5:3,4; 1Coríntios 3:16). Grande parte dos nomes, títulos e atributos divinos encaixam-se mais apropriadamente nas categorias de “Trindade”, “Cristo” e “Espírito Santo”. O Antigo Testamento introduz o conceito figurativo de Deus como Pai; o Novo Testamento demonstra como esse relacionamento pode ser plenamente experimentado. Jesus fala freqüentemente a respeito de Deus, utilizando termos que caracterizam intimidade. Nenhuma oração no Antigo Testamento dirige-se a Deus como “Pai”. Jesus, porem, ao ensinar seus discípulos a orar, esperava deles que adotassem a postura de filhos (Mateus 6:9). Nosso Deus é o
“Pai”, Todo-Poderoso que se acha nos céus (Mateus 26:53; João 10:29); e Ele utiliza seu poder para conservar, sustentar, chamar, amar, preservar prover e glorificar (João 6:32; 8:54; 12:26;14:21,23; 15:1; 16:23). O apostolo Paulo resumiu a sua própria teologia, focalizando a nossa necessidade de favor e integridade imerecidos. Ele inicia a maioria de suas epistolas com essa declaração de invocação (Romanos 1:7; 1 Coríntios 1:3; 2 Coríntios 1:2; Gálatas 1:3).
Na filosofia grega , os seres divinos eram descritos como “motor imovel”, “a causa de toda a existência”, “a existência pura”, “a alma universal” e por outra expressões impessoais. Jesus seguia a forma da revelação do Antigo Testamento, e ensinava que Deus é pessoal. Embora Jesus fala-se do Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó ( Marcos 12:26); do Senhor (Marcos 5:19; 12:29; Lucas 20:37); do Senhor da seara (Mateus 9:38); do único Deus (João 5:44) do Altíssimo (Lucas 6:35); do rei (Mateus 5:35) seu titulo predileto para Deus era “Pai”, que no Novo Testamento é o
grego pater. Paulo designou Deus como abba em duas ocasiões (Gálatas 4:6) [grego ho pater] e em Romanos 8:15,16 [grego ho pater]. Isto é: na Igreja Primitiva, os cristãos judaicos estariam invocando Deus, dizendo: Abba, “O Pai!”, e os cristãos gentios estariam exclamando: Ho Pater,”Ó Pai”. Ao mesmo tempo, o Espírito Santo estaria tornando real para els que Deus é, de fato, o Pai de todos. A qualidade incomparável do termo acha-se no fato de que Jesus lhe atribuiu uma ternura incomum. Alem do mais, caracterizava muito bem o seu próprio relacionamento com Deus, e também o tipo de relacionamento que Ele queria, em ultima analise, que os seus discípulos tivessem com o Pai.
O Deus onipotente não poder ser plenamente compreendido pelo ser humano, mas nem por isso deixou de se revelar de diversas maneira e em vários ocasiões a fim de que o venhamos a conhecer Deus não pode ser compreendido pela mera lógica humano, e nem seguir sua própria existência pode ser comprovada desta maneira. Com isso, queremos dizer pode ser comprovada dessa maneira. Com isso, queremos dizer que estamos de forma alguma diminuindo os seus atributos, fazendo uma declaração confessional das nossas limitações e da infinidade divina.
Nosso modo de entender a Deus pode ser classificado em duas pressuposições primarias: Deus existe; e Ele se revelou a nós de modo adequado através do mundo ( a teologia Natural) e da sua revelação inspirada.
Não se pode explicar Deus, mas somente crer nEle. Podemos basear a nossa doutrina sobre Deus nas pressuposições, e as evidencias demonstrada nas Escrituras. Alguns texto bíblicos atribuem à pessoa de Deus qualidades que os seres humanos não possuem, ao passo que outros textos o descrevem em termos de atributos morais que são compartilhados pelos seres humanos ainda que de forma limitada.
A natureza de Deus é identificada com mais freqüência por aqueles atributos que não possuem analogia com o ser humano. Deus existe por si mesmo, sem depender de outro ser. Ele é a fonte originaria da vida, tanto ao cria-la quanto ao sustentá-la. Deus é espírito, Ele não esta confinado à existência material, e é imperceptível ao olho físico. Sua natureza não muda, permanece inalterável. Posto que o próprio Deus é o fundamento do tempo, Ele não pode ser limitado pelo tempo. Ele é eterno, sem começo nem fim. Deus esta totalmente consistente dentro de si mesmo. O espaço não pode limitá-lo, pois Ele é onipresente. Deus também é onipotente, pois é poderoso para fazer tudo que esta já de acordo com a sua natureza e segundo os seus propósitos. Alem disso, é onisciente; conhece efetivamente todas coisas – passadas, presentes e
futuras. Em todos esses atributos, o cristão pode achar o consolo e a confirmação da fé, ao passo que o incrédulo é advertido e motivado a crer.
