sexta-feira, 24 de setembro de 2010

PRIMEIRA EPISTOLA AOS CORINTIOS

A igreja de Corinto era uma congregação com sérios problemas. Influencia pela imoralidade sexual, dividida por facções que se arrastavam ao tribunal e mutilada por usar mal os dons espirituais, ela precisava de uma cirurgia espiritual radical. Embora, fossem verdadeiros cristãos, os coríntios tinham de crescer. Entretanto, eles já haviam deixado de seguir os costumes imorais, egoístas e contenciosos de seus vizinhos pagão em Corinto, a cidade notoriamente imoral daquela época. É possível perceber a decepção de um pai ressentido nas palavras serias de Paulo aos Coríntios. Contudo o apostolo, como um cirurgião, diagnosticou o problema e concentrou seus esforços diretamente na fonte: orgulho e falta do verdadeiro amor na igreja.
Corinto foi uma cidade importante na Grécia antiga. Geograficamente, foi um centro ideal para o comercio entre Itália e a Ásia. Com o fluxo de negócios, Corinto recebia viajantes do Oriente e Ocidente, criando toda uma diversidade étnica entre os habitantes da cidade. Embora tivesse sido saqueada pelos romanos em 146 a. C., Corinto foi reconstruída por Julio Cesar, em 46 a. C. o controle de Corinto permitia aos romanos dominar o comercio entre Oriente e Ocidente, como também os jogos ístmicos (1 Coríntios 9: 24 – 27), que eram superados em termos de importância somente pelos famosos fogos olímpicos.

1. Autoria

A autoria de Coríntios não está em contestação antiga, em favor desta carta, é mais forte do que para qualquer outro livro do Novo Testamento. Clemente de Roma (por volta de 96 d. C.) escreveu a Corinto, citando as admoestações de Paulo desta carta. Inácio (que faleceu por volta de 117 d.C.) e Justino Mártir (que faleceu por volta de 165 d.C.) conheciam bem as palavras de Paulo encontradas nesta carta. Ela foi incluída no cânon de Marcião, e o fragmento Meratoriano tem na como a primeira das cartas de Paulo. Esta carta ocupa o lugar mas seguro entre todas as cartas atribuídas a Paulo.

2. Ocasião

Com todas as interrogações e problemas que haviam teria sido melhor, naturalmente, ir ate Corinto, mas Paulo sentiu que não podia deixar Efeso no momento (16: 8,9). O melhor que ele pode fazer, naquelas circunstancias, foi escrever e enviar um emissário pessoal, Timóteo (4:14 – 21), que chegaria a Corinto depois desta carta (16:10). Com resultado, os crentes de todas as épocas tem esta notável carta. Nenhuma cartas de Paulo responde a tantas questões praticas ou apresenta tão vigorosamente as implicações étnicas colocadas sobe a vida cristã em uma sociedade pagã imoral.

3. Data

Deve – se inferir, de 2 Coríntios 8:10 e 9:2 (em conjunção com 1 Coríntios 16:1) que a 1 Coríntios canônica foi escrita cerca de um ano antes de 2 Coríntios. Sabe – se, de Atos 19:10, que Paulo esteve em Efeso dois anos, pregando na “Escola de Tirano”; mas, o “ficou em Efeso por algum tempo. No discurso de despedida aos anciãos efésios (Atos 20:18 – 35), Paulo afirma que trabalhou entre eles “pelo espaço de três anos” (Atos 20:31). Se Paulo chegou a Efeso em 52 d. C. (conforme anteriormente sugerido), os três anos ali duraram ate 55 d.C. de Atos 20:16, fica – se sabendo que Paulo estava em Corinto antes ter escrito. 2 Coríntios no outono de 55d.C., para dar tempo de passar os três meses em Corinto (Atos 20:3), antes de partir para Jerusalém. A escrita de 1 Coríntios teria sido feita, então, durante o fim do inverno de 54 – 55 d.C. ou inicio da promeira de 55 d.C. (antes do Pentecostes de 1 Coríntios 16:8).

4. Propósito

Ao escrever 1 Coríntio, Paulo tinha dois objetivos básicos: (1) repreender os cristãos Coríntios pelos pecados flagrantes que a igreja estava permitindo (1 – 6); e (2) responder às perguntas a respeito da vida e da doutrina cristãs. A casa de Cloe (1:11) e Estefanas, Fortunato e Acaio (16:17) informaram – no a respeito dos pecados. Em sua visita à cidade, saindo de Efeso, teve informações de primeira Mao a respeito da divisão e das disputas na igreja. Nenhuma carta do Novo Testamento fida com tanta energia co os problemas da igreja local, e talvez nenhuma outra seja mais negligenciada hoje.
Paulo escreveu esta primeira epistola aos Coríntios para responder às duas cartas e dar mais algumas instruções. Ele instruiu sobre a decência nos cultos de adoração (11: 2 – 16), a seriedade da ceia do Senhor (1 Coríntios 11:17 – 34) e o lugar que ocupam os dons espirituais. Embora em Coríntios tivessem muitos dons, por causa de sua imaturidade e orgulho, eles faziam mau uso de suas habilidades. Assim, Paulo lembrou aos Coríntios que os dons vêm de Deus (12:11) e devem unir e edificar a Igreja (1 Coríntio 12:24, 25; 14: 1 -4).

5. Estrutura e Conteúdo

Depois da saudação normal paulina e o dar graças pela igreja em Corinto (1:19), Paulo escreve acerca das divisões na igreja (1:10 – 4:21). Esta informação havia sido da por membros da família de Cloé (1:11).
Paulo demonstra que o “espírito de partidos” dentro da comunidade cristã é incompatível com o espírito de amor (1:12 – 16), não esta de acordo com os princípios básicos do evangelho (1:17 – 3:4), tampouco esta baseado no propósito de Deus de prover ministros para a igreja (3: 5 – 4:21).
O material de 5:1 – 6:20 aparentemente fora mencionado na “carta anterior”, mas havia sido compreendido erroneamente. Isto é em especial verdadeiro quanto à imoralidade gritante (5: 1 – 8). Tal pecado flagrante deveria ter sido tratado e condenado através de ação disciplinar adequada, para prevenir tal propagação de pecado por toda a igreja e a destruição do poder da realidade simplesmente não pode ser tolerada dentro do corpo da igreja (5: 9 – 13), e o litígio entre cristãos perante tribunais pagãos é inconcebível (6:1 – 11). O pecado do orgulho e insistência sobre o direito de alguém é tão imoral para o cristão quanto o é a fornicação (6:12 – 20). O cristão individualmente e os cristãos coletivamente formam um templo para o uso exclusivo do Espírito Santo (6:19, 29).
O capitulo 7 foi escrito em resposta a uma pergunta da igreja (7:1).
Claudio havia estabelecido uma lei uma lei que exigia que as pessoas se casassem todos os solteiros teriam que pagar um imposto. O governo romano estava tentando dominar as condições imorais do Império, e pensou que uma maneira de fazer isto era estabelizar a situação da família. Também os judeus achavam uma desgraça uma mocinha de quinze anos ou um jovem acima de vinte não serem casados. A pergunta da igreja em Coríntio foi: “É certo um cristãos, especialmente um homem) não se casar?” ao responder, Paulo escrever que é certo permanecer solteiro (7:1). Deve – se observar que Paulo não usa o comparativo aqui. Também em 7:6, vê – se que esta é a opinião de Paulo e não uma ordem expressa do Senhor. Devido à prevalência da fornicação por toda parte em Corinto, seria melhor, diz Paulo, pelo testemunho da igreja, que os homens se casassem. Casar ou não casar, contanto, deve ser determinado, procurando – se a vontade de Deus em cada caso (7:7). Em se tratando de casamentos mistos, aqueles em que um dos conjugues se torna um crente depois de ter casado, o peso de dissolver – se o casamento cai sobre o conjugue não – crente (7:8 – 24). É logicamente admitido no Novo Testamento que um cristão jamais deve entrar numa relação tal com um não – crente que possa levar à casa – se com um não cristão. Cada coisa relacionada à luz da vontade de Deus para cada situação (7:25 – 40).
Outra pergunta dirigida a Paulo tinha a ver com comer carne (8:1). Para se entender a resposta de Paulo, é necessário conhecer – se o costume que havia em Corinto acerca de render-se carne normalmente, qualquer pessoa que tinha um animal para vender, primeiramente o levaria a um dos templos pagãos e o levaria a um dos templos pagãos e o levaria a um dos tempos pagãos e o oferecia como um sacrifício ao ídolo pagão. Os trabalhadores ficariam com uma parte e o proprietário, então, pegaria as partes restantes e as venderia no mercado. Freqüentemente os trabalhadores do templo também vendiam o que haviam recebido. O principio geral a seguir é que uns cristãos não deve tomar parte em nenhuma atividade em havia de um deus pagão. Na sua própria casa, a pessoa pode comer, dando graças, qualquer carne comprada nos mercados (10:25,26). Se for feita uma pergunta acerca da origem da carne, é melhor não comer (10:28 – 31). A liberdade que a pessoa tem em Cristo deve ser limitada pelo principio do amor e preocupação pelo desenvolvimento espiritual de seu irmão.
Paulo teve sua atenção chamada para desordens na adoração comum da igreja, e ele escreve sobre o papel das mulheres na adoração publica (11:2 – 16). Esta passagem deve ser lida e entendida a luz da situação histórica de Corinto. Paulo diz que, a fim de evitar qualquer confusão da adoração de Afrodite com a de Jesus Cristo, uma mulher cristã não deveria nem cortar seu cabelo curto nem falar numa assembléia cristã. O principio é que não deveria haver nenhuma confusão da adoração de Deus com a de qualquer deidade pagã, na mente de nenhuma pessoa que visitasse uma adoração cristã publica.
Outra desordem tinha a ver com a maneira pela qual os coríntios celebravam a ceia do Senhor (11:17 – 34). Era costume da igreja primitiva ter um jantar que seria seguido pela ceia do Senhor. Depois da refeição, os membros mais pobres então seriam convidados a participar com os membros ricos da ceia do Senhor. Participar com tais discussões é pecado, porque o corpo de Cristo (Igreja) não é discernido (11:27 – 30). Se não puder ser fornecida comida para todos os presentes, então a “festa de amor” deve ser dispensada e somente a ceia do Senhor celebrada, em demonstração da unidade e unicidade do corpo de Cristo (11:34).
Paulo escreve que os dons de Deus para a igreja, através de membros individuais, são para igreja inteira, e não para a gloria pessoal de algum único membro (12:4 – 30). A adoração publica descera ser feita com decência, com tão pouca confusão quanto possível e com entendimento, a fim de que todos possam glorificar a Deus através do Senhor Jesus Cristo (14: 26 – 40).
A importância e natureza da ressurreição é tratada no capitulo 15. Paulo da ênfase a importância da ressurreição como sendo central na mensagem cristã (15:1 – 12). Fora da ressurreição real de Jesus, não pode haver um lar para o cristão (15:13 – 19). A certeza da mensagem cristã é que exatamente como Jesus ressuscitou do tumulo (15:20 – 28), da mesma forma o corpo do crente será transformado, para ser igual ao do Senhor ressurreto (15:51 – 54). Esta salvação não depende do conhecimento de uma pessoa, mas se apóia na relação da pessoa para com o Senhor Jesus Cristo através de quem se tem a vitoria sobre o pecado, a morte e a sepultura (15:54 – 58).
É oferta menção em 16: 1 – 4 acerca da oferta a ser coletada e mandada para os cristãos pobres de Jerusalém. Após escrever acerca de seus planos pessoas de viagem para visitar Corinto e Macedônia (16:5 – 9), Paulo indica Timóteo para chegar a Crinto após esta carta (16:10 – 13). Paulo então conclui a carta com saudações pessoais, uma advertência final e uma benção (16:14 – 24).

BIBLIOGRAFIAS

HOUSE,E. Arl Radmacher, Ronald B. Allen, H. Wayner. O Novo Comentário Bíblico – Novo Testamento. Editora Central. 2009. Rio de Janeiro.
HALE,Broadios David. Introdução ao estudo do Novo Testamento. Hagnos. 2001. São Paulo.
BIBLIA SAGRADA – Revista Corrigida. CPAD. 1995. Rio de Janeiro.
MORRIS,D. A. Carson, Douglas J. Moo Neon. Vida. 1997. São Paulo.
WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico. Central Gospel. 2008. São Paulo.

A EPISTOLA AOS ROMANOS

A epistola aos Romanos serve como a principal nau na esquadra de cartas paulinas do Novo Testamento.
Esta epistola também tem grande importância na historia do cristianismo. Uma quantidade inumerável de homens e mulheres de fé destacaram Romanos como uma arma usada poderosamente por Deus para trazê – los a Cristo. Agostinho, Martinho Lutero, John Wesley e outros receberam de Romanos um disparo de artilharia que rompeu suas defesas e pôs fim à sua rebelião contra Deus.
Romanos revela uma compreensão ampla lógica e madura do Antigo Testamento, formando assim um poderoso arsenal à serviço do cristianismo. No tempo em que foi escrita, o Espírito Santo tinha transformado Paulo em um hábil comunicador da fé. Uma prova disso é a carta do apostolo aos Romanos, um tratado teológico que se encaixa perfeitamente na definição de Paulo da Escritura como proveitosa para ensinar para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça (2 Timoteo 3:16).
A epistola aos Romanos representa a mais completa expressão da teologia apostólica. Os argumentos usados por Paulo desafiam a mente secular e pagã, bem como a religião super – ficial de muitos neo – pagãos. Romanos é um poderoso nivelador, pois declara que todos pecaram e destituído estão da gloria de Deus (Romanos 3:23).
Visto que todos são pecadores, é uma agradável surpresa o fato de que Deus prova o seu amor para conosco em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores (Romanos 5:8). Essa é a boa – nova que Paulo sistematicamente e tão eloqüentemente defendeu em seu tratado teológico endereçado aos Romanos.

1. Autoria

Pouca duvida há de que Paulo seja o autor da epistola aos Romanos.
Clemente de Roma estava bem familiarizado com esta carta. Ele esta incluída em todas as listas de cartas de Paulo. Somente os seguidores mais liberais da Escola de Tubcingem (seguidores de F.C. Baur) negarem a autoria paulina. Esta carta, juntamente com 1 e 2 Corintos e Gálatas, tem o lugar mais seguro na aceitação dos vinte e sete livros do Novo Testamento. O amanuense desta carta foi Tércio (Romanos 16:22), aparentemente um membro da igreja em Coríntio. Alguns acham que ele era, possivelmente, um escravo de Gaio (a quem Paulo batizou em sua primeira viagem a Coríntios – 1 Coríntios 1:14) que, como anfitrião de Paulo, para a composição desta carta. Isto, contudo, apenas pode ser uma conjectura.

2. Ocasião

Em Atos 19:21, 22 e 20:13 pode – se ver que Paulo deixou Efeso e viajou para Corinto. Ele enviou irmãos de confiança adiante dele, a fim de persuadir as igrejas da Macedônia e de Acaia para coletarem uma oferta “para os pobres dentre os santos” de Jerusalém (Romanos 15:26). Ele planejara ir a Jerusalém com a oferta, e depois, a Roma (Atos 19:21). Sentia que seu ministério no Oriente estava por terminar e pensou em ir à Espanha (Romanos 15:24). Passando através das áreas mencionadas, ele coletou as ofertas e estava se delongando em Corinto por três meses antes de partir para Jerusalém. Em Romanos, Paulo demonstrou o seu grande desejo de visitar Roma e conseguir algum fruto de seu ministério entre os gentios, naquela grande cidade, como o teve em outros países gentios (1; 13).

3. O histórico

Durante uma visita de três meses a Corinto (Atos 20:1 – 3). Paulo escreveu Romanos. Em Romanos 16:23, ele indica que estava com Gaio e Erasto, ambos relacionados com Corinto (1 Corintios 1:14, 2 Timóteo 4:20). É provável que Febe (16:1), que Serveia a Corinto (Atos 18; 18), tenha levado a carta. Originalmente, Áquila e Priscila, amigos de Paulo, eram de Roma (Atos 18:2), e constatamos que voltaram a Roma por meio da saudação a eles registrada em Romanos 16:3.
Como surgiram os grupos de crentes em Roma? Veja que Paulo não dirige a cata “a igreja de Roma”, mas “a todos os amados de Deus, que estais em Roma” (1:7).
Ao ler o capitulo 16, não podemos deixar de notar grupos distintos de crentes, o que sugere que não havia uma congregação local (16:5, 10 – 11,14 – 15). Uma tradição, sem fundamento histórico ou escrituristicos, afirma que Pedro iniciou o ministério em Roma. Embora não se possa provar, alegar – se que Pedro viveu 25 anos em Roma. No entanto, com certeza, haveria uma igreja organizada em Roma, em vez de corpos de crentes espalhados, se Pedro tivesse iniciado o trabalho lá. Paulo sempre saúda os lideres espirituais em suas outras cartas; no entanto, em Romanos 16, ele saúda muitos amigos, mas não Pedro. Com certeza, se o grande apostolo Pedro estivesse ministrando em qualquer lugar de Roma, Paulo o citaria em alguma das epistolas (Efésios, Filipenses, Colossenses, Filemon, 2 Timóteo) que escreveu em sua prisão. Em Romanos 15:20 Paulo afirma que não edificou seu trabalho sobre a fundação erguido por outro homem, e esse é o argumento mais forte contra Pedro ter iniciado o trabalho em Roma.
Paulo estava ansioso em visitar Roma e ministrar aos santos de lá (1:13; 15:22 – 24, 28,29; Atos 19:21; 23:12), mas ele não faria esses planos se outro apostolo já tivesse iniciado o trabalho lá.

