sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Os Profetas Menores

1. Introdução

“O Livro dos Doze”, assim era chamado pelos hebreus, foram provavelmente agrupados dessa maneira por Esdras e a “Grande Sinagoga”, mais ou menos em 425 a. C., talvez a fim de acomodá – los em um rolo. As designações “Profeta Maior” e “Profeta Menor” foram cunhadas por Agostinho no princípio do século 4 d.C. “Menor” refere-se a brevidade do segundo grupo, certamente não a sua importância relativa.

Embora os profetas Maiores estejam dispostos em ordem cronológica, os Menores não têm essa disposição. Não há acordo entre os comentaristas (talmúdicos ou modernos) quanto ao verdadeiro objetivo da ordem canônica. Os primeiros seis cronologicamente anteriores aos últimos seis, e estes últimos estão em ordem cronológica.

Poderemos deduzir que a ordem dos livros seja motivada pela ênfase do caráter divino e pelo tema da aliança. Esses livros podem ser agrupados em três períodos de crise à medida que a nação avança em direção o julgamento.

2. Profetas antes do cativeiro Norte

Oséias - O Mensageiro do Amor de Deus - Os 1:1-14:9

Oséias, cujo o livro ocupa o primeiro lugar na lista dos profetas Menores, deu inicio ao seu ministério na década final do governo de Jeroboão. Em contraste com Amós, cujo ministério aparentemente foi muito curto, Oséias continuou agindo por diversas décadas, até bem dentro do reinado de Ezequias. Oséias nasceu e foi criado em uma região onde imperavam prosperidade e paz. Perto do fim desse período, quando Israel ocupava lugar de liderança entre as nações da palestina, Oséias começou o seu ministério anunciando o juízo divino contra a dinastia governante de Jéu.

Essas décadas que sacudiram reinos quase obliteravam a voz do profeta Oséias. As coisas corriam tão bem, nos anos iniciais de seu ministério, que os israelitas não queriam ser perturbados por avisos proféticos. Homicídios repetidos, que ocorreram no palácio, a invasão Assíria, impostos pesados e tributos volumosos, alianças estrangeiras vacilantes e, finalmente a queda de Samaria, figuraram nos tempos do ministério de Oséias.

Em meio às tensões e pressões dos tempos em mutação, Oséias serviu fielmente à sua geração, como porta-voz de Deus. Nenhum detalhe é dado acerca de seu chamamento ao ministério profético, além do fato de que o Senhor falara com ele. Foi impelido a retratar o fato de que Deus continuava amando à desviada nação de Israel.

Durante seu longo ministério, Oséias compartilhou das desgraças de sua gente, em um reino que cambaleava. Movido de intima compaixão por seus semelhantes, ele manifestou sensível reação para com as necessidades de Israel, em suas condições pecaminosas. Alicerçado em suas experiências pessoais, ele expressou, em tons apaixonados, o amor de Deus por um povo que não correspondia à Sua bondade.

O livro foi escrito provavelmente em 740 a. C. Durante os reinados de quatro reis de Judá, de Uzias a Ezequias, mais ou menos 767 – 697, e durante o reinado de Jeroboão2 de Israel, 793-752.

Joel - O Dia crucial do Senhor - Joel 1:1-3:21

O profeta Joel nos é desconhecido além dos limites do livro que traz o seu nome. E mesmo no livro a única informação que nos é dada é a do nome do seu Pai. Seus pronunciamentos refletem um ministério público na terra de Judá.

Qualquer praga de gafanhotos é motivo de alarma. Embora tais devastações não fossem sem precedentes na terra de Judá, essa praga pode ter-se prenunciado extremamente severa. As árvores são despedidas de sua folhagem, os campos são desfolhados e povo fica atônito quando subitamente se vê sem alimentos. Tão assolada ficara a nação de Judá que as oferendas prescritas não foram trazidas à casa do Senhor. Nessa desesperadora situação Joel, com uma mensagem apropriada e oportuna, pronunciou- se com convicção na qualidade de porta voz de Deus.

Lamentações, luto em vestes de cilício e ajuntamentos públicos para a finalidade de jejum – tudo isso fora ordenado por Deus. Na onda dessa praga de gafanhotos, que provocou até o perecimento das feras dos campos, foi mister que o povo reconhecesse que se tratava de um juízo divino. O profeta Joel, pois, sentiu-se impelido a oração intercessora.

Embora essa devastação tivesse sido aterrorizadora, um pior tipo de julgamento espera Sião, no dia do Senhor (Jl. 2:1-11). Joel requereu que se tocasse a trombeta, soando o alarma. Fogo consumidor precederá e seguir- se-à ao exercito destruidor que invadirá a cidade de Sião. O firmamento estremecerá a terra se abalará e as luminárias do céu perderão parte de sua luminosidade quando Deus Melancolicamente, o profeta levanta a questão referente ao grande e terrível dia do Senhor- quem poderá resistir a ele.

