quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Evangelho Segundo João/ Propósito

Conforme se diz, o Evangelho de Lucas é a mais bela obra literária da Bíblia. Neste caso, o quarto Evangelho é a mais sublime. Não é sobrepujado devido as duas qualidades: a devocional e a teológica. Nenhum outro livro levou tantas pessoas a Cristo e inspirou tantos a segui – lo e servi – lo. Ao mesmo tempo, anos de intenso estudo teológico critico levam a se reconhecer que há ainda profundezas não exploradas de pensamento que sempre chamarão o estudioso a continua admiração diante do profundo conteúdo deste Evangelho. Aqui a teologia foi colocada em termos tais, que ate uma criança pode compreender a visão da grandeza do amor de Deus, como mostrado em Jesus. Ao mesmo tempo, estes termos simples são usados para expressar um dos quadros mais empolgantes da realidade ultima encontrada em toda esta literatura.
É realmente afortunado o fato de que, diferentemente dos autores sinópticos, o autor do quarto Evangelho tinha incluído uma declaração do propósito de seu Evangelho. Este propósito declarado encontra – se em João 20:31 que diz: “Estes, porem, estão escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome”. Mesmo com uma declaração direta como esta foram escritos volumes acerca do propósito específico do autor. Um dos problemas que intrigam e complicam na interpretação é a variação textual com a palavra creiais.
Três das mais antigas testemunhas do manuscrito grego (p.6, sinaiticus e vaticanus) e um importante manuscrito posterior (koridethi) tem o presente do subjuntivo aoristo (“possais começar a crer). O tempo aoristo sugere que o quarto Evangelho foi evangelístico quanto ao propósito e dirigido a não – cristãos. O tempo presente sugere que o propósito foi fortalecer a fé daqueles que já criam. Seja qual for o tempo, João francamente declara quem ele escreveu para mostrar que Jesus é o Cristo (palavra grega para “Messias”), o Filho de Deus. É interessante observar que, dos escritores do Novo Testamento, só João preserva o termo hebraico ou aramaico Messias (1:42; 4:25) e indica que Cristo traduz esta palavra.
O interesse do livro dos sinais (João 2:12) nos judeus é bem evidente. Isto parecia indicar que o quarto Evangelho foi endereçado aos judeus. Do livro de Atos, vê – se que os primeiros missionários testemunharam primeiramente aos judeus e depois aos gentios, quando se iniciou um novo trabalho. Esses missionários procuravam provar, nas sinagogas, que Jesus era o Messias, o Ungido que havia muito esperado. João prova, por sinais que Jesus histórico crucificado é o prometido de Deus através dos profetas, e que os judeus da diáspora não precisavam cometer o mesmo erro de seus compatriotas palestinos, recusando – se a crer. O verbo usado para “fé” (traduzido “crer”) ocorre 99 vezes em João, sugerindo a necessidade de uma resposta ativa à mensagem de Jesus que Deus deu. Certamente , um conhecimento do Velho Testamento é necessário para se entender inteiramente o quarto Evangelho, pois esta pressuposto em toda parte. A mensagem aos judeus da diáspora poderia muito bem ser o propósito principal do livro.
Foi considerado que, por causa do uso, por João, do termo judeus (cerca de 68 vezes, o quarto Evangelho é uma polêmica contra os judeus.
Deve ser observado que quando João faz uso desta palavra, geralmente é com uma má conotação (5:15,16,18; 6:41; 7:1, etc.). contudo, observa – se que João não usa esta palavra neste sentido com referencia à nação como um todo, mas sim, quanto aos lideres da nação que rejeitaram Jesus e ocasionaram sua crucificação. João geralmente emprega este termo para denotar aqueles que não crêem e que, conseqüentemente, são inimigos tantos de Jesus quanto de seus seguidores. Pareceria que a polemica é mais contra incredulidade do que contra os judeus, pois em toda parte, no quarto Evangelho, João mostta pessoas (judeus) respondendo ao chamado à fé. João realmente deseja, todavia, que seus leitores judeu não cometam o mesmo erro dos lideres judeus, rejeitando o Messias. A vida eterna depende da decisão de crer em Jesus como o Cristo.
Sugeriu – se, pela época de Clemente de Alexandria, que João escreveu para fornecer informação que não se encontrava nos sinóticos. Esta idéia tem alguns defensores ate hoje. Já vimos que João não conheceu necessariamente, nenhum dos documentos do outros Evangelhos e que era bem independente deles. Foi mostrado que, basicamente, os sinóticos precisam muito de João pata esclarecer muito de suas pressuposições, e não o contrario. João pode permanecer sozinho na proclamação do ministério de Jesus. Achar esta idéia de complementação dos sinóticos como sendo o propósito do autor é ler o quarto Evangelho de maneira muito superficial.
De natureza mais séria é a condução de que João escreveu para combater o gnosticismo ou uma forma desta heresia. Este tipo de abordagem do propósito de João esta geralmente ligado datação do quarto Evangelho para o fim do primeiro século ou começo do segundo. Diz – se que João escreveu para combater uma forma especifica d gnosticismo, denomina docetismo (deyokéu = parecer). Que isto foi um segmento desenvolvido do gnosticismo no segundo século esta fora de contestação, e alguns críticos datam o quarto Evangelho o maistaediamente possível, para encontrar esta doutrina desenvolvida dentro de seus conteúdos. Esta heresia ensinava que, por causa da diferença essencial entre o eterno e o temporal (o espiritual e o físico), Deus (o logos eterno) não poderia ter entrado fisicamente no mundo material. Jesus, portanto, não foi uma pessoa real; ele apenas “parecia” ter uma forma física.
O propósito declarado do autor deve ser mantido diante de nós para encontrarmos o propósito do quarto Evangelho. Deve ser reconhecido que os conceitos fundamentais encontrados e, João é básico para do cristianismo.
O interesse de João é que seus leitores saibam, fora de duvida que no Jesus de Nazaré é de fato o Cristo (Messias), o Filho de Deus. É uma chamada a “vir e ver” (1:39) e à certeza (7:17). Este conhecimento produz salvação e assegura a pessoa acerca da vida cristã do evangelho aos judeus primeiramente. Se existem elementos helênicos presentes no evangelho, então esta demonstrado que o autor escreveu aos judeus da diáspora. Que ele escreveu para confrontar os conceitos religiosos dessa época esta fora de contestação. Mesmo com estes fatos em mente, o tom universal do Evangelho (3:16; 10:16; 12:32) é uma advertência contra uma identificação estrita dos receptores num sentido estreito e limitado.
O propósito deve estar relacionado tanto como Evangelismo quanto com o movimento do discípulo ate a maturidade. Isto sozinho parece contribuir adequadamente o propósito declarado de que “estes foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo tenhais vida em seu nome”.

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