4. Propósito

O propósito imediato da epistola aos Romanos era Paul apresentar – se à igreja em Roma, a fim de obter apoio entre os irmãos. Ele queria ir ate eles não como um estranho, ma como alguém com quem pudesse se identificar no ministério dele aos gentios. Ele escreveu – lhes sobre o seu grande desejo de visita – los, para se fortalecerem mutuamente na fé (1:11, 12). Por outro lado, talvez ele tivesse em mente que Roma poderia servir de base para o seu ministério no Ocidente.
Paulo esta para encerar seu trabalho na Ásia (15:19) e iria Jerusalém com a oferta de amor das igrejas da Ásia (15:25, 26). Seu coração sempre ansiou por pregar em Roma, e essa longa carta foi sua forma de prepara os cristãos para sua chegada. Enquanto estava em Corinto (Atos 20:1 – 3), ele também escreveu a carta aos Gálatas, em que respondia aos judaizantes que confundiam as igrejas da Galacia. Talvez, Paulo quisesse advertir e ensinar os cristãos de Roma a fim de impedir que esses judaizantes atrapalhassem seus planos, caso chegassem a Roma antes dele. Em Romanos 3:8, ele mencionas que alguns homens fizeram acusações falsas contra ele. Assim, podemos resumir os motivos para Paulo escrever essa carta da seguinte forma:

(1) Preparar os cristãos para sua visita e explicar – lhes por que não fora antes (1:8 – 15; 15: 25 – 29).

(2) Ensinar – lhes a doutrinas básicas da fé cristã a fim de que falsos mestres não os confundissem.

(3) Ensinar – lhes o relacionamento entre Israel e a igreja para que os judaizantes não os desviassem com suas doutrinas.

(4) Ensina aos cristãos as obrigações que tinham uns com os outros e com o Estado.

(5) Responder a alguma calunia lançada contra ele (3:8).

Paulo também tinha boas razoes para duvida do resultado de sua visita a Jerusalém. Ele tinha que lutar constantemente contra os judaizantes, os judeus cristãos que queiram que todos os gentios cristãos se tornassem prosélitos do judaísmo. Tinha a esperança de que as ofertas, enviadas por igrejas constituídas principalmente de gentios cristãos, viessem trazer a reconciliação com a influente igreja judaica em Jerusalém.
Pelo argumento e estrutura da carta, vê – se claramente que Paulo sabia dos problemas potenciais (se não reais) na igreja. Estes problemas foram encontrados em muitas das igrejas. Paulo sempre teve que lutar para manter um equilíbrio apropriado entre a liberdade cristã e o antinomianismo (Romanos 3:8; 6:1; 7:1 – 12 etc.)
Todas as declarações do propósito estão ligadas, de algum modo, com a situação histórica. Paulo tem que ir a Jerusalém, antes de poder, possivelmente, chegar a Roma e ser enviado a caminho da Espanha. Assim ele escreveu esta carta para preparar os cristãos de Roma para uma visita posterior, esclarecer sua posição em suas metes e lançar o alicerce para uma discussão das áreas problemáticas, quando de sua chegada. Por esta razão, a epistola aos Romanos é ocasional, ou seja, foi escrita para uma ocasião específica, dentro de umas situação histórica.

5. Tema

O tema básico de Paulo é a justiça de Deus. Nesses capítulos, usam – se termos relacionados à justiça, de uma forma ou outra, mais de 40 vezes. Nos capítulos 1 – 3, ele apresenta a necessidade de justiça, em 3 – 8, a provisão de justiça, da parte de Deus, em Cristo, em 9 – 11, com Israel rejeitou a justiça de Deus, e em 12 – 16, como devemos pratica a justiça em nossa vida diária.

6. Estrutura

Os dezessete primeiros versículos de Romanos formam a introdução. Esta é a maneira normal pela qual Paulo inicia sua carta. Há as saudações paulinas (1:1 – 7), seguidas por uma oração de raças, expressando seu interesse nos cristãos romanos (1:8 – 15). Os dois versículos seguintes (1:16,17) apresentam o tema da carta: a justiça de Deus, conforme revelada em suas ações para com o homem pecador. A pergunta a que Paulo responde por toda a carta é como Deus pode ser justo em salvar alguns, enquanto outros são rejeitados. Como pode Deus ser igualmente justo e ainda justificar o pecador através da aceitação do evangelho (3:26)?
Paulo desenvolve seu tema da justiça de Deus através de uma apresentação sistemática das ramificações tanto da necessidade de boa – nova quanto da realidade dela, boa – nova esta que esta em Jesus Cristo (1:16,17). Paulo começa seu argumento insistindo na necessidade universal da justiça de Deus num mundo com uma humanidade pecadores (1:18 – 3:20). O restante do primeiro capitulo traça os tristes resultados do pecado e a retribuição (“ira de Deus”) na degradação da humanidade. Sem escuda, a humanidade mudou o que ela tinha de revelação divina de Deus em mentira (1:25). Os homens estão sem esperança, envidado na teia do peado, da qual eles não podem nem querem desembaraçar – se. Mesmo aqueles que tem uma revelação mais completa, os judeus, não foram capazes de por em pratica o propósito de Deus, e, conseqüentemente, afastavam – se da justiça de Deus e estão num estado pior que os pagãos (2:1 – 3; 20). O pecado é uma enfermidade universal e afeta a todos. “Todos pecaram (tanto judeus, como gentios) e destituídos estão da gloria de Deus” (3:23). A “ira de Deus” é expressa tanto contra o judeu (2:1 – 20) quanto contra o gentio (1:18 – 32).
Neste hiato da condição do homem e a santidade de Deus, Deus interveio para ajudar o pecador com uma justiça que não é “alcançada”, mas “enviada para baixo” (3:21). Deus é capaz de ser justo e ao mesmo tempo ser aquele que torna o pecador justo (3:26), por causa de uma nova posição concedida ao crente que tem fé na obra de Jesus Cristo (3:22 – 25). O pecador é declarado justo, não por causa de algo que tenha feito, mas porque ele se tornou uma nova pessoa em Jesus. Esta novidade de vida resulta do arrependimento e fé na morte e ressurreição de Jesus. Através da aceitação da obra de Jesus pelo pecador, Deus concede – lhe uma nova posição: a justificação (4:24,25).

7. Conteúdo

Romanos é a mais longa e teologicamente mais significativa das cartas de Paulo “o mais puro evangelho” (Lutero). A carta assume a forma de um tratado teológico emoldurado por uma introdução (1:1 – 17) e uma conclusão (15: 14 – 16,27) epistolares.
O evangelho como a justiça de Deus mediante a fé (1:18 – 4:25). A justiça de Deus mediante a fé que é o tema da primeira seção principal da carta. Paulo prepara o caminho para esse tema ao explicar por meio que foi necessário que Deus manifestasse sua justiça e por que os seres humanos podem experimentar essa justiça mediante fé somente. O pecado, diz Paulo, subjugou todas as pessoas, e somente um ato de Deus, experienciado como um dom gratuito mediante a fé, pode romper esse jugo (1:18 – 3:20). Só Deus pode transformar essa situação trágica, e assim ele fez ao tornar disponível mediante o sacrifício de seu Filho, um meio de as pessoas tornarem – se justas, ou inocentes, diante de Deus (3: 21 – 26). Essa justificação, Paulo insiste, pode ser obtida apenas mediante a fé (3: 27 – 31), como esta claramente ilustrado no caso de Abraão (4: 1 – 25).
O evangelho como poder de Deus para salvação (5: 1 – 8,39). Depois de mostrar como seres humanos pecadores podem ser declarados justos diante de Deus mediante a fé, Paulo, na segunda seção principal da carta, desenvolve a importância desse ato tanto para o juízo futuro quanto para a vida terena presente. Ser justificado significa experimentar a “paz com Deus” ou a reconciliação com Deus e especialmente uma firme esperança de justificação no dia do juízo (5:1 – 11). A base dessa esperança é o relacionamento entre o crente com Cristo, o qual, fazendo os efeitos do pecado de Adão, conquistou a vida eterna para todos os que lhe pertencem (5:12 – 21).
O evangelho e Israel (9: 1 – 11, 36). Um tema chave ao longo de Romanos 1 – 8 é a questão da revelação entre lei e evangelho, judeus e gentios, o antigo povo da aliança com Deus e o seu novo povo da aliança.
Esse é o assunto da terceira seção principal da carta. Será que as transferências dos privilégios da aliança de Israel para igreja significa que Deus invalidou as promessas que fez a Israel (9: 1 – 6a)? De forma nenhuma é o que Paulo responde. Primeiramente as promessas de Deus já mais tiveram a intenção de assegurar a salvação de cada israelita por nascimento (9: 6b – 29). Em segundo lugar, o próprio judeu não acolheu a justiça de Deus, porem muito deles inclusive Paulo foram salvos, e as promessas de Deus estão se cumprindo neles. (11:1 – 10).
O evangelho e a transformação da vida (12:1 – 15,13).
A ultima seção principal do tratado teológico de Paulo é dedicado ao resultado pratico da atuação da graça de Deus no evangelho. Numa declaração inicial concisa, Paulo lembra seus leitores que essa graça de Deus deve estimular a entrega sacrifical de si mesmo ao serviço a Deus (12:1,2).
Esse serviço pode assumir varias formas á medida que os múltiplos dons que Deus concedeu a seu povo são exercido (12:3 – 8). Os muitos e detalhados aspectos desse serviço a Deus devem ser permeados pelo amor (12:9 – 21). Paulo adverte que servir a Deus não significa que o cristão pode desatender ás reivindicações legitimas que o governo nos impõe (13: 1 -7). Embora livres da lei, os cristãos não podem tampouco desatender à vigência continua do mandamento que sintetiza a lei amar o próximo como a nós mesmo (13:8 – 10).
BIBLIOGRAFIAS

HOUSE,E. Arl Radmacher, Ronald B. Allen, H. Wayner. O Novo Comentário Bíblico – Novo Testamento. Editora Central. 2009. Rio de Janeiro.
HALE,Broadios David. Introdução ao estudo do Novo Testamento. Hagnos. 2001. São Paulo.
BIBLIA SAGRADA – Revista Corrigida. CPAD. 1995. Rio de Janeiro.
MORRIS,D. A. Carson, Douglas J. Moo Neon. Vida. 1997. São Paulo.
WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico. Central Gospel. 2008. São Paulo.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Antropologia Cristã

“Quem é o homem?” perguntou o salmista séculos atrás ( Salmos 8:4). Qual é a origem do homem? È obra do acaso? É fruto da evolução? Será que o surgimento do homem não tem explicação? Será o homem a obra – prima de Deus?
Estas e outras perguntas nos confronta hoje com nova premência e com menos perspectiva de uma resposta definida do que em qualquer outra época da história.
As antropologias cientificas não dão ajuda necessária, apesar da diversidade, elas não tem uma resposta às questões finais. Além disso, estão cheias de tensões não resolvidas em sua compreensão da humanidade. Devemos compreender a nós mesmo, em termos de poderes racionais e espirituais como pensa a filosofia clássica e o pensamento oriental, ou principalmente a realidade física, e pelo marxismo? Devemos ter um conceito pessimista, como no existencialismo, ou otimista, como no humanismo no marxismo e no hedonismo popular?
“Quem sou eu”? A questão de nossa identidade esta subjacente a tudo o que fazemos e tornamo – nos. A direção que damos à nossa vida importa.
Antropologia cristã afirma que existe outra dimensão, e que sua negligência e a raiz de toda nossa conclusão. Calvino diz o seguinte: “O homem jamais obtem um conhecimento claro de si mesmo a não ser que tenha primeiro contemplado a face de Deus e depois desça para analizar a si mesmo.” O homem só pode ser verdadeiramente compreendido à luz de Deus e de seu propósito para a humanidade, isto é, à luz da revelação divina.
A Bíblia nos ensina que Deus criou o mundo por um ato livre de seu poder, de sua sabedoria e do seu amor e que criando-o, era o homem que ele tinha em vista. O homem que ocupava o pensamento Dele, ele é idéia divina por excelência que preside toda a criação; é a realização essencial de Deus.
A criação do homem, como é ensinado pelos alguns antropólogos, destaca-se como um monumento sublime de intervenção milagrosa na natureza, refutando os ataques da incredulidade, e refletindo a sabedoria e glórias divinas.
Para Santo Agostinho a antropologia cristã deve ser vista não somente pela filosofia dos primeiros pais, mas pela boa exegese e hermenêutica da revelação.
Parra ele, a história da raça humana que se apresenta na Bíblia é principalmente a história do homem num estado de pecado e rebelião contra Deus e do plano redentor de Deus para levar o homem de volta pra Ele. A questão antropologica de Agostinho passa pelo problema do Livre Arbítrio.
Segundo Agostinho, os conceitos de liberdade (libertas) e livre arbítrio (De libero arbitrio) possuem significados diferentes e estão diretamente ligados ao conceito do pecado original. O livre arbítrio indica a possibilidade de escolha entre o bem e o mal. Já a liberdade é a plena submissão da vontade a Deus. O homem perdeu a liberdade com o pecado original, dado que sua vontade fragilizada não mais poderia submeter-se à vontade de Deus. Mas não perdeu o livre arbítrio, no sentido de que permaneceu sua livre agência para o mal. Assim sendo, a única possibilidade de reaver a liberdade, perdida no pecado original, estava dada na graça sobrenatural, em sua ação regeneradora sobre a vontade. A rigor, a idéia de liberdade é apresentada em três estágios em Agostinho. Em primeiro lugar, antes do pecado original há a vontade como possibilidade de livre arbítrio, que pode ou não pecar. Após a queda, a vontade perde a liberdade, sem perder o livre arbítrio, e está fragilizada e não pode fazer o bem. A liberdade para fazer o bem só existe com o auxílio da graça. Na eternidade, a liberdade é entendida como plena submissão da vontade a Deus, não havendo mais possibilidade de pecar.
A antropologia agostiniana é historicamente relevante porque implicou um estudo aprofundado sobre a natureza humana na antropologia teológica e despertou estudos filosóficos e teológicos na questão da moral ou do eu-moral, salientando seu caráter de revolução em relação à antropologia intelectualista grega. Especial atenção será dada à relação feita à filosofia e a revelação, especialmente nos escritos paulinos. Conclui-se que a antropologia de Agostinho de Hipôna é sobrenatural antes que física, colocando a soberania absoluta na graça.
Para Tomas de Aquino, a concepção do ser humano,partindo de um conceito aristotélico, Aquino desenvolveu uma concepção hilemórfica do ser humano, definindo o ser humano como uma unidade formada por dois elementos distintos: a matéria primeira (potencialidade) e a forma substancial (o princípio realizador). Esses dois princípios se unem na realidade do corpo e da alma no ser humano. Ninguém pode existir na ausência desses dois elementos.
A concepção hilemórfica é coerente com a crença segundo a qual Jesus Cristo, como salvador de toda a humanidade, é ao mesmo tempo plenamente humano e plenamente divino. Seu poder salvador está diretamente relacionado com a unidade, no homem ou na mulher, do corpo e da alma. Para Aquino, o conceito hilemórfico do homem implica a hominização posterior, que ele professava firmemente. Uma vez que corpo e alma se unem para formar um ser humano, não pode existir alma humana em corpo que ainda não é plenamente humano.
O feto em desenvolvimento não tem a forma substancial da pessoa humana. São Tomás aceitou a ideia aristotélica de que primeiro o feto é dotado de uma alma vegetativa, depois, de uma alma animal, em seguida, quando o corpo já se desenvolveu, de uma alma racional. Cada uma dessas “almas” é integrada à alma que a sucede até que ocorra, enfim, a união definitiva alma-corpo.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Gnosticismo