As evidencias bíblicas dos atributos morais de Deus demonstram características que também são encontradas no ser humano. Mas nossas não passam de pálidos reflexos das magníficas glorias demonstrada pelo Senhor. De grande importância, neste grupo, é a santidade de Deus, a sua mais completa perfeição e a sua exaltação sobre todas as criaturas. Nesta sua perfeição fundamental, estão incluídas a sua retidão, que resulta na decretação de leis; e a sua justiça, que resulta na sua execução. O caminho que Deus tem pelos seus filhos é expressado pelo seu amor sacrificial. O amor divino é abnegado, justo e eterno e tem iniciativa própria. Alem disso, Ele
demonstra benevolência ao sentir e manifestar afeição pela sua criação em geral. Ele demonstra misericórdia ao dirigir sua bondade aqueles que passam necessidades e são supriendidos por alguma desgraça, e ao suspender o castigo merecido pelo pecador arrependido. Ele também manifesta a sua graça na forma da bondade concedida aos que não tem o mínimo merecimento.
A sabedoria de Deus é vista nos seus propósitos e nos seus propósitos e nos planos que Ele emprega para fazer cumprir tais propósitos. O exemplo primário da sabedoria divina, encarnada e atuante, é a Pessoa e a obra de Jesus. Outras expressões desta sabedoria incluem a paciência pela qual detem seu justo juízo contra os que vivem no pecado e também a veracidade com que cumpre a sua Palavra, levando-nos a confiar nela e nas suas ações. Jesus, o Messias de Deus, é a Verdade encarnada. Finalmente, há a perfeição moral da fidelidade. Ele é totalmente fidedigno no cumprimento da sua aliança, confiável, ao perdoar, e nunca falha nas suas promessas. Nas suas decisões, é inabalável. A linguagem figurada da rocha é frequentemente usada para retratar
a firmeza de Nosso senhor e a proteção que Ele nos oferece. Uma convicção similar é expressa pela referência à soberania de Deus. Ele governa o mundo e sua vontade é a causa final de todas as coisas, incluindo especificamente a criação e a causa final de todas as coisas, incluindo especificamente a criação e a preservação(Salmos 95:6; Apocalipse 4:11), a autoridade humana (Provérbios 21:1; Daniel 4:35), a salvação do povo de Deus(Romanos 8:29ss; Efésios 1:4,11), os sofrimentos de Cristo (Lucas 22:42; Atos 2:23), o sofrimento dos cristãos (Filipenses 1:29; 1 Pedro 3:17), a vida e o destino do homem (Atos 18:21; Romanos 15:32) e até os mínimos detalhes da vida (Mateus 10:29). Deus reina em seu universo,exaltado sobre todos os demais que reivindicam poder e autoridade. Ele e só Ele é Deus:”Eu sou o Senhor, e não há outro”(Isaías 45:6; 43:11; 44:8; 45:21). Ele é Todo-Poderoso (Gêsenis 17:1). Isto é claramente expresso na pergunta de Deus:”Acaso para Deus há coisa demasiadamente difícil?”, feita depois de Deus ter prometido a Abraão e Sara um filho em idade avançada (Gêsenis 18:14), e repetida novamente com sua promessa de restaurar e libertar Jerusalém face a sua destruição iminente pelo exército babilônico (Jeremias 32: 27). Em ambos os casos a promessa divina foi cumprida à risca.
O Novo Testamento contem igualmente um testemunho semelhante quanto à onipotência de
Deus. Ele se revela como o Deus para quem “nada é impossível”, seja o nascimento virginal (Lucas 1:37) ou a regeneração da humanidade decaída (Marcos 10:27).
Este é o cerne da soberania de Deus e requer uma atitude de absoluta confiança em meio a todas as “impossibilidades” da historia humana e das circunstâncias pessoais. Ele é o Senhor. Ele é onipresente, se acha em todo lugar. Isto explica no Salmo 139:7-12. Confrontado com a perturbadora e indiscutível realidade da presença perscrutadora de Deus, o salmista compreende que não pode fugir deste Deus no espaço, no tempo ou na eternidade. O adultério de Davi com Bate-Seba e a maneira como “manipulou” a morte do marido dela talvez pudessem ser escondidos da corte em Jerusalém, mas tudo foi visto por Deus que poderia revelar o fato a qualquer momento (2Samuel 12:11ss). A Biblia esta cheia dessas revelações divinas (Gêsesis 3:11; Josué 7:10-26; 2 Reis 5:26; Atos 5:1-11).