Contudo, ainda havia tempo para os homens se arrependerem e buscarem o perdão divino (Jl. 2:12-17). Não haveria Deus de poupar àqueles que penitentemente Lhe pedem perdão. Não estenderia Deus a Sua misericórdia para evitar o opróbrio de Judá entre as nações.

A resposta divina traz a certeza de uma incomensurável bênção (Jl. 2:18-27). Uma vez mais a terra se regozijará diante de colheitas abundantes. As primeiras e as ultimas chuvas retornarão, prevalecendo assim as estações frutíferas. Safras acima de todo cálculo farão Israel reconhecer a Deus, regozijando se diante Dele.

Antes do fim do tempo, Deus derramará de Seu Espírito. Sonhos e visões serão multiplicados. Os homens invocarão ao nome do Senhor e serão libertados. Após esse período de refrigério, o sol será enegrecido e a lua se tornará qual sangue. Em nenhuma parte Joel indica por quanto tempo perdurará esse tempo de refrigério, sob o ministério do Espírito Santo; mais ele nos fornece a seqüência de acontecimentos. Prodígios celestiais seguirão esse período de bênçãos.

No tempo da restauração de Judá, todas as nações serão reunidas no vale de Josafá, para serem julgadas. Os pagãos dispersaram ao povo de Israel, dividiram sua terra e lançaram sortes do povo de Deus. A Fenícia e Filístia são acusadas de terem escravizados cidadãos de Judá, a fim de vende los aos gregos; essas duas, juntamente com todas as outras nações, são convocadas a se preparem para guerra no vale de Josafá, onde Deus assentar-se-à em juízo sobre multidões inumeráveis. A iniqüidade dessa gente terá atingido o limite da misericórdia divina. Ele descerá a Sião a fim de vingar o sangue de Seu povo. Os céus e a terra serão abalados, ao passo que o sol, a lua e as estrelas recusarão a dar seu brilho, quando os ímpios forem destruídos. Uma vez mais os Israelitas possuíram Sião e reconhecerão que o Senhor é seu Deus. Brotará uma fonte no templo irrigando a terra toda, conferindo-lhe tempo de prosperidade e benção. Em contraste, o Egito e Edom ficarão desolados. Israel desfrutará de sua terra para sempre,quando o Senhor Deus vier habitar na Sua santa cidade de Sião, quando estrangeiros não mais atravessarão Jerusalém.

AMÓS - Boiadeiro e profeta - Am. 1:1-9:15

Nos últimos anos do governo de Jeroboão, Amós proclamou a Palavra de Deus para o reino do Norte. Ele viera a Samaria da pequena aldeia de Tecoa, localizada a cerca de 8 km de Belém. Para ganhar a vida ele pastoreava ovelhas e podava sicômoros. Quando se encontrava entre os pastores de Tecoa. Amós recebeu a chamada de Deus para ser profeta. Esse chamamento foi tão cristalinamente claro que quando o um sacerdote tentou impugnar a Amós, em Betel, o profeta se recusou a calar-se (Amós7: 10-17).

A mensagem de Amós refletia o luxo e o lazer dos israelitas durante o reinado de Jeroboão. O comercio feito com a Fenícia, pedágios cobrados do tráfico de caravanas que atravessaram Israel e a Arábia, e a expansão para o norte, a expensas da Síria, foram proventos que aumentaram os cofres de Jeroboão. A rápida elevação do nível de vida entre os abastados aumentou as diferenças entres as classes sociais. Prevaleciam os males sociais. Com agudo discernimento Amós observou a corrupção moral, o luxo pecaminoso e a opressão dos pobres, enquanto os ricos acumulavam maiores riquezas por meio da violência. Em linguagem simples, mas vigorosa ele denunciou corajosamente os males que permeavam a vida social, econômica e política de Israel. A retidão não podia ser substituída pelos ritos religiosos, e sem aquela a nação de Israel não poderia escapar dos juízos de um Deus reto.

O mais provável é que Amós tenha profetizado em 760 a. C. em que Jeroboão e Uzias reinaram simultaneamente de 767 a 752. Por quanto tempo Amós profetizou. Visto que ele viera de Judá para os domínios de Jeroboão, a fim de denunciar a aristocracia abastada, é razoável supormos que seu ministério foi tolerado apenas por bem breve período. Não ficou registrado o que sucedeu a Amós, depois que Amazias o enviou a Jeroboão. É possível que ele tenha sido aprisionado, expulso, ou mesmo martirizado.