O gnosticismo (do grego (gnostikismós); de (gnosis): 'conhecimento') é um conjunto de correntes filosófico-religiosas sincréticas que chegaram a mimetizar-se com o cristianismo nos primeiros séculos de nossa era, vindo a ser declarado como um pensamento herético após uma etapa em que conheceu prestígio entre os intelectuais cristãos. De fato, pode falar-se em um gnosticismo pagão e em um gnosticismo cristão, ainda que o pensamento gnóstico mais significativo tenha sido alcançado como uma vertente heterodoxa do cristianismo primitivo.Alguns autores fazem uma distinção entre "Gnosis" e "gnosticismo". A gnose é, sem dúvida, uma experiência baseada não em conceitos e preceitos, mas na sensibilidade do coração. Gnosticismo, por outro lado, é a visão de mundo baseada na experiência de Gnose, que tem por origem etimológica o termo grego gnosis, que significa "conhecimento". Mas não um conhecimento racional, científico, filosófico, teórico e empírico (a "episteme" dos gregos), mas de caráter intuitivo e transcendental; Sabedoria. É usada para designar um conhecimento profundo e superior do mundo e do homem, que dá sentido à vida humana, que a torna plena de significado porque permite o encontro do homem com sua essência eterna, centelha divina, maravilhosa e crística, pela via do coração. É uma realidade vivente sempre ativa, que apenas é compreendida quando experimentada e vivenciada. Assim sendo jamais pode ser assimilada de forma abstrata, intelectual e discursiva.O movimento originou-se provavelmente na Ásia Menor, difundindo-se da região do Irã à Gália, exercendo a sua maior influência sobre o cristianismo entre os anos de 135 e 200. Tem como base elementos das filosofias pagãs que floresciam na Babilônia, Antigo Egito, Síria e Grécia Antiga, combinando elementos da Astrologia e mistérios das religiões gregas como os do Elêusis, do Zoroastrismo, do Hermetismo, do Sufismo, do Judaísmo e do Cristianismo.Num texto hermético lê-se que a gnosis da Mente é a "visão das coisas divinas". Este é o grande objetivo, conhecer "Deus", a Reali¬dade em nós. Não é a crença, a fé ou o simples conhecimento o que importa. O fundamental é a comunhão interior, o religar da Mente individual com a Mente universal, a capacidade do homem "transcender os limites da dualidade que faz dele homem e tornar-se uma consciência divina".A posse da Gnosis significa a habilidade para receber e compreender a revelação. O verdadeiro Gnóstico é aquele que conhece a revelação interior ou oculta desvelada e que também compreende a revelação exterior ou pública velada. Ele não é alguém que descobriu a verdade a seu respeito por meio de sua própria desamparada reflexão, mas alguém para quem as manifestações do mundo interior são mostradas e tornaram-se inteligíveis. O início da Perfeição é a Gnosis do Homem, porém a Gnosis de Deus é a Perfeição aperfeiçoada. "Aperfeiçoamento" é um termo técnico para o desenvolvimento na Gnosis, sendo o Gnóstico realizado conhecido como o "perfeito", "parfait".A entrada na senda da Gnosis é chamada 'voltar para casa'. Como vimos, é um retorno, um virar as costas ao mundo, um arrependimento de toda natureza: "Devemos nos voltar para o velho, velho caminho"."Somente o batismo não liberta mas sim, a gnosis, o conhecimento interior de quem somos, o que nos tornamos, onde estamos, para onde vamos. O que é nascimento, o que é renascimento". "Gnosis sobre quem éramos e no que nos tornamos; onde estávamos e onde viemos parar; para onde nos dirigimos e onde somos redimidos; o que é a geração, e o que é a regeneração". (Extratos de Theodotus)
Ingressar na Gnosis é um despertar do sono e da ignorância de Deus, da embriaguez do mundo para a temperança virtuosa. "Pois o mal [ilusão] do não conhecimento está inundando toda a terra e trazendo total ruína à alma aprisionada dentro do corpo, impedindo-a de navegar para os portos da salvação." pré-requisito essencial da filosofia gnóstica é o postulado da existência de uma "entidade imortal", que não é parte deste mundo, que pode ser chamado de Deus interno, Centelha divina, Crístico, divina essência etc, que existe em todos os homens e é a sua única parte imortal. Os gnósticos consideram que o estado do homem neste mundo é "anti-natural", pois ele está submetido a todo tipo de sofrimentos. Para eles, é necessário que o homem se liberte deste sofrimento, e isto só pode ocorrer pelo conhecimento.Os gnósticos, de um modo geral, acreditam que o Universo manifestado principia com emanações do Absoluto, seres finitos chamados de Æons que se reúnem no Pleroma. No princípio tudo era Uno com o Absoluto, então em um determinado momento, emanaram do Absoluto estes æons (éons), formando o pleroma. O pleroma dos gnósticos é um plano arquetípico, abaixo do qual está o plano material, manifestado. Assim, o que antes era Uno e vivia no pleroma, se despedaça em partes. Este estado de infelicidade, pela descida no pleroma (e separação do Todo Uno), é o que ocasiona o sofrimento do homem neste mundo.Um dos éons (Sophia) deu à luz o Demiurgo (artesão em grego), que criou o mundo material "mau", juntamente com todos os elementos orgânicos e inorgânicos que o constituem. Os gnósticos ensinavam que a salvação vem por meio de um desses éons, geralmente apresentado como o décimo terceiro éon (identificado com o Cristo), distinto dos doze éons que regem o mundo decaído.Segundo a doutrina, Cristo se esgueirou através dos poderes das trevas para transmitir o conhecimento secreto (gnosis) e libertar os espíritos da luz, cativos no mundo material terreno, para conduzi-los ao mundo espiritual mais elevado. Segundo algumas linhas gnósticas, Cristo não veio em carne e nunca assumiu um corpo físico, nem foi sujeito à fraqueza e às emoções humanas, embora parecesse ser um homem, enquanto a principal linha de gnosticismo cristão, a Valentiniana defende a tese próxima do nestorianismo doutrina cristã, nascida no Século V, segundo a qual há em Jesus Cristo duas pessoas distintas, uma humana e outra divina, sendo Cristos (o ungido) o éon celestial que a um tempo se une a Jesus. Alguns historiadores afirmam que o apóstolo João se refere a esse assunto quando enfatiza que "o Verbo se fez carne" (Jo l .14) e em sua primeira epístola que "todo o espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus..." (l Jo 4.3). Os escritos joaninos são do final do primeiro século, quando nasceu o gnosticismo. No entanto, muitas comunidades gnósticas tinham o Evangelho de João em alta conta.Normalmente, os sistemas gnósticos são vagamente descritos como sendo "dualistas" em natureza, o que significa que tem a visão do mundo constituído ou explicável como duas entidades fundamentais. Hans Jonas escreve: "A característica central do pensamento gnóstico é o radical dualismo que rege a relação de Deus e o mundo e, correspondentemente, do homem e o mundo. " Dentro desta definição, que funcionam a gama do dualismo radical dos sistemas de maniqueísmo, do dualismo mitigado de alguns movimentos gnósticos; a evolução Valentiniana indiscutivelmente aborda uma forma de monismo, expresso em termos anteriormente utilizados de forma dualista.O dualismo radical - ou dualismo absoluto que postula duas forças divinas co-iguais.O Maniqueísmo concebe dois reinos anteriormente coexistente da luz e da escuridão que se envolveu em conflito, devido à caótica ações deste último. Posteriormente, alguns elementos da luz tornaram-se aprisionados dentro da escuridão, o propósito da criação material é para decretar o lento processo de extração destes elementos individuais, a fim de que o reino de luz prevalece sobre as trevas. Esta mitologia dualista do zoroastrismo , no qual o espírito eterno Ahura Mazda é a oposição de sua antítese, Angra Mainyu , os dois estão envolvidos em uma luta cósmica, a conclusão de que será ver Ahura Mazda triunfante.A criação no mito Mandeano, emanações progressivas do Supremo Ser de Luz, com cada emanação provocando uma corrupção progressiva que resulta no aparecimento eventual de Ptahil, o deus das trevas, que teve uma mão na criação de regras e passam a constituir o reino material. Além disso, o pensamento gnóstico geral, comumente incluíam a crença de que o mundo material corresponde a algum tipo de intoxicação provocada pelo mal os poderes das trevas para manter elementos da luz aprisionada dentro dele, ou, literalmente, para mantê-los no escuro ", ou ignorantes, em um estado de distração bêbado.Dualismo mitigado - quando um dos dois princípios é, de alguma forma inferiores aos outros. Tais movimentos gnósticos clássicos como o Sethiniano concebeu o mundo material como sendo criado por uma divindade menor do que o verdadeiro Deus, que era o objeto de sua devoção. O mundo espiritual é concebido como sendo radicalmente diferente do mundo material, co-extensivo com o Deus verdadeiro, é a verdadeira casa de alguns membros iluminados da humanidade, portanto, estes sistemas foram expressivos de um sentimento agudo de alienação do mundo, e seu objetivo era permitir um resultado da alma, para escapar das limitações apresentadas pelo reino físico.Monismo Qualificado - Elementos das versões do mito gnóstico Valentiniano sugerem para alguns que a sua compreensão do universo podem ter sido monista. Elaine Pagels afirma que " gnosticismo Valentiniano difere essencialmente do dualismo, enquanto, de acordo com SCHOEDEL "um elemento básico na interpretação dos Valentinianos é o reconhecimento de que elas são fundamentalmente monistas. Nesses mitos, a malevolência do demiurgo é mitigada; sua criação de uma materialidade falha não é devido a qualquer falha moral da sua parte, mas devido a sua imperfeição em contraste com as entidades superiores de que ele desconhece.Como tal, os Valentinianos já tem menos motivos para tratar com desprezo a realidade física do que um gnóstico SethinianoPara que o homem possa se libertar dos sofrimentos deste mundo, segundo os gnósticos, ele deve retornar ao Todo Uno, por ascensão ao pleroma, e isto só pode ser alcançado pelo Conhecimento Verdadeiro (representado pela Gnose). Este despertar só pode ocorrer se o homem se descobre, "conhecendo-se a si próprio".Para o Gnosticismo existem três níveis de realização. No nível mais elevado estão aqueles que eram chamados eleitos, ainda que sem um sentido elitista de exclusão. Entre os gnósticos, eles eram conhecidos como pneumáticos, que significa espirituais.O grupo seguinte, os intermediários, são os psíquicos ou religiosos. E, finalmente, os homens comuns, os muitos, na linguagem de Jesus, eram chamados pelos gnósticos, de ílicos ou materiais, pois aqueles que só estão voltados para os prazeres da vida material imediata, sem nenhum interesse pelo objetivo último da vida. Os textos gnósticos também tratam estes níveis como descendentes de Seth, Abel e Caim.Assim, o ensinamento do Mestre Jesus, o Cristo - Aeon da Salvação, foi estruturado para atender as necessidades desses três grupos de pessoas.Para os homens intermediários, que os gnósticos chamavam de religiosos, eram ensinamentos mais abrangentes sobre a vida e a prática espiritual, sendo esses ensinamentos encontrados nas escrituras cristãs. E é interessante lembrar que esse grupo intermediário, eram aqueles que nesta vida, em função de suas decisões, determinações e postura de vida poderiam cair no grupo dos muitos, os materialistas, ou então, elevarem-se e entrar no grupo dos eleitos, daqueles que poderiam vir a ser salvos ou libertos.E, finalmente, para o grupo dos assim chamados espirituais, os poucos, a tradição oferece ensinamentos sobre o caminho acelerado. O caminho acelerado, com suas naturais exigências de purificação e dedicação, só está aberto a poucos."As Escrituras Sagradas têm um sentido que é aparente à primeira vista, e um outro que a maioria dos homens não percebe.Porque são escritas em forma de certos Mistérios, e à imagem de coisas divinas. A respeito do que há uma opinião em toda a Igreja, que toda a Lei em verdade é espiritual, porém que o sentido espiritual da Lei não é conhecido a todos, mas apenas aqueles que receberam a graça do Espírito Santo na palavra de sabedoria e conhecimento". Assim, os primeiros cristãos sabiam que dois tipos de pessoas se achegariam ao cristianismo, um tipo sem o toque pneumático, e, portanto, incapaz de aproximar-se da salvação pelo conhecimento e pela sabedoria dos Mistérios, mas possuindo apenas capacidade de assimilar pela fé o lado superficial da Lei; o outro tipo, tocado pelo dom pneumático, pela centelha-espírito, que possuiria plena capacidade de assimilar os conhecimentos e a sabedoria dos Mistérios divinos e descer ao nível profundo e espiritual da Lei, podendo gozar de completa iluminação e redenção." Orígenes " De Principiis"Nos séculos I e II o gnosticismo produziu manifestações dentro da cristandade, sobretudo no Egito, onde se destacaram líderes como Carpócrates, Basílides, Isidoro e Valentim, este último fundador de uma importante escola em Roma.Os Cristãos Gnósticos constituíram, nos primeiros anos dessa nossa era, uma comunidade fechada, iniciática, que guardou os aspectos esotéricos dos evangelhos, principalmente das parábolas do Mestre Jesus, o Cristo, apresentando um cristianismo muito mais profundo e filosófico do que daqueles cristãos que ficaram conhecidos como a ortodoxia. Dentre os grupos mais ativos nos dois primeiros séculos de nossa era destacam-se os naasenos (palavra em aramaico com o mesmo significado de ofitas, de origem grega), perates, sethianos (de orientação judaica) docéticos (que propunham que a natureza exterior do Cristo era ilusória), carpocráticos, basilidianos e valentinianos. Com o passar do tempo, os herdeiros da tradição gnóstica e maniqueísta foram mudando de nome, podemos indicar o aparecimento dos seguintes grupos: entre os séculos III e IX: Euchites, Magistri Comacini, Artífices Dionisianos, Nestorianos e Eutychianos; no século X: Paulicianos e Bogomilos; no século XI: Cátharos, Patarini, Cavaleiros de Rodes, Cavaleiros de Malta, Místicos Escolásticos; no século XII: Albigenses, Cavaleiros Templários, Hermetistas; no século XIII: a Fraternidade dos Winklers, os Beghards e Beguinen, os Irmãos do Livre Espírito, os Lollards e os Trovadores; no século XIV: os Hesychastas, os Amigos de Deus, os Rosa-cruzes e os Fraticelli; no século XV: os Fraters Lucis, a Academia Platônica, a Sociedade Alquímica, a Sociedade da Trolha e os Irmãos da Boêmia (Unitas Fratrum); no século XVI: a Ordem de Cristo (derivada dos Templários), os Filósofos do Fogo, a Militia Crucífera Evangélica e os Ministérios dos Mestres Herméticos; no século XVII: os Irmãos Asiáticos (Irmãos Iniciados de São João Evangelista da Ásia), a Academia di Secreti e os Quietistas; no século XVIII: os Martinistas; no século XIX: a Sociedade Teosófica.Os Paulicianos formavam um grupo gnóstico ativo no Império Romano. Se declaravam contra todas hierarquias que exerciam seu poder para combater a iluminação interior. Até o século XI, os paulicianos foram mortos pela igreja romana, assim como o Maniqueísmo antes deles. Mas o gnosticismo sobreviveu, sua luz e força continuaram a irradiar com os bogomilos...A herança Gnóstica dos séculos XII e XIII, foram transmitidas aos Cátaros, que também foram perseguidos e mortos pela igreja romana. Na Idade Média, o gnosticismo manifestou-se na Ordem dos Templários, foi revivificada pela Rosa-cruz ,pelas mãos de Johannes Valentinus Andreae, mantiveram ligações com a Maçonaria,com a Teosofia e com o Martinismo. Todos testemunhando o Cristianismo Interior, descrevendo o caminho de retorno a Deus, que foi aberto pelo seu filho, Mestre Jesus, o Cristo. Pouco material chegou até os dias de hoje, a maioria dos personagens e suas doutrinas só puderam ser conhecidos por meio dos críticos do gnosticismo. A maior polêmica contra os gnósticos apareceu no período patrístico, com os escritos apologéticos de Irineu(130-200), Tertuliano (160-225) e Hipólito (170-236).Por isso a descoberta da Biblioteca de Nag Hammadi,em 1945, foi de suma importância, visto que seu conteúdo é eminentemente gnóstico. O achado impulsionou as pesquisas sobre o assunto na segunda metade do século XX. Estes manuscritos totalizavam cinquenta e dois textos, em treze códices de papiro, escritos em copta. Entre as obras aí guardadas encontravam-se diversos tratados gnósticos, três obras pertencentes ao Corpus Hermeticum e uma tradução parcial da República de Platão. Parte deles conhecidos também como Evangelhos gnósticosOs Manuscritos Pistis Sophia,"Piste Sophiea Cotice" ou "Códice Askew", atribuidos a Valentim foi adquirido do médico e colecionador de manuscritos antigos Dr. Askew pelo Museu Britânico em 1795 , datam de 250–300 AD, relatam os ensinamentos Gnósticos do Mestre Jesus, o Cristo transfigurado aos apóstolos. Até a descoberta da biblioteca de Nag Hammadi em 1945, o Códice Askew era um dos três códices que continha quase todos os escritos gnósticos que tinham sobrevivido, sendo os dois outros códices o Códice Bruce e o Códice de Berlim.Mais recentemente um outro documento gnóstico foi encontrado, gerando diferentes especulações sobre o verdadeiro relacionamento de Jesus Cristo com o seu discípulo Judas, este documento é o Evangelho de Judas que estava desaparecido por mais de 1700 anos, tendo sido encontrado finalmente no Egito.