A onipresenta de Deus pode dar também muita segurança. Quando a perversidade triunfa e a injustiça e o poder dominam incontestáveis, Deus tudo sabe e tudo vê(Salmos 66:12; Isaias 43:2; Atos 23:11). Não se pode zombar Dele(Gálatas 6:7) e Ele indicou um dia para julgar o mundo(Atos 17:31). Do mesmo modo, em momentos de provação ou sofrimento pela nossa fé.
A eternidade de Deus é um aspecto relacionado a onipresença, no espaço tem a sua contraparte no tempo. “De eternidade a eternidade, tu és Deus”(Salmos 90:2). Não existe momento “antes” ou depois Dele.
Ele é onisciente, tudo sabe. Esta perfeição esta intimamente ligado à sua onipresença(Salmos 139:1-12). As implicações práticas são semelhantes e perturbadoras, mas trazem ao mesmo tempo segurança: Deus vê e, portanto, tudo sabe. Isto é, em especial, pertinente ao tema do juízo, sendo simbolicamente expresso pela “abertura dos livros”(Apocalipse 20:12). O passado não se foi para sempre; o tempo, desde o seu inicio, é presente para Deus. No julgamento final, a evidencia irá exceder de longe o que qualquer juiz ou júri jamais considerou: a recapitulação da vida inteira do acusado, todos os atos exteriores, cada motivo e atitude sejam visíveis ou secretos. O juízo final de Deus será absolutamente justo. Isto coloca em perspectiva os “mistérios” da vida, eventos que parecem absurdos ou sem sentidos; se Deus tudo sabe, todos os acontecimentos acham-se também sujeitos à sua compreensão e vontade. Pode haver mistérios em relação a Deus, mas jamais erros.
Este perfeição é fundamental à finalidade da auto-revelação de Deus. Se Ele conhece apenas em parte, sua verdade seria também apenas provisória. O senhorio De Deus em sua onisciência significa que não aguardamos uma revelação posterior que talvez supere sua auto-revelação em Jesus Cristo. Como o Filho eterno de Deus, a realidade do próprio Deus eterno, Jesus é a revelação final, a verdade em quem se acham oculto todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento(João 14:6; Colossenses 2:3). A onisciência de Deus é também a base para obra do Espírito Santo em revelar a mente e a verdade de Deus na Escritura, garantindo dessa forma sua confiabilidade e finalidade(João 16:13; 17:17).
Alguém objetará perguntar se será realmente necessário estudar isso? Nos tempos de Spurgeon, as pessoas achavam interessante a teologia. Por que alguém precisa hoje em dia perder tempo com esse tipo de estudo que está propondo? Com certeza, pelo menos o leigo pode passar sem isso. Afinal de contas, este é o século XXI. Uma pergunta justa! Mas há uma resposta convincente para ela. Essa questão é levantada por alguém que pressupõe claramente a impraticabilidade e a irrelevância do estudo da natureza e do caráter de Deus para a vida. Entretanto, este é, na verdade, o projeto mais prático de que alguém poderia ocupar-se. Conhecer a Deus é crucialmente importante para nossa vida. Do mesmo modo que seria cruel levar de avião um indígena da Amazônia até São Paulo e deixá-lo, sem nenhuma explicação, sem que entendesse a língua portuguesa, em plena Praça da Sé, para que ele cuidasse da própria subsistência; assim também seríamos cruéis conosco se tentássemos viver neste mundo sem saber nada a respeito do Deus que é dono e Senhor do Universo. Para quem não conhece a Deus o mundo se torna um lugar estranho, louco, penoso, e viver nele pode ser decepcionante e desagradável. Despreze o estudo de Deus e você estará sentenciando a si mesmo a passar a vida aos tropeções, como um cego, como se não tivesse nenhum senso de direção e não entendesse aquilo que o rodeia. Deste modo poderá desperdiçar sua vida e perder a alma. Ao reconhecer, então, que o estudo de Deus tem valor, preparemo-nos para começar. Mas, por onde começar? Obviamente temos de partir de onde estamos. Isto, entretanto, significa sair em meio a uma tempestade, pois a doutrina de Deus hoje em dia está no centro de uma verdadeira tempestade.
O chamado “debate sobre Deus” com seus refrões surpreendentes: “nossa imagem de Deus deve desaparecer”, “Deus está morto”, “podemos recitar o credo, porém não podemos confessá-lo”, está ecoando a nossa volta. Dizem-nos que “dogmatizar sobre Deus” como os cristãos têm feito ao longo da história é manifestar refinada insensatez e que o conhecimento de Deus é, na realidade, uma ficção. Os tipos de ensinamento que professam tal conhecimento são rejeitados como obsoletos: calvinismo, fundamentalismo, escolástica protestante, velha ortodoxia. Que devemos fazer? Se esperarmos a tempestade passar para depois iniciarmos a jornada, pode ser
que jamais a comecemos.