Com brilho literário e estilo excelente Amós expôs a mensagem de Deus para a sua geração. Com simplicidade clássica ele retratou seu encontro com a geração pecaminosa que lhe era contemporânea.

Na terceira visão, o Senhor apareceu com um fio de prumo na mão, a fim de inspecionar a muralha. Isso representava claramente o fato de que o Senhor inspecionava a Israel. Ninguém sabia, melhor do que Amós, os israelitas não sairiam aprovados desse exame; mas o profeta foi advertido de antemão que Deus não passaria novamente com misericórdia. Por duas vezes Deus estendera a Sua misericórdia, mas agora os santuários só podiam esperar a ruína. A família teria de enfrentar a espada.

Aparentemente, essa mensagem foi forte demais pêra alguns dos ouvintes, em Betel. Amazias, o sacerdote, voltou-se indignado contra Amós. Sem tardança enviou recado ao rei, e então confrontou o profeta com o ultimato que teria de retornar a Judá se quisesse escapar com vida. Com a firme convicção de que Deus o chamara, Amós anunciou o triste fim de Amazias. Não somente ele seria morto e sua família ficaria exposta a sofrimentos, mas, em adição a isso, Israel seria desarraigado de sua terra e seria levado para o exílio.

Na ultima visão, o Senhor apareceu de pé, ao lado do altar com a finalidade de executar a sentença contra Israel. Chegara o tempo de ferir os capitéis e fazer ruir a estrutura inteira do templo. Deus que proporcionara a eles o bem, agora estava dirigindo pessoalmente a execução. Deus firmava a vista para eles para mal, e não para bem. Sem importar para onde fugissem, não escapariam ao cativeiro.

Israel estava prestes a ser coada entre as nações, a fim de que o grão fosse separado da palha.

Todo profeta de Deus tinha uma mensagem de esperança. Em seu parágrafo final, Amós projetou uma promessa encorajadora (Am 9:11-15). A dinastia davídica, segundo ele, será restaurada- o reino será recuperado. Todas as nações “que são chamadas pelo meu nome” se tornarão subservientes a Israel. Vigor e bom êxito uma vez mais prevalecerão, quando for restaurada a boa sorte de Israel.

Obadias – O Orgulho de Edom –Ob 1-21

O menor livro do Antigo Testamento é o de Obadias. Não dispomos de quaisquer meios que nos permitam saber sobre esse profeta, excetuando seu nome; e não há como se possa identificá-lo com qualquer outra pessoa do mesmo nome. As datas que tem sido sugerida para o ministério de Obadias, com base no conteúdo de seu oráculo, variam desde os dias de Amós até a porção final dos tempos de Jeremias.

Edom era orgulhoso. Seguro em suas fortalezas inexpugnáveis, escavadas na rocha, o povo edomita refletia a idéia de estavam acima de qualquer perigo de invasão ou conquista. Não somente se jactavam de sua segurança, dentro de suas fortificações naturais, mas também se vangloriavam de sua sabedoria. Mas, apesar de mostrarem complacentes, na crença de que nada de mal lhes sucederia, Deus estava preste a humilhá- los. Talvez os ladrões só roubem o que lhes basta, e os colhedores de uvas costumavam deixar respigas, mas Edom só poderia esperar ser pilhado por povos confederados que sabiam de seus tesouros escondidos. Enganados por aliados e amigos, os edomitas terminariam por entender que nem sua sabedoria e nem suas fortificações poderiam salva – los (Ob 1:9).

Teria razão esse julgamento contra Edom. As acusações contra ele são claramente delineadas. Nos dias de calamidades de Jerusalém, os edomitas haviam exultado malignamente, chegando ao extremo de entregar fugitivos judeus ao inimigo, tornando se assim culpados de flagrante justiça (Ob 10-14).

O dia do Senhor será um período de prestação de contas para todas as nações. Obadias, contudo, preocupava se especialmente com Edom e seu relacionamento com o estado final de Judá. Edom será julgado por causa de seus atos (Ob 15-16).

Em confronto com isso, será estabelecido firmemente o monte Sião. Ao passo que Edom desaparecerá sem deixar sobreviventes, os israelitas serão restaurados, com toda segurança, à sua própria terra – desde o Neguebe, ao sul, até Sarepta, ao norte – ao mesmo tempo que o Senhor será o seu rei. Até mesmo exilados em Sefarade retornarão, a fim de compartilharem da recuperação das cidades do Neguebe. O monte Esaú, ex- representante do orgulho e da altivez dos edomitas, será governado desde o monte Sião (Ob 17-21).