O Batismo de João

A fim de preparar o povo para o Reino Vindouro, João os conclamava ao arrependimento e a que submetessem ao batismo nas águas. O arrependimento (metanoia) é um conceito contido no Antigo Testamento e significado para Deus. Deus conclamou o povo apostáta de Israel: “Convertei – vos, e deixai os vossos ídolos, e desviai o vosso rosto de todas as vossas abominações” (Ez 14:6; 18:30, Is 55: 6,7). A idéia da conversão é expressa pela frase de voltar ou retornar ao Senhor (Is 19:22; 55:7; Ez 33:11; Os 14:1; Jl 2:13). A palavra “conversão” expressa melhor a idéia do que a palavra arrependimento.
A palavra “arrependimento” sugere basicamente tristeza pelo pecado; metanoia sugere uma mudança de pensamento; a concepção hebraica implica em dar uma volta completa em torno de todo seu corpo e voltar – se para Deus.
A literatura apocalíptica deu pouca ênfase a conversão. Israel foi considerado o povo de Deus porque, entre todas as nações, foi o único a receber a lei ( 4Ez [=2 Ed] 7:20,23) e deu – lhe a Lei para permitir que o povo fosse salvo (Apocalipse de Baruque 48:21 – 24). Quando Deus implantar seu Reino, o povo de Israel será congregado para desfrutar a salvação messiânica (Salmos de Salomão 17:50). O problema enforcado pelos escritores apocalíptico era que o povo de Deus fora obediente à Lei, mas ainda sofria de males perversos.
Nos escritos rabínicos, há uma contradição aparente no que tange ao arrependimento. Por um lado, os filhos de Abraão criam que a fidelidade de Abraão proveu um tesouro meritório que estava disponível a todos os judeus. Por outro lado, os rabinos atribuíram grande valor ao arrependimento – tanto que o arrependimento é chamado de a doutrina judaica da salvação. A razão dessa ênfase é que o arrependimento é compreendido à luz dos preceitos da Lei. O ponto de vista prevalecente da tûbah (arrependimento) é legal. A conversão poderia ser repetida quando alguém quebrasse os mandamentos e posteriormente voltasse a obedecer a Lei. A idéia de arrependimento é também enfatizada na literatura de Qumran, na qual os sectários se denominavam “os convertidos de Israel” (CD 6:5; 8:16) e enfatizavam a pureza cerimonial e a conversão interior. “Não seja permitido (aos ímpios) entrar na água para tocar na purificação dos santos, pois o homem não pode ser considerado puro, a menos que esteja convertido de sua malicia, transgride a Sua palavra” (1Qs 5:13,14).
Os sectários praticavam atos de purificação corporal, que eram repetidos diariamente, visando alcançar a pureza cerimonial. Mas essas águas de purificação tinham significado somente quando havia uma retidão moral correspondente (1QS 3:4 – 9). Entretanto, o contexto todo da conversão como interpretada pelos membros da comunidade de Qumram, significava uma separação que o grupo sectário fazia da Lei. Seu ponto de vista foi resumido por uma “compreensão legalista [isto é, numismal] da conversão”, quando o individuo “volta – se do pecado e separa – se radicalmente dos pecadores, para observar a Lei em sua forma mais pura”. O batismo de João rejeitou todas as idéias de uma justiça legalista ou nacionalista e exigiu um retorno moral e religioso a Deus. Ele se recusou a assumir como fato consumado a existência de um povo justo. Somente aqueles que se arrependessem que manifestassem esse arrependimento por meio de uma mudança de conduta, escapariam do julgamento iminente. Seria inútil considerar a descendência de Abraão como um fundamento que pudesse garantir a participação na salvação messiânica. As arvores infrutíferas seriam cortadas e queimadas, muito embora fossem, de acordo com a crença que havia em seus dias, a plantação do Senhor.
A base da salvação messiânica certamente, ético – religiosa e não nacionalista. Utilizando uma linguagem dura, João advertia os lideres religioso de Israel (MT 3:7) para que fugissem da ira rindora como as víboras fogem do fogo. Esta expressão também é um exemplo de linguagem escatológica no Antigo Testamento. O pensamento judaico contemporâneo a João aguardava uma visitação da ira de Deus, mas esta recairia sobre os gentios. João, no entanto, direcionava essa iria aos judeus da que não se arrependessem. Lucas nos fornece algumas ilustrações da mundança que João e3xigia. Aqueles que tivessem abundancia de posses, deveriam ajudar aqueles que estivessem em necessidades. Os coletores de impostos, em lugar de explorar o povo, deveriam coletar simplesmente o que era devido. Essa exigência iria “coloca – los em conflito com as estruturas econômicas e sociais de que faziam parte”. Os soldados foram advertidos a se satisfazerem com seus salários e a não se enganfarem em pilhagem e ações semelhantes.
Uma questão difícil surge quanto a relação precisa entre o batismo de João e o perdão dos pecados. Muitos estudiosos encontram nesse batismo “um significado sacramental de purificação que efetua tanto a remissão de pecados... quanto a conversão” Marcos (1;4) e Luca (3:3) falam de um batismo de arrependimento para (eis) o perdão dos pecados. Lucas 3:3 mostra que o arrependimento para (eis) o perdão dos pecados é uma frase composta e que certamente, devemos entender toda a frase em Lucas 3:3 como uma descrição do batismo, com a preposição (eis) dependente apenas do arrependimento. Não é um ato formal chamado batismo de arrependimento que resulta no perdão dos pecados, mas o batismo de arrependimento que resulta no perdão dos pecados, mas o batismo de João e a expressão do arrependimento que tem como resultado o perdão dos pecados.
Quanto à origem do batismo de João, os estudioso estão em desacordo quanto à origem do batismo de João. Alguns como Robison, Brown, Scobie pensam que João adaptou as purificações dos membros da comunidade de Qumran para seu batismo de arrependimento. Scobie coloca bastante ênfase em um passagem do Manual de Disciplina (1QS 2: 25 – 3:12), em que encontra indícios de uma ablução de iniciação (batismo). Entretanto, não fica totalmente claro que a comunidade de Qumran tivesse um batismo de iniciação diferentes das demais. O contexto dessa passagem sugere as abluções cerimônias diárias realizadas por aqueles que já pertenciam à seita. Permanece ainda a possibilidade de João ter adaptado as abluções diárias dos membros da comunidade de Qumran, transformando – as em um rito de significado escatológico que fosse realizado uma única vez, sim repetições. Há outros que encontram o contexto histórico do batismo de João no batismo judaico dos prosélitos. Quando um gentio abraçava o Judaísmo deveria submeter – se a um banho ritual (batismo), à circuncisão e oferecer sacrifício. O problema é determinar se o batismo de prosélitos já existia naquela época do Novo Testamento. Esta afirmação é algumas vezes negada, mas em outras ocasiões é confirmada por especialista na literatura judaica. Uma vez que a imersão de prosélitos é discutida no Mishnah pelas escolas de Hillel e Shammais verificamos que a pratica já era conhecida em um período bem próximo ao do inicio do Novo Testamento.
Alguns estudiosos argumentam que teria sido algo muito paradoxal se João tratasse os judeus como se fossem pagãos, mas pode ser que a questão do batismo de João resida precisamente nesse ponto. A aproximação do Reino dos Céus significava que os judeus não podiam encontrar segurança no fato de serem descendentes de Abraão, que os judeus, a não ser pelo arrependimento, não poderiam ter mais certeza do que os gentios de que entrariam no Reino Vindouro; deveriam se arrepender e manifestar seu arrependimento pela sujeição ao batismo.
Há alguns pontos de semelhança entre o batismo e João e o de prosélitos. Em ambos os ritos, no batismo de João e no de prosélitos, o candidato era imerso ou imergia – se completamente na água. Os dois batismos envolviam um elemento ético, pelo fato de que a pessoa batizada fazia um rompimento total com sua antiga conduta para dedicar – se a uma nova vida. Em ambos os casos o rito era de iniciação, pois introduzia a pessoa batizada em uma nova comunhão: uma comunhão com o povo judaico e a outra no circulo daqueles que estavam preparados para participar da salvação do Reino messiânico vindouro. Ambos os ritos, em contraste com as purificações judaicas comuns, eram realizados de uma vez por todas.
Entretanto existem vários diferenças entre os dois tipos de batismo. O batismo de João tinha um caráter escatológico, ou seja sua raison d’être foi a de preparar os indivíduos para o Reino vindouro. É esse fato que torna o batismo de João impossível de ser repetido. A diferença mais notável é que, ao passo que o batismo de prosélitos era administrado somente aos gentios, o batismo de João era aplicado aos judeus.
È possível que o contexto histórico que explique a origem do batismo de João não seja nem o batismo da comunidade Qumran, nem o de prosélitos, mas simplesmente as abluções cerimoniais previstas no Antigo Testamento. Os sacerdotes eram obrigados a se lavarem em sua preparação para ministrarem no santuário, assim como exigia – se que o povo participasse de certas purificações em várias ocasiões (Lv 11 – 15; Nm 19). Muitas declarações proféticas, bem moram por meio da purificação que era simbolizada pela água (Is 1:16 e ss; Jr 4:14) , e outras antecipam uma purificação a ser feita por Deus nos últimos dias (Ez 36:25; Zc 13:1) alem do mais, Isaias 44:3 interliga a dádiva do Espírito com a purificação futura. Qualquer que seja o fundamento histórico, João da um novo significado ao rito da imersão ao conclamar o povo ao arrependimento devido à aproximação do Reino dos céus.

Evangelho Segundo João/ Propósito

Conforme se diz, o Evangelho de Lucas é a mais bela obra literária da Bíblia. Neste caso, o quarto Evangelho é a mais sublime. Não é sobrepujado devido as duas qualidades: a devocional e a teológica. Nenhum outro livro levou tantas pessoas a Cristo e inspirou tantos a segui – lo e servi – lo. Ao mesmo tempo, anos de intenso estudo teológico critico levam a se reconhecer que há ainda profundezas não exploradas de pensamento que sempre chamarão o estudioso a continua admiração diante do profundo conteúdo deste Evangelho. Aqui a teologia foi colocada em termos tais, que ate uma criança pode compreender a visão da grandeza do amor de Deus, como mostrado em Jesus. Ao mesmo tempo, estes termos simples são usados para expressar um dos quadros mais empolgantes da realidade ultima encontrada em toda esta literatura.
É realmente afortunado o fato de que, diferentemente dos autores sinópticos, o autor do quarto Evangelho tinha incluído uma declaração do propósito de seu Evangelho. Este propósito declarado encontra – se em João 20:31 que diz: “Estes, porem, estão escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome”. Mesmo com uma declaração direta como esta foram escritos volumes acerca do propósito específico do autor. Um dos problemas que intrigam e complicam na interpretação é a variação textual com a palavra creiais.
Três das mais antigas testemunhas do manuscrito grego (p.6, sinaiticus e vaticanus) e um importante manuscrito posterior (koridethi) tem o presente do subjuntivo aoristo (“possais começar a crer). O tempo aoristo sugere que o quarto Evangelho foi evangelístico quanto ao propósito e dirigido a não – cristãos. O tempo presente sugere que o propósito foi fortalecer a fé daqueles que já criam. Seja qual for o tempo, João francamente declara quem ele escreveu para mostrar que Jesus é o Cristo (palavra grega para “Messias”), o Filho de Deus. É interessante observar que, dos escritores do Novo Testamento, só João preserva o termo hebraico ou aramaico Messias (1:42; 4:25) e indica que Cristo traduz esta palavra.
O interesse do livro dos sinais (João 2:12) nos judeus é bem evidente. Isto parecia indicar que o quarto Evangelho foi endereçado aos judeus. Do livro de Atos, vê – se que os primeiros missionários testemunharam primeiramente aos judeus e depois aos gentios, quando se iniciou um novo trabalho. Esses missionários procuravam provar, nas sinagogas, que Jesus era o Messias, o Ungido que havia muito esperado. João prova, por sinais que Jesus histórico crucificado é o prometido de Deus através dos profetas, e que os judeus da diáspora não precisavam cometer o mesmo erro de seus compatriotas palestinos, recusando – se a crer. O verbo usado para “fé” (traduzido “crer”) ocorre 99 vezes em João, sugerindo a necessidade de uma resposta ativa à mensagem de Jesus que Deus deu. Certamente , um conhecimento do Velho Testamento é necessário para se entender inteiramente o quarto Evangelho, pois esta pressuposto em toda parte. A mensagem aos judeus da diáspora poderia muito bem ser o propósito principal do livro.
Foi considerado que, por causa do uso, por João, do termo judeus (cerca de 68 vezes, o quarto Evangelho é uma polêmica contra os judeus.
Deve ser observado que quando João faz uso desta palavra, geralmente é com uma má conotação (5:15,16,18; 6:41; 7:1, etc.). contudo, observa – se que João não usa esta palavra neste sentido com referencia à nação como um todo, mas sim, quanto aos lideres da nação que rejeitaram Jesus e ocasionaram sua crucificação. João geralmente emprega este termo para denotar aqueles que não crêem e que, conseqüentemente, são inimigos tantos de Jesus quanto de seus seguidores. Pareceria que a polemica é mais contra incredulidade do que contra os judeus, pois em toda parte, no quarto Evangelho, João mostta pessoas (judeus) respondendo ao chamado à fé. João realmente deseja, todavia, que seus leitores judeu não cometam o mesmo erro dos lideres judeus, rejeitando o Messias. A vida eterna depende da decisão de crer em Jesus como o Cristo.
Sugeriu – se, pela época de Clemente de Alexandria, que João escreveu para fornecer informação que não se encontrava nos sinóticos. Esta idéia tem alguns defensores ate hoje. Já vimos que João não conheceu necessariamente, nenhum dos documentos do outros Evangelhos e que era bem independente deles. Foi mostrado que, basicamente, os sinóticos precisam muito de João pata esclarecer muito de suas pressuposições, e não o contrario. João pode permanecer sozinho na proclamação do ministério de Jesus. Achar esta idéia de complementação dos sinóticos como sendo o propósito do autor é ler o quarto Evangelho de maneira muito superficial.
De natureza mais séria é a condução de que João escreveu para combater o gnosticismo ou uma forma desta heresia. Este tipo de abordagem do propósito de João esta geralmente ligado datação do quarto Evangelho para o fim do primeiro século ou começo do segundo. Diz – se que João escreveu para combater uma forma especifica d gnosticismo, denomina docetismo (deyokéu = parecer). Que isto foi um segmento desenvolvido do gnosticismo no segundo século esta fora de contestação, e alguns críticos datam o quarto Evangelho o maistaediamente possível, para encontrar esta doutrina desenvolvida dentro de seus conteúdos. Esta heresia ensinava que, por causa da diferença essencial entre o eterno e o temporal (o espiritual e o físico), Deus (o logos eterno) não poderia ter entrado fisicamente no mundo material. Jesus, portanto, não foi uma pessoa real; ele apenas “parecia” ter uma forma física.
O propósito declarado do autor deve ser mantido diante de nós para encontrarmos o propósito do quarto Evangelho. Deve ser reconhecido que os conceitos fundamentais encontrados e, João é básico para do cristianismo.
O interesse de João é que seus leitores saibam, fora de duvida que no Jesus de Nazaré é de fato o Cristo (Messias), o Filho de Deus. É uma chamada a “vir e ver” (1:39) e à certeza (7:17). Este conhecimento produz salvação e assegura a pessoa acerca da vida cristã do evangelho aos judeus primeiramente. Se existem elementos helênicos presentes no evangelho, então esta demonstrado que o autor escreveu aos judeus da diáspora. Que ele escreveu para confrontar os conceitos religiosos dessa época esta fora de contestação. Mesmo com estes fatos em mente, o tom universal do Evangelho (3:16; 10:16; 12:32) é uma advertência contra uma identificação estrita dos receptores num sentido estreito e limitado.
O propósito deve estar relacionado tanto como Evangelismo quanto com o movimento do discípulo ate a maturidade. Isto sozinho parece contribuir adequadamente o propósito declarado de que “estes foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo tenhais vida em seu nome”.

