quarta-feira, 15 de setembro de 2010

O Evangelho Segundo Lucas/ Mensagem

É quase universalmente admitido que o terceiro Evangelho é um dos mais belos livros já escritos. A extensão incomumente ampla de vocabulário. A excelência da gramática e a alta qualidade do estilo mostram que a obra de Lucas é digna de ocupar um lugar respeitável entre os gigantes literários de todos os tempos.
O prefacio (1:1 – 6) foi chamado de “uma perfeita jóia da arte grega”. Não há somente beleza do ponto de vista literário. Também encontra – se, em Lucas, o que não pode ser encontrado nos outros Evangelhos – as notas dominantes de alegria, ação de graças, proeminência dada as mulheres, ênfase no Espírito Santo, as imortais parábolas do filho prodigo e do bom samaritano. Tudo forma uma perfeita combinação, para fazer deste o mais belo dos Evangelhos.
O terceiro Evangelho tem algo acerca de se que é em especial atrativo. Ele deixa o leitor com uma profunda impressão acerca da vida e personalidade de Jesus. Possui muitas características que o distinguem dos outros sinóticos. Entre estas, encontram – se as seguintes:
a) Jesus é o Salvador de todas as pessoas – talvez, conforme foi sugerido, o versículo – chave seja Lucas 19:10. “Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido”. É interessante observar que a palavra “Salvador” não aparece em nenhum dos Sinóticos, exceto em Lucas (1:47; 2:21). Da mesma maneira, o substantivo “Salvação” e o adjetivo “salvo” são encontrado somente em Lucas, dos Sinóticos. Esta salvação, contudo, é para todas as pessoas. Dentro do terceiro Evangelho pode se encontrar cada camada da sociedade: o rico, o pobre, o judeu e o gentio, o fariseu e o publicano, o nobre e o mendigo, o sacerdote e o samaritano. Seu evangelho apresenta um panorama universal. O cristianismo é uma religião universal.
b) Interesse nas Relações Sociais – Há muitas passagens, em Lucas, que tratam das relações entre as pessoas na vida diária. O profundo interesse que Jesus tinha por aqueles que estariam fora da esfera da responsabilidade social e religiosa é evidente em toda parte. Os samaritanos são um destes casos. Apenas Lucas apresenta a parábola do Bom Samaritano (10:25 – 37), e é mostrado que, dos dez leprosos curados por Jesus, somente um samaritano voltou para expressar gratidão (17: 11 – 19). Somente em João e Lucas, dos escritores dos Evangelhos, há uma compreensão simpática demonstrada para com os samaritanos. Em Mateus e Marcos, a única referencia aos samaritanos é derrogatória (Mateus 10:5). Os pobres também tem uma parte proeminente. Somente em Lucas há tais historias como a do Rico Insensato(12:13 – 21). Lazaro e o Rico (16:19 – 31), e o incidente da viúva e sua oferta (21:14). Mesmo vista por Lucas, esta relação social sobressai (3: 7 – 14).
c) Interesse no individuo – o valor do individuo salientado em Lucas 15, o capitulo da grande parábola. Não que não haja interesse nas multidões, mas Lucas queria ressaltar especialmente o amor infinito que Jesus tem por cada pessoa, individualmente. Não há pessoa sem o seu lugar no Reino de Deus.
d) A proeminência dada ás mulheres – Aquelas mulheres que estavam associadas com Jesus, em sua vida e ministério, receberam atenção especial. Em geral, uma mulher era considerada quase uma propriedade pelos judeus, bem como pelos gentios. Uma mulher sempre pertencia a um homem na sociedade antiga. Em Lucas pode – se encontrar uma exposição simpática da compreensão, por parte da mulher, de sua posição e personalidade, em pessoas tais Maria, Isabel, Ana, Maria e Marta a viúva de Naum, a triste mulher pecadora, e aquelas que proviam sustento para Jesus e seus seguidores.
e) A ênfase no Espírito Santo – Desde a mensagem a Maria, através das palavras de Jesus na cruz, ate a promessa do Espírito, no ultimo capitulo, Lucas contém abundante referencias ao Espírito Santo. Há umas dezessete referencial ao Espírito Santo em Lucas, em comparação com doze em Mateus e seis em Marcos. Ele reveste o precursor (1:15), atua na concepção de Jesus (1:35); reaviva o dom da profecia (1:41,67; 2:25 – 27); é o sinal do Messias há muito esperado (4:1); e capacita Jesus em sua obra (4:14, 5:17). O Espírito é o dom de Deus a seus filhos (11:13).Os discípulo devem aguardar o “serem revestido” pelo Espírito, e, sob seu poder, devem, então, sair e evangelizar o mundo (24: 44 – 49; Atos 1:8).
f) A ênfase dada á oração – Em conexão com vários eventos cruciais no ministério de Jesus, Lucas menciona as orações de Jesus em seu batismo (3:21); no final de dia movimentado (5:15,16); na escolha dos doze (6:12); no Monte da Transfiguração (9:18 – 22), oração de jubilo na volta dos setenta (10:21); antes de ensinar dos discípulos como orar (11:1 – 4); no Getsêmane (22:39 – 46); na cruz (23:34, 46). Exemplo de ensinos de Jesus sobre oração são encontrados nas historias acerca do amigo que veio à meia – noite (11:5 – 8); da viúva insistente (18:1 – 8); do fariseu e do publicano (18:9 – 14. somente em Lucas é encontrada a oração de Jesus em favor de Pedro (22:31,32).
g) A Ênfase dada ao Júbilo – O Evangelho se inicia e termina com uma nota e jubilo (1:47; 24:52,53).freqüentemente, Lucas usa palavras que expressam jubilo, louvor ou felicidade (1: 14, 44, 47; 10: 21), e expressões como saltar de alegria (6:23), riso (6:21) e regozijo (15:23, 32). Nos dois primeiros capítulos se encontram os cânticos imortais em forma poética. Em Lucas, Atos inteiro uma nota alegre é prominente. O cristianismo é uma religião de louvor e jubilo. O evangelho de Lucas falou a vários dos problemas que os cristãos enfrentaram durante o primeiro século. Assim como a mensagem de Jesus foi então pertinente, os princípios devem ser seguidora pelos crentes de hoje. O terceiro Evangelho é uma lembrança de que não se pode separar as boas – novas de uma compaixão pelos que passam prevações e desprezo. Ele também é um lembrete acerca da alegria que se encontra quando se entra numa relação salvífica com a pessoa que é a fonte e o tema das boas – novas: Jesus Cristo, o Filho de Deus.
O reino de Deus inverte os valores do mundo. E isto não é mera reorientação teórica, pois Lucas descreve com evidente aprovação a atitude fundamental de compartilhar os bens, que caracterizaram a comunidade de Jerusalém (Atos 2:44 e 55; 4:32 – 5:11). As “boas novas para os pobres” que foram trazidas por Jesus, são desse modo colocadas em pratica por intermédio da formação de uma nova comunidade, uma ordem alternativa, na qual os valores convencionais da sociedade humana são colocados de lados e as barreiras divisórias internas são destruídas.

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