Jonas – Sua Missão em Nínive – Jn 1:1- 4:11

Jonas tivera uma mensagem popular a ser anunciada em Israel. Em tempos de opressão, a promessa de dias mais prósperos era muito bem acolhida. Sem duvida alguma o cumprimento de sua predição, na extensão do território de Israel sobre Jeroboão, fomentou sua popularidade em sua terra natal. Não há qualquer indicação de que ele tivesse uma mensagem de advertência ou juízo, para ser entregue ao seu próprio povo (2Rs 14:25).

O sermão de Jonas aos Nínivitas esteve longe de ser bajulação. O juízo e a condenação contra essa cidade estrangeira foram sumariados no tema: “Ainda quarenta dias, e Nínive será subvertida”. Quando ele completou, finalmente, sua tarefa, registrou suas experiências no livro que traz o seu nome.

Jonas foi divinamente comissionado para ir a Nínive – uma tarefa desagradável para um israelita. Durante os tempos de Jéu, Israel rei assírio Salmaneser3. Jonas conhecia bem os sofrimentos que havia sobrevindo à Síria, ao repelir os recentes ataques assírios. As atrocidades do assírios, que mais tarde aterrorizaram as nações, submetendo – as a Tiglate – Pileser 3, talvez já vinham sendo praticadas por esse tempo. Do ponto de vista humano, a Assíria era o a ultimo lugar onde um israelita gostaria de dirigir-se, em aventura missionária.

O livro de Jonas conta a história da chamada do profeta para ir a Nínive, e de sua atitude quanto ao mandado divino. O cap. 1 descreve a desobediência inicial de Jonas, e o castigo divino subseqüente. Ao invés de rumar para o nordeste, em direção a Nínive, Jonas embarca num navio que velejava para o oeste, cujo destino era Társis, na atual Espanha, o ponto mais distante possível da direção apontada por Deus. O profeta, porém, não demorou a sentir o peso da impugnação divina.

Uma vez mais foi ordenado a Jonas que se dirigisse a Nínive. Dessa vez ele se encaminhou para leste, para a distante terra da Assíria, aproximadamente mil e trezentos quilômetros distantes de Israel. Localizada na margem oriental do rio Tigre. Nínive era uma ampla cidade, com numerosos subúrbios foras de suas muralhas. Foi ali que Jonas iniciou sua missão de prédica. Apesar de sofisticados e pecaminosos, seus habitantes deram ouvidos à advertência do profeta. Nem bem Jonas iniciara seu itinerário, e os ninivitas já reagiram favoravelmente. Penitenciando se em cilício, jejuaram e voltaram- se para Deus, com fé. E logo que a mensagem chegou ao palácio real, o monarca entrou em ação. Trocando suas vestes reais por panos de saco, ele se sentou em um montículo de cinzas.

Jonas ficou desconcertado por ver tão generalizado sinais de arrependimento. Para sua imensa surpresa, sua missão foi um sucesso. E para desapontamento seu, a cidade não foi destruída; ela foi poupada, por haver Deus atendido, misericordiosamente, às multidões arrependidas. Talvez Jonas tivesse experimentando uma reação nervosa. A tensão mental e física, não apenas naquela viagem perigosa, mas também por haver pregado a um povo estrangeiro uma tão horrenda mensagem de julgamento, é algo difícil de avaliar. Seja como for, Jonas ficou terrivelmente perturbado.

Abrigando-se em uma tenda, Jonas se sentiu encorajado quando Deus fez uma planta medrar rapidamente, provendo lhe um dossel sombreado que o protegia do calor do dia. Mas, Jonas tinha outra lição a aprender. Ao invés de ser testemunha da ruína da cidade, ele sofreu a inconveniência de ver um verme destruir a planta que lhe conferira tal deleite. Deus frisou que o profeta estava muito mais preocupado com seu próprio conforto do que com o bem – estar de 120 mil inocentes, que ainda não tinham chegado à idade do discernimento. Para Deus, a conversão dos assírios era muito mais importante do que a preservação de uma planta para aprazimento de um só individuo.

O que finalmente sucedeu a Jonas não é relatado no livro que traz o seu nome. Aparentemente ele retornou a sua terra natal, a fim de registrar em forma escrita a sua missão entre os ninivitas.

Miquéias – Reformador em Tempos Turbulentos- Mq 1: 1-7: 20

No auge do domínio Assírio sobre a Síria e a Palestina, o profeta Miquéias surgiu no palco da vida de Judá. Desde os dias de jotão (cerca de 740ª. C.) ele continuou seu ministério até a virada do século. Durante o reinado de Ezequias, foi ofuscado o seu colega Isaías.