O único alvo digno de veneração e de adoração religiosas. Empregam-se na Bíblia numerosas palavras para indicar a existência e o caráter de Deus.
A crença na doutrina da existência de Deus é o primeiro principio de toda religião. A questão da existência de Deus e ter o conhecimento supera todas as outras.
É uma coisa notável que em parte alguma das Escrituras Sagradas procura-se demonstrar a existência de Deus(Salmos 19:1; Romanos 1:19,20), nem trata-se tampouco de ensiná-la como verdade mediante afirmação categórica: aceita-se simplesmente a idéia como verdade muito antes admitida. A existência de Deus já era tão claramente manifesta aos séculos primitivos que ninguém ousava negá-la ou pô-la em duvida.
Tão universal era e ainda é hoje a crença na existência de Deus, que muitos teólogos tem concluído deste fato que a idéia de Deus é inata, isto é, existe naturalmente na inteligência do ser humano uma idéia de Deus, não por causa de qualquer instrução de outro ente humano, mas porque o próprio Deus que criou o ser humano depositou dentro dele a idéia da Sua existência. Por isso, se um recém-nascido for colocado em um lugar onde nunca poderá receber qualquer instrução de outro ser humano, crescera com a idéia, embora imperfeita, da existência de Deus.
Nos primeiros séculos os homens universalmente consideravam a existência de Deus como uma verdade já admitida. O homem ficou naqueles tempos primitivos tão fortemente impressionado com tão importante verdade, que facilmente compreendemos o próximo e rico relacionamento entre o primeiro casal e o Criador no jardim do Éden. Adão foi admitido livremente à presença divina, e ao mesmo tempo deve ter sentido profundamente na sua alma imaculada a certeza da existência de Deus e de sua perfeição. Vê-se, pois, que o seu conhecimento de Deus teve origem tão direta e poderosa que ser-lhe impossível duvidar da existência daquele que tratava
diretamente com ele. Que um fato interessante e importante como o conhecimento da existência e da natureza de Deus seria cuidadosamente transmitido de pai para filho por todas as gerações sucessivas desde Adão ate Noé, é coisa que se entende e era de se esperar. Para que a corrente da verdade religiosa não se perdesse nem se desperdiçasse inteiramente, nem ficasse contaminada como pelo erro, foi necessário pelos afluentes que provinham das comunicações divinas a Enoque e a Noé. Foi por isso que depois da destruição geral da raça ímpia pelo dilúvio, e quando a arca pousou e cima dos montes da Ararete, o patriarca e sua família puderam sair mais uma vez para colocar-se em terra firme e construir um altar consagrado ao Deus vivo e verdadeiro. Graças a essa família luz da revelação pôde facilmente acompanhar as tribos dispersas nas suas viagens errantes e extensas, proporcionando-lhe, pelo menos, débil vislumbre da verdade e remindo-as da ignorância grosseira e estúpida que de outra forma teria envolvido em trevas impenetráveis todas as idéias do poder Supremo e Controlador.
É verdade bíblica que o mundo não conheceu a Deus pela (1Coríntios1:21), e pode-se duvidar que a simples razão humanidade sem auxilio da Revelação poderia originar a idéia da existência de Deus, e muito menos sondar sua natureza. Os mais sábios filósofos pagãos confessaram que deviam as doutrinas mais sublime e importantes sobre este assunto à tradição. As mais lisonjeiras teorias dos homens em relação ao que a razão humano se orgulha de ter conseguido a este respeito não passam de meras hipóteses e conjecturas. Se admitimos que o homem estivesse colocado em uma situação tão absolutamente privada da luz da Revelação que ficasse sem a idéia de Deus, seria difícil admitir que ficasse sem admitir que ele tivesse capacidade de, por si só, através do raciocínio, chegar à conclusão da existência do que lhe era totalmente desconhecido. Nessas condições ele andaria às apalpadelas no meio das mais densas trevas, sem adiantar nem sequer um passo na aquisição do conhecimento da existência da existência ou da natureza do Criador, conservando-se nessa ignorância ate que tombasse morto como as bestas que perecem. Entretanto, é evidente, à vista do que afirma as Escrituras, que rodeados como nos encontramos pela luz da Revelação em todo o seu esplendor, ou mesmo como em geral acontece com as nações pagãs apenas auxiliadas pelo vislumbre da tradição, podemos ver nas obras da natureza através das nossas faculdades racionais no mundo que nos rodeia, numerosas provas que demonstram a existência de Deus.