O Evangelho Segundo Lucas/ Mensagem

É quase universalmente admitido que o terceiro Evangelho é um dos mais belos livros já escritos. A extensão incomumente ampla de vocabulário. A excelência da gramática e a alta qualidade do estilo mostram que a obra de Lucas é digna de ocupar um lugar respeitável entre os gigantes literários de todos os tempos.
O prefacio (1:1 – 6) foi chamado de “uma perfeita jóia da arte grega”. Não há somente beleza do ponto de vista literário. Também encontra – se, em Lucas, o que não pode ser encontrado nos outros Evangelhos – as notas dominantes de alegria, ação de graças, proeminência dada as mulheres, ênfase no Espírito Santo, as imortais parábolas do filho prodigo e do bom samaritano. Tudo forma uma perfeita combinação, para fazer deste o mais belo dos Evangelhos.
O terceiro Evangelho tem algo acerca de se que é em especial atrativo. Ele deixa o leitor com uma profunda impressão acerca da vida e personalidade de Jesus. Possui muitas características que o distinguem dos outros sinóticos. Entre estas, encontram – se as seguintes:
a) Jesus é o Salvador de todas as pessoas – talvez, conforme foi sugerido, o versículo – chave seja Lucas 19:10. “Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido”. É interessante observar que a palavra “Salvador” não aparece em nenhum dos Sinóticos, exceto em Lucas (1:47; 2:21). Da mesma maneira, o substantivo “Salvação” e o adjetivo “salvo” são encontrado somente em Lucas, dos Sinóticos. Esta salvação, contudo, é para todas as pessoas. Dentro do terceiro Evangelho pode se encontrar cada camada da sociedade: o rico, o pobre, o judeu e o gentio, o fariseu e o publicano, o nobre e o mendigo, o sacerdote e o samaritano. Seu evangelho apresenta um panorama universal. O cristianismo é uma religião universal.
b) Interesse nas Relações Sociais – Há muitas passagens, em Lucas, que tratam das relações entre as pessoas na vida diária. O profundo interesse que Jesus tinha por aqueles que estariam fora da esfera da responsabilidade social e religiosa é evidente em toda parte. Os samaritanos são um destes casos. Apenas Lucas apresenta a parábola do Bom Samaritano (10:25 – 37), e é mostrado que, dos dez leprosos curados por Jesus, somente um samaritano voltou para expressar gratidão (17: 11 – 19). Somente em João e Lucas, dos escritores dos Evangelhos, há uma compreensão simpática demonstrada para com os samaritanos. Em Mateus e Marcos, a única referencia aos samaritanos é derrogatória (Mateus 10:5). Os pobres também tem uma parte proeminente. Somente em Lucas há tais historias como a do Rico Insensato(12:13 – 21). Lazaro e o Rico (16:19 – 31), e o incidente da viúva e sua oferta (21:14). Mesmo vista por Lucas, esta relação social sobressai (3: 7 – 14).
c) Interesse no individuo – o valor do individuo salientado em Lucas 15, o capitulo da grande parábola. Não que não haja interesse nas multidões, mas Lucas queria ressaltar especialmente o amor infinito que Jesus tem por cada pessoa, individualmente. Não há pessoa sem o seu lugar no Reino de Deus.
d) A proeminência dada ás mulheres – Aquelas mulheres que estavam associadas com Jesus, em sua vida e ministério, receberam atenção especial. Em geral, uma mulher era considerada quase uma propriedade pelos judeus, bem como pelos gentios. Uma mulher sempre pertencia a um homem na sociedade antiga. Em Lucas pode – se encontrar uma exposição simpática da compreensão, por parte da mulher, de sua posição e personalidade, em pessoas tais Maria, Isabel, Ana, Maria e Marta a viúva de Naum, a triste mulher pecadora, e aquelas que proviam sustento para Jesus e seus seguidores.
e) A ênfase no Espírito Santo – Desde a mensagem a Maria, através das palavras de Jesus na cruz, ate a promessa do Espírito, no ultimo capitulo, Lucas contém abundante referencias ao Espírito Santo. Há umas dezessete referencial ao Espírito Santo em Lucas, em comparação com doze em Mateus e seis em Marcos. Ele reveste o precursor (1:15), atua na concepção de Jesus (1:35); reaviva o dom da profecia (1:41,67; 2:25 – 27); é o sinal do Messias há muito esperado (4:1); e capacita Jesus em sua obra (4:14, 5:17). O Espírito é o dom de Deus a seus filhos (11:13).Os discípulo devem aguardar o “serem revestido” pelo Espírito, e, sob seu poder, devem, então, sair e evangelizar o mundo (24: 44 – 49; Atos 1:8).
f) A ênfase dada á oração – Em conexão com vários eventos cruciais no ministério de Jesus, Lucas menciona as orações de Jesus em seu batismo (3:21); no final de dia movimentado (5:15,16); na escolha dos doze (6:12); no Monte da Transfiguração (9:18 – 22), oração de jubilo na volta dos setenta (10:21); antes de ensinar dos discípulos como orar (11:1 – 4); no Getsêmane (22:39 – 46); na cruz (23:34, 46). Exemplo de ensinos de Jesus sobre oração são encontrados nas historias acerca do amigo que veio à meia – noite (11:5 – 8); da viúva insistente (18:1 – 8); do fariseu e do publicano (18:9 – 14. somente em Lucas é encontrada a oração de Jesus em favor de Pedro (22:31,32).
g) A Ênfase dada ao Júbilo – O Evangelho se inicia e termina com uma nota e jubilo (1:47; 24:52,53).freqüentemente, Lucas usa palavras que expressam jubilo, louvor ou felicidade (1: 14, 44, 47; 10: 21), e expressões como saltar de alegria (6:23), riso (6:21) e regozijo (15:23, 32). Nos dois primeiros capítulos se encontram os cânticos imortais em forma poética. Em Lucas, Atos inteiro uma nota alegre é prominente. O cristianismo é uma religião de louvor e jubilo. O evangelho de Lucas falou a vários dos problemas que os cristãos enfrentaram durante o primeiro século. Assim como a mensagem de Jesus foi então pertinente, os princípios devem ser seguidora pelos crentes de hoje. O terceiro Evangelho é uma lembrança de que não se pode separar as boas – novas de uma compaixão pelos que passam prevações e desprezo. Ele também é um lembrete acerca da alegria que se encontra quando se entra numa relação salvífica com a pessoa que é a fonte e o tema das boas – novas: Jesus Cristo, o Filho de Deus.
O reino de Deus inverte os valores do mundo. E isto não é mera reorientação teórica, pois Lucas descreve com evidente aprovação a atitude fundamental de compartilhar os bens, que caracterizaram a comunidade de Jerusalém (Atos 2:44 e 55; 4:32 – 5:11). As “boas novas para os pobres” que foram trazidas por Jesus, são desse modo colocadas em pratica por intermédio da formação de uma nova comunidade, uma ordem alternativa, na qual os valores convencionais da sociedade humana são colocados de lados e as barreiras divisórias internas são destruídas.

Evangelho Segundo Marcos/ Autoria

O Evangelho de Marcos, em si, é anônimo, ou seja, dentro do livro não há nenhuma afirmação definida quanto a quem é o autor.
No inicio do segundo século, o segundo Evangelho foi atribuído ao “João chamado Marcos”, o filho da Maria para cuja casa Pedro fugiu depois de escapar da prisão (Atos 12:12); o mesmo Marcos que Paulo e Barnabé levaram com eles, na chamada primeira viagem missionária (Atos 12:25). Ele era primo de Barnabé (Col 4:10). Marcos deixou Paulo e Barnabé em Perge (Atos 13:13) para retornar a Jerusalém. No inicio da segunda viagem, Barnabé quis levar Marcos outra vez, mas Paulo recusou – se, João Marcos indo com Barnabé para Chipre (Atos 15:39).
Em alguma ocasião, mais tarde, Marcos é encontrado estando com Paulo, quando este escrevia com Paulo, quando este escrevia à igreja Colossense (Col 4:10,11) e a Epistola a Filemon (24). Em 2 Timoteo 4:11, Paulo pede a Timóteo para ir a Roma e levar João Marcos. Em 1 Pedro 5:12,13, Marcos esta presente, com Pedro, em Babilônia, juntamente com Silvano (Silas), outro ex – companheiro de Paulo.
Estaria ocorrendo uma crise na vida da comunidade cristã. Se o livro foi escrito entre as mortes de Paulo e Pedro (ou logo após a de Pedro), a igreja estava sofrendo uma perseguição “política” simplesmente por ser cristã. Acusada de incêndio culposo, sedição e ateísmo, ela era uma igreja “mártir”, severamente ameaçada e provada. Havia necessidade de uma declaração clara e completa acerca de Jesus Cristo, que havia morrido nunca cruz romana, uma vindicação de Jesus e da comunidade cristã. Havia a necessidade também de um desafio à fé heróica e a certeza do triunfo final.
Passando a primeira geração de cristãos, houve a necessidade da narração escrita da historia do Evangelho, da pregação das testemunhas mais antigas. Tiago, o irmão de Jesus e líder do cristianismo judaico, fora martirizado em 62 d.C. Com a morte de Paulo e a morte de Pedro, que se aproximava, sentiu – se ser necessário um registro escrito do ministério do Senhor, antes que todos os apóstolos morressem e a igreja fosse deixada sem um conhecimento intimo acerca da vida e do ministério de Jesus.
Os pais primitivos são enfáticos em dizei que João Marcos coletou seu material de Pedro. A afirmação de Papias (cerca de 140 d. C.) é bem conhecida, tendo sido preservada por Eusébio.
A medida que o apostolo foi a fonte básica do evangelho, a afirmação de Papias permanece de pé. Afirma – se que as descrições vividas e detalhadas do Segundo evangelho indiquem uma testemunha ocular. Somente Marcos, por exemplo, menciona que a grama sobre a qual sentaram os cincos mil era verde (6:39). Mas, mesmo que sejam valido (e alguns estudiosos insistem em que havia uma tendência de acrescentar tais detalhes à tradição), esse aspectos não faria mais do que mostrar que houve alguma testemunha ocular por trás do Evangelho de Marcos.
Outro aspecto do evangelho pode nos trazer mais perto a forma especialmente critica como os doze são apresentados. Embora seja encontrada em todos os quatro evangelhos, a descrição dos discípulos como covardes, espiritualmente cegos e duros de coração é particularmente vívida em Marcos. Sustenta – se que isso indica um ponto de vista apostólico pode ter sido o de Pedro. Em primeiro lugar Pedro aparece em destaque em Marcos, e a maneira mais natural de explicar algumas das referencias é creditá – las ao próprio Pedro 1c. g., as referencias a Pedro “lembra – se” (11.22, 14, 72).
Em segundo lugar, C. H. Dodd assinalou que o evangelho de Marcos segue um esquema bem parecido com aquele encontrado na querigma básico apresentado por Pedro, a recordação dos acontecimentos principais da vida encontrada em Atos 10:36 – 41.
E por fim, podemos acrescentar que a referencia de Pedro a Marcos como “meu Filho” em sua primeira carta harmoniza – se muito bem com o relacionamento entre Pedro e Marcos como “meu filho” em sua primeira carta harmoniza – se muito bem com o relacionamento entre Pedro e Marcos mencionado por Papias; ela nos desestimula a pensar que Papias simplesmente inocentou esse relacionamento.

O Evangelho segundo Mateus/ Destinatário

O Evangelho de Mateus esta em primeiro lugar em todas as listas conhecidas dos livros do Novo Testamento. Tem a distinção de ser citado mais freqüentemente na literatura cristã antes de 180 d. C. Seu lugar e influencia na igreja primitiva são, provavelmente, devidos à sua natureza didática e apologética. O estilo claro e explanativo do autor é facilmente adaptado para leitura publica e, por esta razão, provavelmente, logo teve aceitação nas igrejas primitivas. O evangelho de Mateus é claramente o mais “judaico” dos quatros e é mais bem entendido como tendo sido escritos para cristãos da fala grega, cuja maioria era de origem judaica. O autor supõe que o leitor esteja familiarizado com o Velho Testamento e as varias seitas da Palestina naquela época. Esta suposição da parte do autor, leva o leitor a concluir que o livro foi escrito primariamente para cristãos judeus de fala grega.
Mateus em muitos aspectos, é uma ponte entre o Velho Testamento e o Novo Testamento. Há mais de cem citações do Velho Testamento. Este livro parece efetuar uma transição, da expectação judaica de um Messias político, para um cumprimento de todas as profecias messiânicas em Jesus de Nazaré. O propósito do autor é demonstrar sem deixar duvidas, que Jesus é o grande Messias, o Filho de Deus, o verdadeiro rei prometido de deus e esperado por muitos anos pela nação judaica.
Os evangelhos foram escritos nos dias de crescente separação entre a sinagoga e a igreja. A igreja tornava – se cada vez mais gentia. O cristianismo, que havia adorado lado a lado com judeus não cristãos, no Templo e nas sinagogas, desde o principio, estava sendo forçado a tornar uma posição que iria significar separação completa do judaísmo. Um dos problemas que a igreja primitiva enfrentou, quando partiu para o mundo a “salvação pela graça” como um pretexto para pecarem promiscuamente. Por outro havia aqueles legalistas com um conjunto estrito de regras para vida diária; uma de “sim” e de “não”. Mateus escreveu para combater os dois erros extremos do legalismo e do antinomismo.
Mateus escreveu nos dias tumultuosos próximo à guerra judaico – romana, uma guerra ocasionada por nacionalistas fanáticos que tentaram introduzir o Reino Messiânico por precipitação. Ele tentou explicar, a uma comunidade judaico – cristã, a transição da esperança judaica num Messias político, para um cumprimento de profecia no servo Sofredor, Jesus de Nazaré. Mateus se inquietou com o fato de que os judeus como um todo não reconheceram que aquele a quem rejeitaram era de fato o cumprimento das promessas de Deus, o clímax da atividade redentora de Deus, expressa nas Escrituras. Mateus apresenta Jesus como Messias o Filho de Deus e o Salvador.

Os Pais Pós – Nicenos do Oriente

Os Pais da parte oriental da igreja pertenceram aquilo que deve ser chamado de escolas alexandrina e antiocana de interpretação. Homens como Crisóstomo ou Teodoro da Mopsuétia seguiram a escola antiocana ou Síria de interpretação, enfatizando o estudo histórico – gramatical da Bíblia na intenção de descobrir o significado que e escritor sagrado tinha para aqueles a quem escreveu. Evitaram a tendência alegorizante praticada pelos seguidores da escola alexandrina, ainda grandemente influenciados por Origines.
São três os Pais pós – Nicenos do oriente, mas nesta oportunidade quero destacar um que se chama Eusébio (d. C. 265 – 339) – Historiador da Igreja.
Um dos Pais da igreja mais amplamente estudado é Eusébio de Cesareia (d. C. 265 – 339), por todos os méritos merecedor do titulo de Pai da Historia da Igreja, assim como Heródoto mereceu o titulo de Pai da Historia. Depois de uma boa instrução por parte de Panfilo em Cesaréia, ele ajudou o amigo a organizar sua biblioteca nesta cidade Eusébio era estudante atencioso e lia tudo o que pudesse ajudar em suas pesquisas. Ele se serviu tanto da literatura profana quanto da sacra. Muito da literatura de então, que de vou por causa dos excetos que citou em suas obras.
A personalidade de Eusébio assentava – se bem para seus alvos de erudição. Tinha um espírito refinado e cordão e detestava as querelas suscitadas pela heresia ariana.
Tomou um lugar de honra a direita de Constantino no Concílio de Nicéia e, como ele preferiu uma solução de compromisso entre os partidos de Atanásio e Ário. Foi o credo de Cesaréia, escrito por Eusébio de Cesareia, que o concilio de Nicéia modificou e aceitou.
Sua maior obra é a Historia Eclesiástica, um panorama da historia da igreja dos tempos apostólicos ate 324. seu propósito era fazer um relato das dificuldades passadas da igreja ao fim deste longo período de luta e começo de uma era de prosperidade. A obra é ainda hoje útil porque Eusébio teve acesso à excelente biblioteca de Cesaréia e aos arquivos imperiais. Ele fez um grande esforço para ser honesto e objetivo no uso que fez das fontes primarias melhores e mais segura a sua disposição.
Na critica que fez a muitos documentos, Eusébio de certo modo antecipou o estudo cientifico acurado próprio do historiador moderno na avaliação de suas fontes de informação. Não surpreende que Eusébio seja nossa melhor fonte sobre a historia da igreja nos três primeiros séculos de sua existência, embora os eruditos lastimem que não tenha feito notas de rodapé mais preciosas sobre suas fontes de informação, a exemplo do que faz o historiador contemporâneo. Algumas vezes, também sua obra torna – se apenas uma coleção de fatos e extratos sem nenhuma relação de causa e efeito. Apesar destes defeitos, de suas monótonas divagações e de seu estilo inconstante, a obra tem sido de inestimável valor para a igreja através dos séculos.
Eusébio escreveu a Crônica, uma historia universal desde o tempo de Abraão até 323 que deu a historia medieval o quadro cronológico usado por muitos. Sua vida de Constantino, escrita como apêndice à sua Historia, apesar de algo laudatória, é uma excelente fonte de informação sobre os efeitos de Constantino.
A obra histórica de Eusébio foi continuada por dois sucessores que nem sempre estiverem à altura do elevado padrão de confiabilidade iniciado por ele. Deve – se dizer, entretanto, que estes leigos, Sócrates (d. C. 380 – 450) e Sozômenio (século V), ambos educados para a pratica do direito, mostraram – se tolerantes mesmo para com aqueles que eram seus adversários. A obra de Sócrates continua a historia de Constantino ate 439, numa tentativa de completar a tarefa começada por Eusébio, estes homens são as principais autoridades eclesiásticas para a historia da igreja antiga.