O sol estava se pondo sobre a era de prosperidade e de prestígio internacional de Judá, quando Miquéias apareceu. Uzias cujos interesses comerciais penetravam na Arábia e cujo poder militar poderia desafiar os exércitos assírios que avançavam do norte, faleceu em 740 a. C. Jotão manteve o status que por diversos anos mais, enquanto Peca desenvolvia uma política antiassíria em Samaria. Em cerca de 735 a. C., o partido pró – assírio, em Jerusalém, instalara Acaz no trono davídico. No espaço de poucos anos, esse jovem rei havia firmado uma aliança com a Assíria, o que, em essência, reduzia- o a posição de um rei vassalo de Tiglate- Pileser 3. Durante as duas décadas desse relacionamento judaico – assírio, os reinos da Síria e de Israel entraram em colapso sob as assírias que avançavam.

Nesse período tísico – quiçá pouco depois da morte de Uzias – Miquéias respondeu ao chamamento profético. Com a ascensão de Ezequias ao trono, em 716 a. C., raiou uma nova era em Judá. O pagamento de tributo e adoração segundo moldes pagãos no templo, promovida por Acaz, por esse tempo se tinham tornado medidas muito impopulares. O novo rei pôs fim à política de apaziguamento dos assírios. Foi providencial que Sargão, com seus exércitos, estivesse profundamente envolvido em outras porções de extenso império. Juntamente com um espírito de nacionalismo, Ezequias desenvolveu poderoso programa de defesa. Além de ampliar e de fortificar as muralhas de Jerusalém (2 Cr 32:5), ele garantiu adequado suprimento de água, com a construção do túnel de Siloé – que até nossos dias constitui atração turística.

As normas religiosas, inauguradas por Ezequias, foram tão drásticas e eficazes com justiça vieram a ser consideradas as mais notáveis reformas das historia de Judá (2Rs 18). Altares, colunas sagradas e postes – ídolos foram demolidos. Até mesmo Neustã, a serpente de cobre feita por Moisés, foi destruída, porquanto fora transformada em objeto de adoração e veneração.

Foi numa época assim que Miquéias viveu na terra de Judá. Sua cidade natal era vila de Moresete – Gate, aproximadamente a 32 km a sudoeste de Jerusalém. É possível que ele tenha visto sua nação ser engolfada pelos assírios, sob Senaqueribe.

Fora dos limites do livro que exibe seu nome, o profeta Miquéias figura apenas por uma vez no Antigo Testamento. Quase um século mais tarde, Jeremias prestou testemunho acerca da declaração condenatória feita por Miquéias (Jr 26:18, 19).

Miquéias preocupou se com as capitais de Judá e de Israel, em sua introdução. Deus estava prestes a sair de sua santa moradia a fim de impor juízo contra Israel, reduzindo Samaria a um montão de entulho. Imagens serão despedaçadas e ídolos destruídos (Mq 1:1-7). Mediante iniciava análise, Miquéias desnuda os insidiosos esquemas usados pelos nobres, no exercício de seu poder e prestigio. Eles se assenhoreavam de campos e casas. Os turistas que por ventura passassem por suas fronteiras eram assaltados. As viúvas que não tinham ninguém para defendê –las, eram expulsas de suas propriedades. Por causa dessa coisa a destruição era inevitável, embora houvesse a esperança de remanescente (Mq 2:10-13). Deus recolherá e cuidará de seu povo, tal como um pastor providencia o necessário para seu rebanho.

Terrível e certa e a condenação. Mas agora Miquéias volta a sua tensão para restauração de Sião, nos últimos dias. É desse monte – Sião – que estava condenado por causa dos pecados de Judá, que a lei será expedida para todas as nações. Prevalecerá um justo julgamento – espadas e lanças serão transformadas em implementos agrícolas. A paz universal se tornará a ordem do dia e Israel viverá isento de temores (Mq 4:1-5).

A esperança do vitorioso futuro de Sião repousa sobre o líder cujo local de nascimento é identificado como Belém (Mq. 5:2-9). Dois aspectos de seu caráter são retratados, em seu duplo papel de pastor e rei. Na qualidade de pastor ele recolherá o Seu povo das terras do exílio e cuidará ternamente deles, provendo lhe pasto e aprisco. Por outro lado, Ele executará o poder e a autoridade de um monarca, recolhendo o seu povo de todas as nações e trazendo – o para uma habitação pacífica.

O que Miquéias podia observar no padrão de conduta de sua própria geração! Modos de proceder pecaminosos nos negócios, corrupção moral, idolatria, ódio, suborno, contendas, ludíbrios, desonestidade, engodo e até mesmo derramamento de sangue – todas essas coisas, e ainda outras, prevaleciam na terra. Em vão Miquéias rebuscou misericórdia e justiça exemplificadas entre os israelitas. Percebeu ele incisivamente que nenhuma multidão de sacrifícios poderia substituir adequadamente a pratica da retidão.