A teologia, na sua tentativa de conhecer Deus e de torná-lo conhecido, parte do principio de que o conhecimento a respeito do Supremo Ser já tenha sido revelado. Esta revelação é o fundamento de todas as afirmações e pronunciamentos teológicos. O que não foi revelado não pode ser conhecido, estudado ou explicado. Noutras palavras, a revelação é o ator de torna conhecido algo que antes era desconhecido. O que estava escondido passa ser conhecido. A mãe revela o que esta sendo assado no forno; o mecânico, o que deu no motor. Cada um destes mistérios termina aí. Embora a revelação ocorra em toda as áreas da vida, o termo acha-se especialmente associado à religião. As questões da fé centralizam-se no fato de que Deus fez-se conhecido aos seres humanos. O cristianismo é a religião caseada na revelação que Deus fez de si.
A Bíblia emprega vários termos em grego e hebraico para expressar o conceito da revelação. O verbo hebraico gãlãh significa revelar por meio do ato de descobrir ou de arrancar alguma coisa que cobre (Isaias 47:3). Freqüentemente, é usado no tocante à revelação, ou comunicação, que Deus faz de si mesmo às pessoas (Amós 3:7). A palavra grega apokalupsis, que significa revelação, esta associada a esta idéia: torna o Evangelho conhecido. Paulo afirmou que não recebeu o Evangelho mediante a instrução humana, e sim pela revelação do próprio Senhor Jesus Cristo (Gálatas 1:12). É Deus quem manifesta ou mostra a si mesmo (1Timoteo 3:16). A revelação, noutras palavras, envolve não somente informações a respeito de Deus, mas a
revelação que Deus fez de si mesmo. Isso não significa, porem, que devemos rejeitar a revelação proporcional e preferir a existencial. Pelo contrario, a revelação de Deus é necessário para o conhecimento. Através de suas palavras e ações, deus torna conhecida a sua Pessoa, seus caminhos, valores, propósitos e o seu plano de salvação. O alvo final da revelação divina é que as pessoas venham a conhecer a Deus de modo real e pessoal. Embora a revelação divina esteja freqüentemente limitada ao desvendamento que Deus faz da própria Pessoa, em atos ou palavras, pode ela também ser considerada a concatenação maior de eventos revelados. Essa definição da revelação divina incluiria a reflexão e a inscrição, registrar a revelação na forma escrita pelos inspirados, o processo da canonização desses mesmo escritos e a iluminação pelo Espírito Santo daquilo que Deus de fato revelou.O capítulo 2 de Jeremias resume bastante o conteúdo geral de todo o ministério deste profeta. E nele nós podemos ver a reivindicação que Deus tinha para o seu povo.Há três versículos que resume, dentro deste capítulo, essa reivindicação. O primeiro é o 5: "Assim diz o Senhor: Que injustiça acharam vossos pais em mim, para se afastarem de mim, indo após a vaidade, e tornando-se levianos?". O segundo é o 13 :"Porque o meu povo fez duas maldades: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm águas". O terceiro é o 32: "Porventura a virgem se esquece dos seus enfeites, ou a noiva dos seus adornos? Todavia o meu povo se esqueceu de mim por inumeráveis dias". As frases chaves nestes três versículos são: "afastaram-se de mim", "Deixaram-me ", "Esqueceram de mim". Há certa gradualidade nelas, primeiro o afastamento, em seguida o deixá-lo (definitivamente) e por último o esquecer-se dele. Isto não tem nada a ver com aquilo que o povo possa ter falhado em alguns assuntos externos, como cumprir com os rituais, trazer as ofertas, guardar certos mandamentos. Eles ainda iam ao
templo de Jerusalém três vezes ao ano, ainda seguiam sacrificando os animais pela manhã e pela tarde, seguiam esquadrinhando as Escrituras, e ensinando às crianças desde pequenas. No entanto, ainda assim Deus tem uma queixa contra o seu povo, e essa reivindicação tem a ver com a sua própria pessoa.Provavelmente, eles tinham sido muito cuidadosos e diligentes no cumprimento de coisas, mas com respeito a Deus havia um problema. Um grande problema. Conosco também pode acontecer algo assim. Pode ser que vamos a reunião cada vez que a igreja é convocada, que apartemos para o Senhor os recursos que cremos ser dele, que participemos da vida da igreja, que tenhamos muitas coisas externas das quais nos gabar e pelas quais nos sentir
confiados e seguros; no entanto, pode acontecer que no íntimo do nosso coração, lá onde só Deus pode ver, onde nenhum olho humano pode penetrar, haja uma carência grande, uma falta enorme. Aqui não se trata simplesmente de falhar em certas coisas, mas sim em falhar em relação a grande coisa, a maior de todas. Não se trata, por assim dizer, de cometer pecadinhos, mas sim de cometer o grande pecado: afastar-se dele, deixá-lo, esquecer-se dele.Talvez haja muitas coisas nas quais poderíamos nos sentir confiados e satisfeitos, no entanto, nessa confiança e nessa satisfação pode ser que Deus não esteja completamente satisfeito.Estas expressões do capítulo 2 são muito recorrentes através de todo o livro de Jeremias. Agora, como é possível que
o povo de Deus, tendo tudo por causa dele, possa esquecê-lo e abandoná-lo? É algo que nos parece insólito. Incompreensível. Mas era assim. O coração do homem é tão enganoso. Através da história, e ainda em nossos dias, as pessoas muito iluminada, muito conhecedora da Palavra, com muita revelação, por causa de havê-lo abandonado, seguiram caminhos estranhos, extraviaram-se. Profanaram as coisas santas, dividiram o corpo de Cristo e causaram muita dor.