Deuteronômio, preparando – se para Canaã

(Nova Geração, benção e maldições)

Com toda nação de Israel posicionada á entrada de Canaã, Moisés aproveitou a ultima oportunidade de prepara o povo para sua nova vida na Terra Prometida. Visto que o profeta não entraria na terra com os israelitas, ele queria garantir que toda a nação não esquecesse a aliança com Deus. Em Deuteronômio, Moisés se dirigiu às pessoas que haviam sobrevivido à praga que o Senhor lançara como punição aos pecados do povo (Dt 4:3). A luz dessa experiência, o profeta pediu a esta nova geração que fosse fiel as leis divina.
O titulo em português do quinto livro do Pentateuco é derivado da Septuginta, a antiga tradução grega do Antigo Testamento, que interpreta as palavras uma copia da lei (NVI), em Deuteronômio 17:18, como a segunda Lei. O nome Deuteronômio quer dizer a segunda Lei. O termo é de certa forma errônea, porque Deuteronômio não contem uma segunda Lei. Entretanto, o livro explica a lei de Deus que foi revelada no monte Sinai a uma segunda geração de israelitas.
Nova Geração – a antiga geração (com exceção de Calebe e Josué) morrera no deserto, e a nova geração precisava ouvir a Lei de novo. Todos têm memória curta, e essas pessoas tinham 20 anos, ou menos, quando a nação, décadas antes, enfrentara o fracasso em Cades – Barneia.
Era importante que Cades – Barneia cessem a Palavra de Deus mais uma vez e percebessem como era imprescindível obedecer a Deus.
Benção e maldição – Moisés explica por menorizadamente as bênçãos e as maldiçoes que acompanham o pacto do Sinai e convida – lo, todavia, a ratificação final do pacto com o Senhor seria feita em Canaã depois de atravessar o rio Jordão.
A promulgação da lei em Ebal: capitulo 27. ao entrar na Terra prometida, Israel tinha de passar pelo vale entre os montes Ebras e Gerizim. Este vale forma um anfiteatro natural, ideal para proclamar a lei ante uma multidão. Aí deviriam apresentar sacrifícios de holocausto e ofertas de paz. O holocausto significava consagração, e a oferta de paz comunhão com Deus. Desta maneira, ao entrar na terra, os israelitas se consagrariam de novo ao Senhor e gozariam da comunhão com seu grande dirigente espiritual.
Sanções da lei, bênçãos e maldiçoes: capitulo 28. Moisés enumera extensamente e com vários detalhes minuciosos as bênçãos e as maldiçoes, de modo que à entrada dos israelitas as bênçãos e as maldiçoes, de modo que entrada dos israelitas na terá prometida à escolha de seu destino estava diante deles. A obediência traria a benção e a desobediência acarretaria maldição. Se os israelitas houvessem prestado atenção às advertências de Moisés, teriam sido sábios de grandes padecimento através de sua historia.
A obediência traria as seguintes benções de sua historia:
1) Propriedade extraordinária e geral: v. 2 – 6
2) Livramento dos inimigos: v. 7
3) Abundancia de produção: v. 8,11,12
4) Bênçãos espirituais: v. 9, 10
5) Proeminência entre as nações: v. 1, 10, 13



Desobediência traria as seguintes maldiçoes (28: 15 – 68)
1) Maldições pessoais: v. 16 – 20
2) Peste: v. 21, 22
3) Estiagem: v. 23,24
4) Derrotas nas guerras: v. 25 – 33
5) Praga: v. 27, 28, 35
6) Calamidade: v. 29
7) Cativeiro: v. 36 – 46
8) Invasão dos inimigos: v. 45 – 57
a) Devastação da terra: v. 47 – 52 (cumpriu – se nas invasões dos assírios e babilônicos)
b) Canibalismo em tempo de cerco: v. 53 – 57 (2 Reis 6:28, lamentações 2:20)
9) Pragas: v. 58 – 62
10) Dispersão entre as nações: v. 63 – 68

Êxodo, o poder de Deus em ação

(Egito, Moisés, Aliança).

Êxodo significa “saída” é a versão grega deu ao livro esse titulo porque ele narra o grande evento da historia de Israel: a saída do povo de Deus do Egito
Egito – A antiga terra dos Faraós abrange o estreito vale do rio Nilo. Ao norte iniciava – se sua extensão desde Asma, perto das primeiras cataratas, ate ao delta onde o Nilo desembarca no mar Mediterrâneo; ocupa 950 km.
A agricultura do Egito dependia da segadura do Nilo e do rendimento ao retirar – se depois de inundar o vale há um deserto desprovido de quase toda a forma de vida.
A historia do Egito remota aproximadamente ao ano 3000 a.C., quando o reino do vale do Nilo e o reino do delta foram unificados pelo brilhante rei Menés. Trinta dinastias de famílias reais reinaram durante os anos 3000 a.C. ate 300 a. C.
A geografia atingiu grandemente a política egípcia. Dividiu administrativamente em duas regiões, Norte e Sul, sua capital teve de ser mudada varias vezes funcionando como em Tebas (Nô – Anon), no alto Egito, ao Sul, ora em Mênfis (Nofe ou Ramessés) ou Avaris, no delta do Baixo Egito. O nome bíblico para o país dos faróis é “Mizraim”, que significa “dois Egito”.
O Egito era uma terra de muitos deuses visto que as divindades locais eram à base da religião, os deuses egípcios tornaram – se extremamente numerosos deuses da natureza eram comumente representados por animais e pássaros. Eventualmente, divindades cósmicas, que eram personificadas pelas forças da natureza foram elevadas acima dos deuses locais, passando a ser teoricamente reputadas divindades nacionais de universais. Essas tornaram – se tão numerosas que chegaram a ser agrupadas em famílias de tríades ou mesmo de nobre figura.
Os templos igualmente eram numerosos por todo o Egito com a provisão de um lar ou templo para cada deus, surgiu o sacerdócio, as oferendas, as festividades, os retos e as cerimônias de adoração. Em troca dessas acomodações, o povo considerava que seus deuses eram seus benfeitores.
A fertilidade do solo e dos animais, a vitória ou derrota, as nundações do vale do Nilo, e de fato, todo o fator que afeta o bem – estar desta vida era atribuído a alguma divindade. Os egípcios acreditavam numa vida após a morte.
Um registro sem macula neste mundo dava ao individuo o direito a imortalidade. Isso justifica os sepultamentos reais que são representados nas pirâmides e outros túmulos.

Moisés – figura junto a Abraão e Davi como um aos três maiores personagens do Antigo Testamento. Libertador, profeta, foi sobretudo um grande homem de Deus.
São notáveis os fatores que Deus empregou para livrar o futuro libertador mediante a pequena arca. O amor perpecaz de Joquebede, a mãe do nenê, a compaixão da princesa e a sagacidade de Miriã, irmãzinha de Moisés. Deus preparou Moisés para ser líder e libertador de seu povo. A mão divina evidencia – se passo a passo:
1. Os primeiros 40 anos de sua vida, Moisés passou no lar de seus pais e no palácio do Faraó. Nascido em Gósen mais ou menos em 1525 a. C., foi o segundo filho de Anrão e Joquebede, da tribo de Levi. No lar paterno Moisés recebeu sua formação religiosa e na corte do faraó adquiriu conhecimento intelectual e político, alem de treinamento militar.
2. Os segundos 40 anos passou exilado em Midiã, fugindo do Faraó, meditando e trabalhando como pastor. Casou – se com Zípora, filha de Jetro, o sacerdote, e nasceram – lhe dois filhos, Gerson e Eliezer (Ex 18:34).
3. Os últimos 40 anos de sua vida os viveu no Egito e no deserto, na condição de primeiro líder de Israel. Serviu ao Senhor como profeta, sacerdote e rei, muito antes de esses cargos serem estabelecidos entre os judeus. Ensinou a todos como um profeta, como um sacerdote, intercedeu por eles quando caíram na idolatria e, como líder, retirou os da servidão e os organizou como o povo da aliança de Deus.

Aliança – tendo estado em servidão, em um meio ambiente idolatra agora Israel teria de ser um povo totalmente consagrado a Deus. Por meio de um ato sem precedentes na historia, e que igualmente não foi duplicado desde então, aquele povo foi subitamente transformado do estado de servidão para o estado de nação independentemente. Ali no Sinai, com base nesse livramento, Deus estabeleceu com eles um pacto, para que fosse sua nação santa.
Israel foi instrução a preparar – se por três dias, para que se firmasse esse pacto. Por meio de Moisés Deus revelou o decálogo, outros preceitos e instruções para observância das festividades sagradas. Sob a liderança de Arão, dois de seus filhos e setenta anciãos, o povo adorou a Deus com oferendas queimadas e pacificas. Depois que Moisés leu o livro do pacto o povo respondeu aceitando as condições. A aspersão do sangue sobre o altar e sobre o povo selou o acordo. A Israel foi assegurado que seria conduzido à terra de Canaã no devido tempo. A condição do pacto era a obediência. Os membros individuais da nação poderiam perder seus direitos do pacto por meio da desobediência. Nas planícies de Moabe, Moisés liderou os israelitas numa publica renovação do pacto, antes de sua morte.
O Decálogo
As dez palavras, ou dez mandamentos, constituem a introdução do pacto.

Gênesis. A origem de tudo.

Criação, Queda e Salvação.
O livro de Gênesis é a introdução à Bíblia toda. É o livro dos princípios, pois narra os começos da criação do homem, do pecado, da redenção e da raça Eleita.
O objetivo teológico deste livro é salientar a soberania de Deus sobre toda a criação e enfatizar a responsabilidade do homem para com o Deus Soberano. A reação positiva de obediência traz a graça e o livramento de Deus, e a reação negativa de rejeição e rebeldia acarreta o julgamento divino.
Criação: “No principio” são palavras que introduzam no universo para a criação do homem. É questão de interpretação se essa data indefinida se refere á criação original de ao ato divino inicial que preparou o mundo para o homem. Em qualquer dos casos o narrador começa com Deus como o criador, nesta breve cláusula de parágrafo de introdução (1:1 – 2), para explicar a existência do homem e do universo. Seqüência e progressão assinalam a era da criação e da organização (1:3 – 2:3). Em um período determinado como de seus dias prevaleceu a ordem no universo, em relação a terra. No primeiro dia foram ordenadas a luz e as trevas, para proverem períodos diurnos e noturnos. No segundo dia o firmamento foi separado para ser expansão da atmosfera da Terra. Em seguida ocorreu a separação entre terras e águas, de modo que apareceu a vegetação no devido tempo.
No quarto dia começaram a funcionar as luminárias dos céus em seus respectivos lugares, a fim de determinarem a extensão as estações, os anos e os dias da Terra. O quinto dia trouxe a existência criaturas vivas que ocupassem as massas de águas abaixo e os espaços celestiais acima. O sexto dia foi o clímax nessa serie de eventos criativos. Os animais terrestres e o homem receberam a determinação de ocuparem a terra. Este ultimo foi distinguido daqueles, tendo – lhe sido confiada a responsabilidade de exercer domínio sobre toda a vida animal. A vegetação foi a provisão divina para servir de mantimento. No sétimo dia Deus terminou seus atos criativos, tendo – o santificado como um período de descanso.
O homem é de pronto distinguido como a mais importante dentre todas as criações de Deus (2:4b – 25). Criado a imagem de Deus, ele se torna o ponto foca de interesse, à medida que prossegue a narrativa. Deus formou o homem do pó da Terra e soprou em seu interior o hálito da vida, tornando – o um ser vivo.
Queda – O capitulo 2 de Gênesis apresenta – nos um belo quadro da vida do homem no Éden. Tudo era bom, não obstante, a cena se altera radicalmente no capitulo 4, pois agora os homens conhecem a inveja, o ódio e a violência. Como começou a maldade e todo sofrimento no mundo? A única resposta satisfatória da origem do mal encontra – se no capitulo 3 do Gênesis. Relata como o pecado entrou no mundo e como tem produzido conseqüências trágicas e universais
Defronte de uma serpente que falava, Eva começou a duvidar da proibição divina e desobedeceu deliberadamente. Adão, por sua vez, cedeu à persuasão de Eva. Imediatamente tiveram consciência de que haviam sido enganados pela serpente e de que tinham desobedecido a Deus. Face a face com o Senhor Deus, ambos os indivíduos envolvidos foram solenemente julgados. Cônscios do conhecimento do bem e do mal, Adão e Eva foram imediatamente expulso do jardim do Éden, para que não viessem também a participar da arvore da vida, o que os faria viver para sempre. O homem teve que enfrentar as conseqüências da maldição armado apenas com a promessa de alivio eventual, mediante a semente da mulher, que lhe suavizaria a sorte.

Salvação – Em Gênesis 3:14 encontramos a maldição sobre a serpente. Deus começa por amaldiçoa – lá, mas em 3:15 é evidente que se dirige ao próprio diabo. Provocaria inimizade entre a semente da serpente da mulher (a descendência piedosa de Eva). Esta inimizade tem sido e será perpetua, desde a época de Abel ate a segunda vinda de Cristo. Um dos descendentes piedosos daria um golpe mortal ao inimigo porem sairia ferido. É uma promessa messiânica que se cumpriu no calvário (Hebreus 2:14, 15). A redenção prometida em Gênesis 3:15 chegou a ser o assunto da Bíblia.
Foram Adão e Eva salvos espiritualmente? A Bíblia parece indica – lo de maneira afirmativa. Adão creu na promessa de redenção, pois deu na promessa de redenção, pois deu à sua esposa o nome de Eva. O senhor respondeu a fé do casal, provendo – os de túnicas de pele para cobrir – lhes a nudez. Pode ser que isso indique a origem divina do sacrifício, e pré – figure o manto de justiça provido mediante a morte que Jesus? Podemos concluir deste relato que a fé nas promessas de deus é, desde o principio, o único meio de sermos aceito pelo Senhor.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