O profeta voltou – se para Deus mediante oração e intercessão (Mq 7:7-20). Sabia que Deus executaria juízo contra seu povo pecaminoso. Durante aquele período de sofrimento, Israel será sujeitado à zombaria de seus inimigos. Entretanto, Miquéias também estava afeito à promessa de restauração, na qual ele encontrava consolo e esperança. Chegará o dia que os adversários se sentirão envergonhados por terem perguntado: Onde está o Senhor Deus de Israel! Da mesma forma que Deus libertou Israel do Egito, assim também recolherá os israelitas de todas as nações, a fim de estabelece – los seguramente na sua própria terra. Naquele dia, pois, as nações se voltarão para Deus em temor e admiração profunda.

Miquéias termina sua oração com uma nota de louvor. Devido a sua misericórdia, Deus perdoará o pecado de Seu povo, e o restaurará. Não admira, portanto, que o profeta haja exclamado: “Quem, ó Deus, é semelhante a ti...!

3. Profetas Antes do Cativeiro Sul - Judá

Sofonias – O Dia de Ira e de Benção – Sf1: 1-3: 20

Em Judá não somente foi declinando a religião verdadeira, após a morte de Ezequias, mas também foi ocupado seu lugar por uma grosseira idolatria. Manasses erigiu altares a Baal, levantou postes – ídolos e adorou a hostes do céu, além de ter se utilizado do templo para essa praticas idolatras. Por ter oferecidos seus filhos em ritos sacrificiais, por ter se moldado a costumes pagãos e por haver derramado sangue inocente em Jerusalém, Manassés arrastou o povo a pecados tão excessivos que Judá tornou – se muito pior que as nações que o Senhor havia expulsado de Canaã, no passado.

O juízo sobreveio a Manassés quando ele foi levado cativo para a Babilônia, pelos assírios. Foi ali que ele se arrependeu, e tempo depois foi restaurado ao trono de Jerusalém. É difícil determinar quão eficaz ele se mostrou na correção dos erros cometidos por toda a nação de Judá, antes do fim do seu reinado. Amom seu filho reverteu as maldades praticadas por Manasses, e assim incorreu em culpa cada vez maior. Em menos de dois anos seu reinado terminou abruptamente, tendo ele sido assassinado (740 a. C.).

Josias herdeiro do trono liderou Judá em uma reforma religiosa, ao mesmo tempo em que o rei assírio, Assurbanipal, devotava os seus esforços na busca pela cultura e na supressão dos levantes na Babilônia. O ministério de Sofonias está associado à época de Josias (Sf. 1:1). Não há qualquer data especifica fora dessa, mas parece provável que ele agiu antes do começo da reforma encabeçada por Josias. Sendo aparentemente um descendente de Ezequias, Sofonias pode ter sido criado sob a influência dos mesmos mestres que haviam instruído e orientado a Josias, nos primeiros anos de sua vida. Por certo não é descabido creditar a esse profeta a tarefa de estimular o movimento reformador liderado por Josias. A familiaridade de Sofonias com Jerusalém sugere a probabilidade de ter sido ele cidadão da capital de Judá. Falando ao seu próprio povo, ele fez suar o alarma que deve ter impelido à ação até mesmo os mais satisfeitos consigo mesmos.

Como se fora atroante trombeta, Sofonias ergueu a voz que abalou os complacentes cidadãos de Judá. O dia do Senhor estava próximo. Este seria um dia de julgamento. Mui provavelmente Sofonias conhecia a sorte de Jerusalém, predita por Amós, Isaias e outros profetas mais antigos. Mais de meio século havia se passado desde que Isaías havia advertido explicitamente de que seus descendentes e as riquezas de Jerusalém seriam levados para Babilônia. Tão penetrante mensagem deve ter causado preocupação para todo cidadão de Jerusalém. Estando tão próxima a condenação, o profeta não somente expôs o que estava implícito em plano imediato, mas também advertiu acerca do tempo de prestação de contas final, no dia do Senhor.

Destemido, Sofonias iniciou seu ministério anunciando o dia do juízo final dos ímpios (Sf 1:2, 3). Naquele dia, tanto homens quanto animais ferozes serão cortados da face da terra.

Dirigindo–se a sua geração, o profeta declarou que Jerusalém se defrontava com a destruição. A religião de Baal, que se submetesse humildemente aos juízos divinos que jaziam à espera deles. Ele retratou vividamente a Deus a sacrificar os lideres de Judá que eram os responsáveis pela fraude e pela violência. Nessa punição estava incluído o próprio povo comum, que ignorava a Deus e menosprezava a lei. Não havia escapatória, nem para Jerusalém e nem para a terra inteira, no dia da ira de Deus.