Como é possível que os que têm mais conhecimento possam estar mais expostos a isto? É um perigo real.Agora, onde está a explicação disto? Só diremos que o coração é enganoso e que a todos podem passar e que tomemos cuidado com isso? Se lermos atentamente o livro de Jeremias vamos encontrar uma chave muito importante. E isso está no capítulo 2:8: "Os sacerdotes não disseram: Onde está o Senhor? E os que tinham a lei não me conheceram". Em seguida, no capítulo 4:22: "Porque o meu povo é néscio, não me conheceram; são filhos ignorantes e não são entendidos, sábios para fazer o mal, mas fazer o bem não souberam". O problema era que não lhe conheciam."Os que tinham a lei" eram os escribas, e não lhe conheciam. Sim, nós também podemos ter a Palavra e mesmo assim não lhe conhecer. Esse é o assunto que desencadeia todos os outros problemas. Leiamos outros versículos. Capítulo 9:3: "... porque de mal em mal procederam, e não me conheceram, diz o Senhor". E no versículo 6 deste mesmo capítulo: "A sua morada está no meio do engano; por muitos enganadores não quiseram
me conhecer, diz o Senhor". Por isso, quando chegamos ao capítulo 9, versículos 23 e 24 encontramos uma coisa muito importante, que nos dá luz em relação a este problema: "Assim disse o Senhor: Não se glorie o sábio em sua sabedoria, nem em sua valentia se glorie o valente, nem o rico em suas riquezas. Mas aquele que se gloria, glorie-se nisto: em me entender e me conhecer, que eu sou o Senhor, que faço misericórdia, juízo e justiça na terra; porque estas coisas quero, diz o Senhor". Em meio de toda a desesperança e confusão de Israel, Deus diz: "Nisto quero que vocês se gloriem". Não na sabedoria, nem na valentia, nem nas riquezas. Tampouco -poderíamos acrescentar- em ter um templo faustuoso, uma cidade santa, em ter a lei, nem em Moisés, o grande legislador. Nada disso é ocasião ou motivo suficiente para gloriar-se. O único motivo real, legítimo, para gloriar-se é conhecer a Deus, e entendê-lo.Na igreja é costuma acontecer uma coisa. Uma primeira geração desfrutou de uma comunhão íntima com o Senhor, e viu algo da parte de Deus. Deus lhes mostra as suas obras e os seus caminhos. Mas logo vem outra geração, que não viu o mesmo; que só escutou dizer o que Deus fez no passado. Esta geração não conhece verdadeiramente ao Senhor.Quantos jovens estão crescendo, estes meninos
que amanhã vão sustentar o testemunho, o que estão conhecendo? Sem dúvida, eles estão
conhecendo, em um sentido horizontal, a vida do corpo, a preciosa comunhão dos irmãos. Mas estão conhecendo, na verticalidade, a Deus, que é quem gera todas as demais coisas, e cuja relação é a que determina e possibilita essa outra? Se não atendermos devidamente este assunto, poderá acontecer que nas duas ou três gerações seguintes, a igreja esteja governada por pessoas que não conhecem a Deus.A palavra "conhecer" no Antigo Testamento é "yada". E "yada" tem uma significação mais profunda do que o que para nós tem "conhecer". Para nós "conhecer" pode ser alguma coisa meramente intelectiva, um produto do estudo, mas na Bíblia conhecer é uma coisa mais íntima. Por isso, não devemos estranhar versículos como Gênesis 4: 1,
em que diz que "conheceu Adão a sua mulher Eva, a qual concebeu e deu a luz a Caim", ou como 4:25, onde diz que "conheceu de novo Adão a sua mulher, a qual deu a luz um filho, e chamou o seu nome Sete".