A prova cosmológica de Tomas de Aquino

A prova cosmológica é um argumento, classicamente formulado por Tomás de
Aquino, que confirma que a existência do mundo só se explica se existe um ser
supremo. A atenção é dirigida para o fato da causalidade: todo acontecimento tem
uma causa, retrocedendo assim ate a primeira causa, Deus. Os críticos alegam que o argumento não encara a alternativa de que talvez não haja uma “fonte” ou origem final “o universo existe apenas e isso é tudo” (Russell).Seus defensores, porem, não acreditam que o argumento possa ser tão facilmente descartado, é mais comumente formulado em termos de provar a existência de Deus pela “contingência”. As coisas ou podem ser “contingentes”, ou seja, elas existem,mas poderiam igualmente não existir, ou “necessários”, que precisam existir. Embora a existência de realidade contingente especiais possa ser explicada em um certo nível pela referencia a causas contingentes anteriores, a formação e a existência continua de toda realidade contingente pode ser explica apenas em termos de um ser sério, Deus. O Universo é um fenômeno ou um efeito que envolve uma causada adequada. O argumento cosmológico apresenta evidencia de que Deus existe e é Primeira causa de todas as coisas. Quando teorias foram cogitadas pelos filósofos e por especialistas em metafísica com relação à origem do Universo material que a constituição da natureza é eterna e que suas formas tem existido desde sempre; que a matéria existe desde sempre, mas a seu presente constituição e forma estão sujeitas a um auto desenvolvimento que foi o que Epicuro afirmou, e é crença admitida pelo ateísmo moderno, que a matéria é eterna, mas a sua disposição e ordem presentes é a obra de Deus, que foi o ensino de Platão, Aristóteles e de muito outros; que a matéria é uma coisa criada, sendo causada, para que viesse à existência do nada através do poder gerador de Deus, que é a revelação bíblica. A ultima dessas quatro filosofias não deve ser confundida com a noção impossível de que o Universo desenvolveu-se do nada. Sua declaração é a que Deus, por seu poder infinito, fez com que a matéria viesse à existência (Gênesis 1:1;Hebreus 11:3).O argumento cosmológico depende da validade de três verdades contribuintes: que cada efeito deve ter uma causa; que o efeito é dependente de sua causa para a sua existência; e que a natureza não pode produzir a si mesma. O caráter fundamental e essencial dessas verdades contribuintes, assim como a dedução conclusivo de qual Universo é causado por uma criação direta de uma Causa eterna e auto – existente, aparecerá à medida que uma busca dessa forma de argumento progrida. A crença intuitiva de que todo efeito tem uma causa é o principio básico sobre o qual o argumento cosmológico avança para chegar às suas conclusões necessárias. Ex nihilo, nihil fit – do nada, nada pode surgir, é um axioma que foi reconhecido pelos filósofos de todas as épocas. Asseverar que qualquer coisa veio a existir por si mesma é asseverar que ela aqui antes que existisse, o que é um absurdo. A inexistência não pode gerar a existência. Tivesse havido uma situação na eternidade onde nenhuma matéria ou espírito, nenhum ser de qualquer descrição, inteligente ou não inteligente, criado ou incriado, o Universo em si mesmo seria uma vacuidade infinito, e assim teria permanecido para sempre. Mas duas idéias básicas são possíveis, a saber: que o Universo com todo o seu sistema organizado e suas formas complexas existe desde sempre, teoria que, embora esvaziada de qualquer semelhança de justificativa, tem sido o maior impedimento para a crença racional numa Primeira Causa por todas as gerações e que o Universo é tanto planejado quanto criado por Deus e com propósito dignos. A primeira idéia é a afirmação de um ateísta, enquanto que a ultima é a do teísta. Quando raciocínio a premissa aceita de que não há Deus, o ateísta é compelido a afirmar que a matéria é eterna e, portanto, auto – existente. A mátria é composta de inúmeras partículas que são irrelacionadas ou sem dependência uma da outra. Assim, a cada partículas deve ser atribuído o elemento da auto-existência. Anexadas à matéria inerte devem estar todas as forças químicas, as leis da natureza, e o principio da vida em todas as suas formas. O ateísta não pode modificar as exigências de sua filosofia baseado na premissa suposta de que não há Deus. Se ele limitar pela concessão mais desprezadas a partir de sua alegação da existência eterna da matéria ou permitir que ela passe como uma hipótese antes que uma certeza infalível, toda a estrutura do ateísmo vai se desmoronar. O ateísta gaba-se de sua incredulidade e de sua escravidão à razão; todavia, se a idéia de que for tida como não mais do que uma conjectura ou teoria, tudo capitula. Na verdade, a noção de que a matéria é auto – existente e uma entidade eterna deveria ser capaz de demonstração, se verdadeira, e ser tudo apenas uma propósito axiomática. Mas não é assim. A filosofia do ateísmo repousa sobre uma hipótese improvável que tem sido enfraquecida a ponto da extinção através das descobertas mais recentes da ciência. A asserção de que a criação da matéria é impossível, é baseada na observação de que a criação da matéria é impossível para o homem. Mas quem tem substanciado a tese de que a criação da matéria é impossível para o Deus infinito? A tese de Deus criou todas as coisas não oferece contradição alguma, mas raramente atribui mais capacidade a Deus do que aquele que reside no homem. Como uma rejeição cega da verdade, a asserção do ateísta de que a matéria é auto – existente e eterna é igualada pela impressão não provada e absurda de que a natureza é capaz de autopromoção, que o acaso é adequado para explicar o Universo, ou que a necessidade é a base sobre a qual todas as coisas existem. Sem duvida, em sua determinada rejeição de Deus, os homens tem se encorajado a se volta para essas noções falsas e que desonram a Deus. Contudo, o argumentocosmológico para a existência de Deus como a Primeira Causa de toda permanece integralmente em seu valor como evidencia. Pela mesma lógica ou raciocínio que demonstra que o Universo existente não pode produzir-se por agir antes dele próprio existir, assim a Primeira Causa não é autocriada, mas é eterna e, portanto, auto – existente, visto que Deus não depende de nada alem de si mesmo, por não ser causado por nada. A proposta de uma seqüência de causa secundarias, isto é, que cada causa é o efeito de uma causa anterior, não oferece solução alguma para o problema da origem das coisas. É verdade que a mente pode ficar embrutecida pela extensão infinita de tal seqüência; mas a razão assevera que há uma Causa Original – uma Primeira Causa. Se há uma Primeira Causa auto – existente e eterna, e esta Primeira Causa é sábio o bastante para conceber a criação em toda a sua maravilha, e poderosa e suficientepara trazê-la à existência. Os argumentos será observado na prova de vários qualidades que Deus tem, a saber, auto – existente eterno, plenamente sábio, poderoso, ilimitado, auto – ativo, vital e a fonte de todas vida. Embora esta conclusões sejam alcançadas totalmente à parte da revelação e pela razão somente a ilação é completa. Não pode ser utilizado espaço aqui para traçou uma discussão extensa que precede cada um desses argumentos. O argumento do primeiro motor, é a “primeira via, que é a mais manifesta”. É certo, e verificado pelos sentidos, que algo é movido neste mundo. Ora, tudo o que nada é movido senão enquanto esta em potencia relativamente aquilo a que é movido. Pois mover outra coisa não é senão levar alguma coisa da potencia ao ato (ato = realidade). Ora, só uma coisa real pode levar algo da potencia ao ato, assim, o calor realmente existente, ou o fogo, toma a madeira de cálido potencial em cálido atual, e dessa maneira a mover e transforma. Pois bem: é impossível estar em ato e em potencia ao mesmo tempo e sob o mesmo ponto de vista, mas só sob pontos de vistas diversos. Pois o cálido atual não pode simultaneamente ser cálido potencial, mas é frio em potencia. Logo, e pela mesma razão, é impossível uma coisa ser motora e movida do mesmo ponto de vista e do mesmo modo, ou seja, é lhe impossível mover-se a si mesma. Por conseguinte, tudo o que é movido há de se-lo por outro. Se, portanto, o motor é por sua vez movido, também ele deve se motivo por outro, e este por outro. Ora, não se pode proceder assim ao infinito, pois não haveria nenhum primeiro motor e por conseguinte não haveria absolutamente nenhum motor, pois os motores segundos ou subordinados não mover senão enquanto são movidos pelo primeiro motor: como não move o báculo sem ser movido pela mão. Logo, é necessário chegar a um primeiro motor que não seja movido por nenhum outro, ao qual todos dão o nome de Deus. Para facilitar a compreensão desta argumento, que através de Alberto Magno e Moisés Maimônides, remontar a Aristóteles, cumpre notar que Tomás Aquino o desenvolveu originariamente, a partir desta simples movimento local, ou seja, na base de dados físicos. Contudo, ele não se restringe a qualquer gênero de mutação. Alem disso, é preciso não perder de vista que a prova se apóia em movimentos essencialmente ordenados; donde a necessidade de se concluir para um concurso divino, no sentido de um impulso motor ininterrupto. A primeira vista,a identificação do primeiro motor com aquilo a que “todos dão o nome de Deus”, não deixa de causa certa surpresa; todavia, ela será justificada mais adiante, com a dedução de outras propriedades essenciais de Deus, a partir do conceito do primeiro motor imóvel. O argumento da Primeira Causa eficiente é nas coisas sensíveis observados a uma ordem de causa eficiente. Entretanto, não concebermos por impossível que uma coisa seja coisa eficiente de si própria; pois, já que a causa eficiente procede, pelo menos logicamente, ao efeito, a referida coisa deveria ser anterior a si mesma;o que é impossível. Mas é impossível proceder-se ate o infinito na serie das coisas eficientes; pois em todas as causas eficientes ordenadas, a primeira é causa da media, e estas, da ultima, sejam as medias muitas ou uma só. E como, removido a causa, removido fica haverá ultima nem media. Procedendo-se ao infinito nas causas eficientes, não haverá causa eficiente primeira, nem efeito ultimo, nem causas eficientes intermédias. O que manifestamente é falso. Logo, é necessário admitir uma causa eficiente primeira, à qual todos dão o nome de Deus. Para melhor elucidação deste argumento, que é de procedência aristotélica, e já fora delineado por Avicena,notemos que também aqui se trata de caus essencial ordenadas, onde uma depende da outra no seu ser – causa. Tal dependia não existe, por exemplo, na sucessão generativa (pai, filho, etc.); Tomás de Aquino não nega a possibilidade de um regresso ao infinito em semelhante caso. Tratando-se, porem, de causas essencialmente ordenadas, a causa inferior não atua senão em dependência da causa superior; neste caso o regresso é impossível. O argumento do existente necessário é entre as coisas encontramos algumas que podem ser e não ser, portanto podem ser geradas e corrompidas, do que se segue que ser e não ser, ora, é impossível que todas as coisas desta natureza existam sempre; pois o que pode não existir, alguma vez não existiu. Se, portanto, todas as coisas podem não existir, houve tempo em que nenhuma existia. Mas, se tal fosse o caso, ainda agora não existiria coisa alguma; pois o que não existe, só pode começar a existir por uma já existente. Ora, nenhum ente existindo, é impossível que algum comece a existir, e, portanto, também agora nada existiria. Logo, nem todos os seres são puramente possíveis, mas é forçoso que haja algo necessário. Ora, tudo o que é necessário, ou tem de fora a causa da sua necessidade ou não a tem. Mas não é possível proceder ao infinito nos seres necessários que tem uma causa de sua necessidade, como já se provou. Por onde é forçoso admitir um ser necessário por si mesmo, na tendo de fora a sua necessidade, antes, sendo a causa da necessidade do outros: e a tal ser, todos chamam Deus. Neste argumento, que procede da contingência, Tomás de Aquino acompanha, ponto por ponto, o raciocínio de Moisés Maimônides. Notar que também esta prova deixa aberta a possibilidade de uma criação eterna do mudo: tanto o filosofo cristão como o judeu tencionam firmar sua argumentação num fundamento inabalável. O argumento pelos graus do ser, é verificado nas coisas de um a mais e um menos de verdade, de nobreza e de outras qualidades semelhantes. Ora, o mais e o menos não se dizem de coisas diversas senão enquanto estas se aproximam em proporção defesa de algo que contem o Maximo deste ser; assim, o mais cálido é o que mais se aproxima do maximamente cálido. Há portanto algo verdadeiríssimo, ótimo e nobilíssimo e, por conseguinte, maximamente ser. Pois o que é maximamente verdadeiro é também maximamente ser. Ora, o que é maximamente tal num gêreno, causa de tudo o que esse gênero compreende; assim o fogo, maximamente cálido, é causa de todos os cálidos. Logo, há um ser que é casa do ser, da bondade e de toda e qualquer perfeição; e este ser chama-se Deus. Esta prova tem recebido as mais diversas interpretações. Cumpre não esquecer não esquecer, porem, que Tomás Aquino não parte de uma simples idéias, e sim, de coisas concretas, fazendo culminar seus vários graus de perfeição num grau absoluto. O argumento assenta na idéia de que totalidade do ser e das suas perfeições é uma participação de Deus; ou, por outros termos, ele supõe o exemplarismo tomista, que não se refere à ordem ideal, mas à ordem real. O argumento do governo supremo das coisas é analizado que algumas coisas, carentes de conhecimento, tais como os corpos naturais, operam em vista de um fim; o que se conclui do fato de operarem sempre ou quase sempre do mesmo modo, para conseguirem o que é ótimo. Donde resulta que chegam ao fim, não pelo acaso, mas pela intenção. Ora, o que não possui conhecimento só tende ao fim arqueiro. Há, pois, algo inteligente pelo qual todas as coisas naturais se ordenam ao fim, ao fim, e a que chamamos Deus. Embora manifestamente diferentes, as cincos vias seguem uma linha diretriz uniforme. Em primeira lugar, todas vias partem de uma realidade concreta, verificável e sensível, o que lhes dá um cunho essencialmente distinto de todos os argumentos genuinamente agostinianos, que partem preferentemente da experiência interna. A segunda característica esta em que, no fundo, todas empregam o principio de causalidade. E o elemento racional que se junta ao elemento empírico. Digno de reparo é o fato de todos os cincos argumentos, coisas alias muito natural para um pensador medieval, pressuporem um mudo hierquicamente estruturado: basta a verificação empírica de qualquer realidade intramundana para, mediante uma analise adequada, encetarmos com necessidade o itinerário para Deus; pois é impossível compreender cabalmente esse mundo, sem admitir, acima dele, um principio realmente existente e atuante, que lhe fundamente a existência e as atividades. A essência de Deus e sua relação ao mundo, porem, nos é acessível,ate certo ponto. É verdade que não podemos definir a essência divina; para tanto seria
preciso que soubesse mo indica o gênero a que pertence, e a diferença específica
que a determina. Visto nada haver acima de Deus, só nos resta enveredar pela via
ascendente. Esta, porem, é essencialmente negativa. O conhecimento negativo da essência divina, para Tomás o encadeia intimamente às provas da existência de Deus, e normalmente à prova pelo movimento, que sempre he mereceu a preferência.
Sendo Deus o primeiro motor imóvel, segue-se em primeiro lugar, a sua absoluta independência do tempo. Para Tomás de Aquino, imobilidade significa imutabilidade. Ora, tudo quanto começa a existir ou cessa de existir, sofre por isso mesmo um movimento. Mas Deus é perfeitamente imutável. Logo, não pode ter começo nem fim; logo, é eterno. Pela Deus eterno, e não podendo não ser, é impossível haver algo em potencia para não ser. Pois, como já se disse, ser possível significa poder existir e não existir. De forma que Deus poderia existir e não existir na medida da
potencialidade nela contida; o que é inconciliável com Sua eternidade. O exposto
também decore, de imediato, que Deus não pode conter matéria, posto que matéria
significa, essencialmente, potencialidade. Logo, Deus é imaterial. Em Deus não há composição, por carece de material de toda oura potencialidade passiva; logo Deus dever se qualificação como absolutamente simples. Donde se segue em particular, não haver espaço, em Deus, para uma composição de essência e existência. O que primeiro deparamos numa coisa é sua essência, e se nada encontrarmos que se lhe ajunte à essência, e se nada encontrarmos que se lhe à essência, segue-se que tal coisa é sua essência. Isso se dá exclusivamente em Deus. Donde resulta imediatamente que Deus é Seu ser, pois do contrario Ele participara do ser. Ora, é impossível que aquilo que só é por participação seja o se primeiro, pois não s pode participar senão de algo anterior. Esta sublime verdade foi revelada por Deus a Moisés, quando este lhe indagou o nome (Êxodo 3:13,14). Desta sorte o próprio Deus nos fez saber que Seu nome essencial:”Aquele que é”. O conhecimento analógico de Deus, que inicialmente a via e negação e afastar de Deus todo elemento criatura, o nosso espírito não se dá por satisfeito com este conhecimento negativo. Para Aquino, se deu cota de que um saber meramente negativo permanece estéril, redundando, praticamente, em agnosticismo. Não obstante, é-lhe impossível admitir que conheçamos a Deus tal como Ele é: um conhecimento desta natureza pressuporia uma contemplação direta da essência