Sofonias pleiteou ante seu povo que inquirisse pela retidão e pela humildade, antes da chegada desse dia de ira (Sf 1:1, 2). A própria advertência serviria de sinal de misericórdia, provendo – lhes outra oportunidade para se voltarem para Deus, em atitude de arrependimento. Ao invés de confiarem a Deus, os oficiais, os juízes, os profetas e os sacerdotes haviam feito o povo desviar – se. Sabendo da decisão divina de consumir todas as nações, em sua ira ciumenta, Sofonias uma vez mais procurou despertar de Jerusalém, na esperança de impedir o iminente julgamento divino. Foi contra este negro passado que Sofonias expressou a esperança de restauração. Aproximava - se o tempo quando povos de terras distantes invocarão o nome do Senhor, quando os orgulhosos e altivos serão banidos de Jerusalém. Os humildes e pequenos, juntamente com o remanescente de Israel, habitarão em paz e segurança, sob o governo do Senhor, seu Rei. Vitoriosamente triunfante sobre todos os seus adversários, Israel gozará, uma vez mais, das bênçãos abundantes de Deus, em sua própria terra, quando então prevalecerão a retidão e a paz.

Naum – A Sorte de Nínive – Na 1:1- 3:19

Indícios internos, existentes na vida de Naum, oferecem evidências fidedignas que nos capacitam a datar esse profeta na metade final do século V|| a. C. A alusão de Naum à queda de Tebas, faz do ano 661 a. C. ao passo que a queda de Nínive sugere o ano de 612 a. C. como para o período de sua carreira. Dentro desses limites, naturalmente, é impossível fixar – se qualquer data mais exata para esse ministério.

A conquista de Tebas, sob Assurbanipal, foi o ponto mais distante do avanço assírio, cerca de oitocentos quilômetros rio Nilo acima. Não demorou muito, entretanto, até que rebeliões começaram a sacudir o império de Assurbanipal. Seu próprio irmão, Samassumuquim – que fora nomeado governador de Babilônia por Esaradom – encabeçou uma insurreição que não alcançou êxito, e terminou perecendo no incêndio da cidade de Babilônia, em 648 a. C. Quando Assurbanipal morreu, por volta de 633 a. C., rebentaram levantes sucessivos em várias áreas, tudo o que prevenia aos assírios do fim próximo de seu império.

Por certo Naum estava familiarizado com alguns desses eventos. Embora Elcós, cidade natal de Naum, jamais tenha sido identificada com certeza, é provável que ele fosse cidadão da nação de Judá. Ele estava familiarizado com as dificuldades que Judá havia experimentado durante o século de dominação assíria. Não há que duvidar que ele tenha consciência da opressão assíria, mediante a qual Manassés, o rei e Judá, foram levados para o exílio por algum tempo.

A majestade de Deus é o tema introdutório de Naum. Soberano e onipotente, Deus governa supremo a natureza. Os ímpios – inimigos de Deus por seus feitos – recebem permissão de continuar porque Deus é tardio em irar – se. Mas no tempo devido desabará a vingança de um Deus que tem ciúmes. Aqueles que Nele confiam, serão salvos no dia de Sua ira, mas os adversários serão completamente extirpados (Na 1:1-8).

É claro que alguns, dentre os ouvintes de Naum, duvidaram do cumprimento dessa predição (Na 1:9). Com toda segurança da certeza o profeta declara que o juízo divino é algo tão final que jamais precisarão temer novamente aflições impostas por Nínive. As atribulações que Assíria impuseram a Judá não mais se repetiriam (Na1: 12,13). Dirigindo –se aos Assírios, Naum predisse que essa destruição seria tal que impedia o nome deles de ser perpetuado.

Naum pintou vividamente o assédio, a conquista e a ruína total da capital dos assírios (Na 2:1-13). Essa orgulhosa cidade Assíria, que fora qual praga para cidade de Jerusalém, agora seria sujeitada a uma aflição horrenda, em um cerco onde prevaleceria confusão generalizada. O inimigo entrará na cidade, pilhará e reduzirá Nínive a escombros, deixando – a totalmente desolada.

A destruição da cidade de Tebas é citada a guisa de comparação (Na 3:8-15). A despeito de suas vastas fortificações, essa populosa cidade egípcia foi conquistada e pilhada pelos assírios, em 661 a. C. Nínive, porventura, seria melhor do que Tebas? Forte, fortificada e apoiada por Pute e Líbia, a cidade de Tebas não pudera resistir ao assalto dos assírios. E nem Nínive, porventura, resistirá no dia em que for atacada. Suas fortificações mostrarão ineficazes sob o ataque esmagador do inimigo, que avançará qual fogo consumidor.