O que significa então "conhecer"? Em termos bíblicos, conhecer é um ato íntimo, como o do marido com a esposa. A ter uma idéia tão abstrata de Deus, tão ideal: o Senhor está em seu trono como o Rei, e também como Sumo Sacerdote e como Advogado; ele tem todos esses títulos maravilhosos, mas ainda assim nos parece tão longínquo, tão distante. Ao invés, dizemos: nós estamos aqui, rodeados de tantas situações, de tantos conflitos. Para entender o que significa a palavra "conhecer", devemos entender esta semelhança do matrimônio. O mesmo Senhor, aqui em Jeremias, fala que Israel foi para ele "uma esposa infiel" (3:20), e que ele é o Marido que esperou por sua amada. Provavelmente a relação do homem e a mulher no matrimônio não só foi
delineado por Deus para mostrar a beleza da relação de Cristo e a igreja, mas também esta outra, de que o desejo de Deus é unir-se à alma humana, ao coração do crente, em uma união semelhante a do marido com a esposa. Há algo mais íntimo que isso? Há algo mais íntimo em uma relação matrimonial? Esse é também o ato pelo qual existe a procriação. De modo que espiritualmente também podemos dizer: Como nós poderíamos nos multiplicar? Como virão novos filhos de Deus para a realidade da igreja, senão como produto de que há homens e mulheres cujas almas se uniram a Deus nessa união profunda, nesse conhecimento íntimo?Não podemos dizer que este "conhecer" seja um assunto só do Antigo Testamento. No Novo Testamento, por exemplo, diz-se que José "não conheceu" a Maria "até que deu a luz a seu filho primogênito; e lhe pôs por nome Jesus" (Mateus 1:25).Em uma das principais epístolas de Paulo, Efésios, ele nos diz: "Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê
espírito de sabedoria e de revelação no conhecimento dele" (1:17). O espírito de sabedoria e de revelação nos é dado para que conheçamos a ele. É o grande meio para alcançar o grande objetivo, que é o conhecimento de Deus. Em Colossenses, Paulo usa a palavra grega "epignosis", que é este conhecimento superior de que estamos falando (1:10), que vai além do mero ato intelectivo, ou doutrinário. Em Filipenses, Paulo diz: "E certamente, também estimo todas as coisas como perda pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor, por amor do qual perdi tudo, e o tenho por lixo, para ganhar a Cristo" (3:8). Paulo estimou todas as coisas como lixo, e assim então pôde receber o conhecimento de Cristo. Mas ainda não estava completo, porque diz mais abaixo, no versículo 10: "A fim de lhe conhecer". Ah, essa frase! O que significa? Simplesmente, que "lhe conhecendo, ainda não lhe conheço como devo conhecê-lo".O conhecemos? Pela graça de Deus, conhecemos algo- mas não o suficiente. Talvez estejamos como a sulamita de "Cantar dos Cantares", no capítulo 1, dizendo: "OH, se ele me beijasse com os beijos da sua boca! Porque melhor são os seus amores do que o vinho" (V. 2). Mas o amado não lhe diz "minha esposa", mas apenas mais adiante, no capítulo 4. E só quando fala a ela como esposa é que podemos supor que houve um conhecimento íntimo. Então se produziu esse ato sublime em que esses dois seres vem a ser um. Como é que dois podem ser um? Pelo amor, por este "conhecimento" íntimo.Não há duas maneiras de pensar. Por isso no final de Cantar dos Cantares, a sulamita fala no plural referindo-se ao Amado e a ela. Como se os dois pensassem o mesmo, sentissem o mesmo. Ela se atreve a dizer: "Saiamos ... moremos ... levantemo-nos, vejamos ..." (7:11-12). Ela envolve a ele. Oxalá chegue o dia em que nós possamos dizer: 'Vamos, Senhor, e façamos isto'. Isto seria uma ousadia muito grande, a menos que tenhamos chegado a um conhecimento tão profundo, não só do que ele é, mas também do que ele quer, dos seus desejos, dos seus anseios. Dizer-lhe isso significará que o conhecemos tão bem, tão profundamente, que ele nos dirá: "Sim, vamos". O "Cantar dos Cantares" é uma raridade no meio do Antigo Testamento. Por isso foi por tantos séculos incompreendido. Porque no fundo o que Deus está querendo dizer através deste pequeno livro é: "Eu não só quero ser seu Rei, eu quero ser o seu Amado, o seu Marido". E não só estamos falando de nós como Igreja, mas sim -e principalmente- de nós como indivíduos, como crentes individuais. Falamos de nossa responsabilidade pessoal como crentes. Porque é um risco ver somente que somos igreja e não vermos a nossa responsabilidade pessoal. Cada um tem uma tarefa, um desafio, uma carreira para correr, uma batalha que lutar, uma fé para guardar. Cada um será chamado a juízo. E não podemos escapar a