divina. Por isso ele afirma que, a par do conhecimento negativo, possuímos um saber analógico de Deus. Significa isto que todos os nomes não predicados explicita ou implicamente de modo negativo, se lhe aplicam em sentido análogo. Com isto, Tomás de Aquino deseja acentuar, de um lado, a distancia infinita, e por isso intransponível mediante qualquer conceito, entre o ser criado e o ser divino, e de outro, justificar os enunciados positivos que de fato fazemos acerca de Deus. Com sua doutrina da analogia, Tomás de Aquino se opõe à traição iluminacionista. A analogia inclui semelhante e comparação. Ainda haja uma diferença infinita entre Deus e a criatura, esta lhe imita de modo finito as perfeições infinitas. Segundo a doutrina da iluminação, o homem entra em contacto imediatocom Deus, a ponto de dispormos de uma dupla fonte parta as nossas idéias e conceito das perfeições divinas e criaturas, a saber: da iluminação divina e das próprias criaturas. Donde a possibilidade de uma comparação, mediante a qual certos predicados, exemplo “ser”, “bom”, etc., obtidos por iluminação, passam a ser enunciados em primeiro plano de Deus, e secundariamente das criaturas, isto é, segundo o modo em que os apreendemos a partir delas. Tomás abandonou a doutrina da iluminação, mas reteve a doutrina da analogia que lhe corresponde. As criaturas assemelham-se Deus serem causadas por Ele. A causa deve conter de algum modo os seus efeitos. Isto vale igualmente das causas equivocas, e portanto de Deus; Ele traz em si, de certa maneia, as perfeições das criaturas. De modo semelhante o sol, que é causa equivoca, traz em si as perfeições dos seus vários efeitos: gera o calor nos corpos terrestres, mas este calor engendrado não é da mesma espécie que o calor do próprio sol; há apenas uma semelhança entre eles. De forma que o sol é semelhante e dessemelhante aos seus efeitos. É precisamente a dessemelhança entre Deus e as criaturas, que a despeito da semelhança há pouco descrita, exclui a predicação unívoca de uma mesma qualidade com relação a Deus e às criaturas. Pois Deus é causa equivoca, e por isso os seus efeitos são especificamente diversos dele.esta diversidade especifica exclui a predicação unívoca. O mesmo se prova pela consideração das varias modalidades de predicação unívoca. O que é predicado univocamente de vários ser é ou um gênero, ou uma espécie, ou uma diferença específica, ou uma propriedade essencial, ou ma propriedade acidental. Visto que nada do que vem expresso nestes predicados se aplica a Deus,que não entra em nenhum gênero e não se enquadra nas categorias, nada é predicável de Deus em sentido unívoco; pois o que é predicado univocamente de varias coisas deve ser mais simples do que elas, inclusive em seu conceito. Ora, nada pode ser mais simples que Deus. Destas e de outras razoes se conclui que não há qualquer predicado univocamente aplicável a Deus e às criaturas. Para Tomás de Aquino, uma equivocação pura é um termo que, por simples causalidade, é empregado para designar coisa diversas; a identidade do nome não se baseia, pois em nenhuma relação entre as próprias coisas. Ora, entre Deus e as coisas, como foi provado, há uma certa semelhança, e ate mesmo entre as causas equivocas e seus efeitos. Se os nossos predicados acerca de Deus fossem puras equivocas e seus efeitos. Se os nossos predicados acerca de Deus fossem puras equivocações, não teríamos nenhum conhecimento dele, e os nossos argumentos
seria inválidos. Visto que os predicados positivos são enunciados analogicamente de Deus e das criaturas, não se enunciam nem unívoca nem equivocamente de Deus, Tomás
conclui. Todavia, Tomás introduz uma distinção importante. Há uma predicação analógica, em que varias coisas são relacionadas a um só; assim, por exemplo,
dizemos que alguém é são porque tem saúde, ou que o pulso é indicativo de saúde, ou que a medicina é uma causa de saúde. Três coisas diversas são relacionadas a um só e mesma coisa. Todavia, observa Tomás, este tipo de analogia não tem aplicação no caso em apreço. Pois Deus e as criaturas não se relacionam a outra coisa. Antes, há apenas uma relação entre duas coisas. Ora, não hesitamos em predicar o “ser” tanto da substancia como do acidente, portanto o acidente se relaciona à substancia. No mesmo sentido predicamos o “ser” de Deus e das criaturas. Entretanto, existe uma outra distinção na predicação de certos termos analógicos. Alguns são predicados primeiramente daquilo que é anterior por natureza. Isto se dá, por exemplo, quando predicamos o “ser” de uma substancia e de um acidente. O predicado “ser” compete primeiramente a substancia, tanto por natureza, como na predicação. O mesmo não ocorre no caso de Deus e das criaturas. De certo, Deus é ser por natureza e no sentido absoluto da palavra, e portanto de modo primário, ao passo que as criaturas o são apenas secundariamente; em nosso conhecimento e em nossas predicações, porem, o ser compete primeiro às criaturas e secundariamente a Deus; isto é, nós designamos a Deus segundo o ser que deparamos nas criaturas, e ao qual Ele é infinitamente
superior; e por isso predicamos o “ser” analogicamente de Deus. Destarte se esclarece a posição de Tomás de Aquino com relação a este complicado problema. Todo termo comum, predicável de Deus e da criatura, compete primeiramente às criaturas, e secundaria ou analogicamente a Deus; pois não conhecemos a Deus senão por analogia com a criatura. É verdade que em tais enunciações empregamos um mesmo termo ou nome; contudo, a significação do termo as altera conforme a sua referencia à criatura ou a Deus; pois com relação a Deus, ele sempre significa algo que transcende infinitamente a criatura. O que induziu Aquino a formular a doutrina da analogia foi, em ultima analise, a sua preocupação de salientar a distancia infinita entre Deus e a criatura; é esta a razão por que nos denega qualquer conceito apto a transpor tal distancia. Deus deu existência ao mundo por um ato livre. Este ato é de natureza espiritual, e pressupõe que Deus conheça aquilo que quer criar. E assim
defrontamos, primeiramente, o problema das Idéias. Por Idéias entende-se a forma das coisa, considerada como existente fora das próprias coisas. Ora, há duas razões que tornam possível a existência à parte da forma em apreço: ela pode existir como modelo, ou como principio de conhecimento. Ambas esta razões nos constrangem a admitir a existência de Idéias em Deus. Toda atividade espiritual demanda um conhecimento prévio do seu efeito. Sabemos que a origem do mundo não se deve a um acaso cego, nem a um ato natural ou necessário, mas a um ato livre de Deus. Por conseguinte, há em Deus um intelecto, e neste, uma forma, a cujo modelo Deus criou o mundo: é a esta forma original no intelecto divino que damos o nome de Idéia. E visto que Deus conhece todos os detalhes do projeto a ser executado, é necessário que exista nele uma multiplicidade de Idéias. Estas Idéias não são meios de conhecimento, como no caso do homem. O homem formam as idéias segundo o modelo das coisas; elas se juntam, pois, ao nosso entendimento, e é só por mio delas que apreendemos as coisas. Em Deus ocorre precisamente o inverso. Nele, as Idéias existem como arquétipos ou modelos originais das coisas; por outros termos, elas são, em Deus, “aquilo que” Ele conhece “pelo que” Ele, como ser racional, cria suas obras. O conhecimento de Deus visa primeiramente a sua própria essência. Conhece-
a não só em si mesma, como também na sua imutabilidade, isto é, enquanto ela
pode ser imitada, de determinada maneira, pelas criaturas. Por isso as Idéias são
idênticas com a divina essência, e não lhe comprometem, em absoluto, a simplicidade.
Cada criatura tem seu ser próprio; este ser, é apenas um modo determinado de
participação na essência de Deus. Portanto, a Idéia de uma criatura significa, simplesmente, um modo particular de participação da essência divina. Deus tem a Idéia de uma criatura, enquanto conhece sua própria essência como imitável, e portanto participável por esta ou aquela criatura. De sorte que o ser criatura, tomado em seu conteúdo espiritual e inteligível, coincide com a essência de Deus; ou mais exatamente: enquanto idéia, a criatura outra coisa não é senão a própria essência criativa de Deus. E assim, sem detrimento de sua simplicidade, Deus é o originador imediato da multiplicidade das coisas. Provindas do Primeiro Ser, elas devem sua existência exclusivamente ao fato de toda sua essência, enquanto tal, derivar da essência de Deus. Pois virtualmente Deus é tudo (virtus = força e possibilidade); entretanto, esta “virtualidade” na implica a mais mínima passividade em Deus; antes ao contrario, ela significa que Ele, graças à sua perfeita atualidade, contem em si a razão suficiente para o ser análogo das coisa, no mesmo sentido em si a razão suficiente para o se dos seus raios. Com o artista, assim Deus traz em si mesmo as obras que vai criar; neste sentido se pode dizer que elas dimanam de Deus. O começo do mundo no tempo, deparamos a espinhosa questão do começo
temporal do mundo. O Aquinate a enfrenta na pressuposição de que o mundo foi criado por Deus. Trata-se de averiguar, se a idéia da criação implica o conceito de um começo temporal. Tomás de Aquino sabe muito bem que Aristóteles ao menos não refeita
simplesmente esta proposição; procura guarda a maior fidelidade possível ao aristotelismo, traçando, ao mesmo tempo, uma linha divisória bem definida contra o
averroísmo. Por isso ele prova, inicialmente, a inconclusividade dos argumento em
favor averroísmo. Após isso, passa a mostrar que os argumentos favoráveis à temporalidade do mundo são igualmente inconconclusivos; e assim abre lugar ao
aristotelismo, distanciando-se do agostinismo. Os argumentos mais significados mais são aqueles que impugnam a demonstrabilidade do caráter temporal da criação; dirigem-se contra os “murmurantes” nos arraiais da própria filosofia cristã. A primeira objeção, Tomás de Aquino responde declarando que o argumento é inconcludente; pois nada obsta a que a um infinito se acrescente algo na parte em que ele é finito.
A segunda objeção o Aquinate revida com a distinção, já alegada por Boaventura, entre causas simultaneamente ativas (ex: bastão – mão), onde um regresso ao infinito é impossível, e causas não simultaneamente ativas, onde um regresso ao infinito é admitido pelos que advogam a possibilidade de um mundo eterno. A terceira objeção responde que, embora uma genuína infinidade de coisas simultaneamente existente seja impossível, não o é, contudo, uma infinidade de seres sucessivos. Logo, cada revolução celeste individual pode ser excedida, visto que ela mesma é finita. Se, porem, tomarmos todas as revoluções celeste simultaneamente, então, caso o mundo fosse eterno, não se poderia supor um primeiro movimento, nem tampouco uma transição do primeiro aos demais; pois para uma transição requerem-se sempre dois termos. O que Tomás quer dizer é o seguinte: a infinidade, e com ela, a impossibilidade de ser percorrida, só vale para o conjunto, mas não para as revoluções celeste individuais; pois deste ultimo ponto de vista, a distancia entre não importa que dia e o dia de hoje ultimo ponto de vista, a distancia entre não importa que dia e o dia de hoje é sempre finita. Tomas de Aquino se eu conta de que é difícil contesta esta objeção; uma vez aceita a imortalidade da alma, isto é, da forma do homem, a qual segundo
Aristóteles e Averróis é mortal, e a existência de almas humanas, segue-se,
obviamente, que há, agora, um numero atualmente infinito de almas. Conseqüentemente, inicio temporal do mundo não pode ser assegurado com argumentos racionais. Sob este aspecto, a verdade em causa é comparável ao mistério da Trindade, que foge, também ele, ao alcance da razão, e só pode ser aceito pela fé. Tomás de Aquino faz questão de frisar este ponto. Aquino de refém uma posição intermédia neste problema tão veemente controvertido. Propugna pela possibilidade, e , baseado na fé, pelo fato, do inicio temporal do mundo; mas, em oposição aos “murmurantes”, admite também
a possibilidade de um mundo eterno. Embora influenciado por seus predecessores,
o Aquinate segue contudo um caminho próprio. Moisés Maimônides, cujas opiniões
de Tomás de Aquino tão freqüentemente perfilha, julga impossível provar a criação
do mundo; Tomás, ao contrario, sustenta a possibilidade de tal prova e cuida poder
aduzir argumentos irrefutáveis em apoio da criação; Alberto Magno, por sua vez, vê
na criação uma verdade de fé. Contudo, Tomas de Aquino torna a acompanhar a
Moisés Maimônides na afirmação de que o começa temporal do mundo não é passível de demonstração; Alberto, ao contrario, opina que, pressupondo-se a criação, o início do mundo no tempo pode ser rigorosamente demonstrado. Boaventura esta persuadido de que tanto a criação do mundo como o se inicio no tempo, são estritamente demonstráveis. Duns Escoto é o que mais se aproxima de Tomás de Aquino: mantém-se indeciso no que respeita a questão da possibilidade de uma criação ab a eterno.
Tanto o ser como a causalidade das criaturas tem sua origem em Deus. Surge, por conseguinte, a questão: ate que ponto as criaturas são dependentes e Deus, e
que espécies de autonomia lhes havemos de atribuir? Quando um arquiteto constrói uma casa, ele lhe dá a forma externa, mas não o ser; serve-se de materiais já existentes, dispondo-os numa determinada ordem. Uma vez terminada, a casa continua a existir independentemente ele. O meso ocorre com os seres da natureza. Um ser gera outro em virtude de uma forma que ele próprio recebeu de outro; apenas transmite a sua forma que ele próprio recebeu de outro; apenas transmite a sua forma, sem poder outorgar o ser total. E o ser gerador, um filho, por exemplo, pode continuar existindo, mesmo que o progenitor já não viva. A causa apenas à forma das criaturas, porem, é inteiramente diversa. Deus não causa apenas a forma das criaturas, mas todo o seu ser, e de môo tal que, se Deus se retraísse delas por um só instante, todas elas recairiam necessariamente no nada. Seria contraditório supor que Deus pudesse criar seres capazes de existir sem Ele. Por isso Deus deve conservar continuamente as coisas no ser. Seu influxo conservador outra coisa não é senão a continuação do ato criador, e qualquerinterrupção desta criação continua importaria na aniquilação das coisas. Esta influencia conservadora de Deus estende-se igualmente à causalidade das criaturas. Visto não existirem senão em virtude do se divino, as coisas não podem agir senão em virtude da causalidade divina. Toda causalidade secundaria pressupõe a causalidade primaria de Deus. A atividade autônoma das criaturas carecem de toda virtude ativa própria. Com efeito, elas estão como que imersas no ser divino, e sua força causal quase se dissolve na energia ativa de Deus. Tomas não deixa de perceber tal perigo, e por isso muda bruscamente de curso. De inicio, o Aquinate parecia aproximar-se de um agostinismo extremo; aparentemente, passar-se de corpo e alma para o aristotelismo e o naturalismo. Compreende-se, pois que precisamente nos tempos modernos estas duas tendências dessem ensejo a interpretações contraditórias do tomisto. Entretanto, importa proceder com cautela. Também o agostinho desconhece qualquer forma de ocasional ismo; logo, Deus não é causa única de tudo. De sorte que, na filosofia cristã, só pode haver questão de uma diferença de tônica no respeitante à atividade criatural. Para ressalta melhor esta diferença, confrontaremos uma citação de Tomas e Aquino, o aristotélico, com uma passagem de Boaventura, o agostinista. Tomás de Aquino da às coisas maior atividade própria do que o Agostinho esta disposto a lhes atribuir. A seu ver, as próprias criaturas tem a faculdade de produzir as formas das coisas, inclusive as os seres vivos; e na aquisição no sentido de Agostinho. E ele mesmo que, em dada ocasião, chama a nossa atenção para essa diferença. O mundo foi criado para servir de reflexo à perfeição de Deus. Deparamos o problema da perfeição do mundo e do porque da existência do mal. O ser das coisas individuais é determinado por suas respectivas formas. Estas, por sua vez, não passam, de quantidades diferentes de perfeição. E por isso pode diz-se, com Aristóteles, que as formas se assemelham aos números, nos quais as espécies variam pela adição ou subtração da unidade. Tendo expressado suas
perfeições em seres diversos, e portanto em formas diferentes, era mister que Deus
os criasse em graus diferentes de perfeição. Donde decorre, outrossim, que os seres
apresentam uma ordem hierárquica. Como os elementos compostos são mais perfeitos que os elementos simples, assim também são mais perfeitas que os minerais, os animais que as plantas, e os homens que os outros animais. Nesta seqüência, cada espécie ultrapassa a precedente em perfeição. Ao querer a diversidade dos seres,deus quis simultaneamente a perfeição do mundo em seu conjunto. Ao derivar os graus de perfeição da diversidade das coisas, Tomas de Aquino mostrar ter em mente a perfeição do mundo em sua totalidade. Não é necessário, pois, que cada ser individual atinja o Maximo possível de perfeição; o que se exige é que todo o conjunto esteja tão bem balançado que as coisas individuais se encontrem devidamente proporcionadas. E é precisamente por causa proporção que a perfeição de determinados seres, tomada em si mesma, deve ser medíocre, ou mesmo ínfima. O olho, por exemplo, é a partes mais nobre do corpo; mas o corpo estaria mal disposto se todas as suas parte mais nobre do corpo; mas o corpo estaria mal disposto se todas as suas partes tivessem o mesmo grau de perfeição que o olho; pois as partes restantes tem, cada qual, sua função peculiar, que o olho, apesar de sua perfeição, não poderia desempenhar. E assim a própria desigualdade das partes deste mundo apregoa a excelência da sabedoria do seu arquiteto. Na escala da perfeição é mister distinguir principalmente dois graus: em certos seres a perfeição é perecível, enquanto que outros a possuem de maneira inamissível: há coisas corruptíveis e incorruptíveis. A essência do mal consiste na deficiência de um determinado bem. De sorte que a mesma que a mesma existência de seres transtorno implica a existência do mal. Não só isso: em seu sentido, o próprio ser – criatura deve ser chamado um mal; pois o ser criado – por – Deus não significa apenas um proceder de Deus, como também, do ponto de vista puramente metafísico, um descair de Deus. Toda criatura é necessariamente imperfeita, quando comparada à perfeição divina; mas esta imperfeição é apenas o
reverso de sua perfeição. Tudo o que é digno de se aparecer constitui um bem, ora, toda natureza aspira à sua própria existência e perfeição; logo o ser e a perfeição constituem um bem para a respectiva natureza. Donde decorre que o contrario da perfeição e do ser, ou o mal, não tem perfeição nem ser. Pelo que o termo “mal” só Poe significar a ausência só bem e do ser; pois o ser , enquanto ser, é um bem. Por essa razão, o mal representa uma “realidade” negativa, ou melhor, ele não é nem essência nem realidade. O mal apresente-se como privação de ma propriedade que a substancia deveria possuir. O fator de o homem não possuir asas não é nenhum mal, porque a estrutura do corpo humano não comporta asas. Ao contrario, a carência de mãos seria um verdadeiro mal. Por isso o mal é mais corretamente denominado uma
privação, ou carência daquilo que deveria estar presente. Enquanto privação, o mal só pode ser uma negação inerente a uma substancia. Por isso o único e verdadeiro substrato do mal é o bem. Disto se infere, igualmente, não ser o mal capaz de absorver o bem; pois sem o ser, o próprio mal seria impossível. Logo, o bem permanece. Não só isso: em derradeira analise, o bem é a causa do mal; pois sendo o mal uma privação na substancia, é necessário indigitar - lhe uma causa. Mas só um ser, e portanto um bem, pode ser causa. Quando algum ser, por sua ação, produz um mal, isto se deve ao fato de haver algum defeito ou privação em sua atividade. No agir divino, porem, na há a menor deficiência, graças à sua perfeição absoluta. Logo, o mal que consiste na corrupção de certos seres, deve ser reduzir a Deus num sentido bem determina, isto é, em Atena à ordem do universo, a qual requer, inclusivamente a existência de seres perecíveis. Contudo, não podemos responsabilizar a Deus pelo mal, enquanto este implica uma defecção propriamente dita; Deus não causa senão o bem e o ser. Tomás recorre á comparação do coxo: o que lhe resta de movimento é causa do pela virtude motora; a claudicação como tal, porem, se deve a um defeito da curvatura da perna. Semelhante, tudo o que há de ser na ação má reduz-se a Deus como à sua casa; o que nela é deficiência ou mal, é efeito da causa segunda deficiência.