isso. Na igreja ocorrem coisas que são preciosas, mas outras que são bastante arriscadas. Por exemplo, como somos um corpo, então eu não sou o único responsável pelas coisas que acontecem na igreja, ou pelas coisas que não são feitas. É certo que eu não as faço, mas aquele também não as faz. Assim compartilhamos as irresponsabilidades e nos evadimos. Assim, no âmbito da igreja, pode acontecer que as responsabilidades pessoais sejam descuidadas. E não só na nossa relação com outros, mas também principalmente na nossa relação pessoal com o Senhor. Gostaríamos de ser mais ousados e dizer: Se nós não conhecermos o Senhor intimamente, temos que admitir que não o conhecemos. Conhecemos coisas a respeito dele, historias a respeito dele, livros que são escritos a respeito dele, mas a ele não o conhecemos. Porque este conhecimento do Senhor Jesus Cristo é o único que vai nos manter apegados a ele. O Senhor diz em Jeremias: "esqueceram-se de mim, abandonaram-me". Mas como, não lhe conheciam? Que outra coisa podia esperar deles? Se não o conhecermos, não o amaremos. E se não o amamos, não nos fará diferença estar com ele ou sem ele. O único que nos retém junto a ele, é que o conheçamos, e conseqüentemente, que lhe amemos. O Senhor nos quer mais perto. Ele sente saudades de nós. Através de Jeremias ele diz: "Vai, e clama aos ouvidos de Jerusalém, dizendo: Assim diz o Senhor: Lembro-me de ti, da piedade da tua mocidade, e do amor do teu noivado, quando me seguias no deserto, numa terra que não se semeava". Isso é sentir saudade. "senti saudades de ti, do fiel que tu eras na tua juventude, do teu amor quando recém nos casamos". Em Oséias capítulo 13:5 diz: "Eu te conheci no deserto, em terra seca". O Senhor "conheceu" a Israel no deserto. E aqui em Jeremias diz: "(lembro-me) quando andava por detrás de mim no deserto". Podemos ver claramente que o matrimônio entre o Senhor e Israel aconteceu no deserto. E aqui em Jeremias, quando diz "me lembro dos dias da sua juventude, do amor do seu noivado", é como dizer: "Lembro-me quando estávamos em nossa lua de mel, sinto falta desses dias quando você me amava no deserto; embora no deserto não haja nada atrativo, mas eu era todo o seu atrativo. Lembro-me do seu primeiro amor, dos primeiros dias. Não sentia o tempo, orando, cantando para mim, não sentia o frio ou o calor, se tinha que viajar sob o sol ou sob a chuva, para ter comunhão e procurar o meu rosto. Mas agora é grande, agora tem muito conhecimento, procurastes substitutos, já não me buscas, não me desejas, já não diz nem sequer: "OH se ele me beijasse com os beijos da sua boca". Vocês sabem a respeito dos problemas matrimoniais que teve o profeta Oséias, e como Oséias interpretava a Deus. Nós não podemos ler Oséias sem entender a Deus como o marido que sofre por uma mulher infiel. E justamente Oséias é um dos que mais usam a palavra "conhecimento". "O meu povo foi destruído porque lhe faltou conhecimento. Porquanto desprezou o conhecimento, eu te tirarei do sacerdócio" (4:6); (quero) conhecimento de Deus mais que holocaustos" (6:6), etc. E "conhecimento" tem a ver com uma relação matrimonial íntima. Em que ponto de Cantares você está? Está nesse: "OH, se ele me beijasse com os beijos da sua boca"? Está só no desejo de ser apascentada e satisfeita por ele? Ou está no capítulo 2 quando ela recusa sair com o amado? Para ela ainda não despontou o dia, nem fugiram as sombras. Ainda há pequenas raposinhas que estragam as suas vinhas. Ou está no capítulo 4, onde a relação já é mais profunda? Ou no capítulo 5 quando ele a convida para participar dos seus sofrimentos, da sua vergonha e desonra, mas ela reage muito tarde? Ou está no capítulo 7,quando ela convida o Amado para sair para o campo, às vinhas, para dar-lhe ali os seus amores, e quando lhe oferece o fruto dos seus trabalhos, para que ele encontre nela o seu contentamento?
Nós podemos dizer: "Eu sou do meu amado, e em mim ele tem o seu contentamento?" (7:10). Estamos em uma etapa de noivado com o Senhor, ou já nos casamos com ele, e portanto, a nossa vontade é a dele, o nosso caminho é o seu, a nossa sorte é a sua, tudo? Que o Senhor nos conceda a sua graça para avançar em amar-lhe e agradar-lhe.

Referências Bibliográficas:

Teologia Sistemática - Uma Perspectiva Pentecostal. Stanley Horton. CPAD.
Manual Prático de Teologia. Eduardo Joiner. Central Gospel.
Estudando as Doutrinas da Bíblia. Bruce Milne. ABU.
O conhecimento das Escrituras. R. C. Sproul. Cultura Cristã.
O Cristianismo através dos Seculos - Uma Historia da Igreja Cristã. Nova Vida.