Em sua descrição final sobre a sorte de Nínive, Naum emprega o símbolo dos gafanhotos, tão familiar para mentes orientais. Comparando a população de Nínive com gafanhotos, o profeta predisse que ela se amontoaria na cidade, buscando refugio, mas que seria dispersa por toda parte e se dissolveria. Diferente de Judá, a nação da Assíria não tinha esperança alguma de sobrar – lhe um remanescente. Outrossim, todos se regozijavam ante sua destruição, porquanto que o povo escapara incólume dos ataques da máquina de guerra da Assíria?

Habacuque - O Uso que Deus fizera dos Caldeus

Com toda probabilidade, Habacuque foi testemunha do declínio e da queda do império assírio, durante sua vida. Em sincronia com o amortecimento da influencia assíria sobre Judá, ocorreu o reavivamento sob a liderança de Josias. De maneira simultânea a essas ocorrências, houve o soerguimento da média e da Babilônia, ao poder, na extremidade oriental do crescente Fértil. A queda de Nínive pode ter sucedido antes de Habacuque ter surgido como porta – voz de Deus. O quadro de violência, contendas e apostasia, tão generalizada em Judá na época de Habacuque (Hc1: 2-4), parece caber dentro do período que se seguiu imediatamente após a morte de Josias, em 609 a. C. Os caldeus ainda não se tinham firmado de modo suficiente para constituir uma ameaça contra Judá, porquanto o controle egípcios se ampliou até as margens do Eufrates, o que continuou até a batalha de Carquemis (605 a.C.). em resultado disso, os anos entre 609 e 605 a. C. provêem um apropriado pano – de – fundo para a mensagem de Habacuque.

O diálogo entre Habacuque e Deus é digno de nota. O profeta faz a pergunta filosófica acerca da aparente discrepância entre os fatos da história e da revelação divina. Finalmente, resolveu sua dificuldade expressando sua fé em Deus. Em toda essa discussão, um ponto fundamental foi o emprego que Deus fazia de uma nação pagã para castigar ao Seu próprio povo.

Habacuque sentia – se perturbado pelos males que predominavam em sua geração. A injustiça prevalecia, a violência e a destruição tinham prosseguimento, a Torah (lei) era ignorada – quanto a isso, o profeta apelou impaciente, para Deus; todavia, não havia mudanças no povo. Por quanto tempo Deus ainda ignoraria sua oração e toleraria tais condições?

A resposta de Deus se avizinhava. Os duros e impetuosos caldeus já se aproximavam. Velozes em seu avanço distribuíam o terror, apossando – se de novas terras, destruindo fortalezas e derrubando reis. Deus estava despertando esses ferozes conquistadores para trazerem a justiça sobre Judá (Hc1: 5-11).

Ao profeta foi ordenado que registrasse a revelação. Essa mensagem divina era tão importante que deveria ser preservada para consideração futura. A predição era certa quanto ao seu comprimento, embora a ocasião da mesma não tivesse sido precisada. Simples, mas profundo, é o princípio fundamental aqui expresso: o justo viverá pela fé. Em contraste a nação opressora seria visitada pela maldição. A fé em Deus é a pedra de toque da perseverança, em uma vida caracterizada pela infidelidade (Hc1: 12-2: 1).

Contemplando ao seu redor, Habacuque via vívida demonstração dos males prevalecentes. Ele relata aqueles que eram orgulhosos e se sentiam seguros em seus próprios caminhos como injustos agressores que se justificavam em seus próprios caminhos – 2:6-8; 9-11, os que derramam sangue em troca de vantagens pessoais – 2:12 – 14, os que enganam o próximo – 2:15 – 17, os que confiam em ídolos – 2:18, 19.

Observando com espírito crítico a essas múltiplas manifestações de presunção ao seu derredor, Habacuque se consolava na percepção que o Senhor está em Seu Santo templo. E imediatamente brada a solene advertência de que toda a terra deveria calar – se diante do Senhor.

Esses pensamentos evocam um salmo de louvor dos lábios dos profetas, não desconhecia ele as obras poderosas de Deus no passado. Juntamente com um apelo no sentido que Deus se lembre de sua misericórdia na execução de sua ira, Habacuque implora - lhe que torne conhecidos, uma vez mais, seus feitos extraordinários. Deus manifestara sua glória e lançara mão da natureza, a fim de conceder salvação de Seu povo de Israel, quando os trouxera ao deserto e os instalara na terra prometida. Habacuque se dispunha a sofrer as presentes adversidades, no conhecimento de que o dia da atribulação imposto por Deus sobrevirá contra o agressor. E ainda que os campos e os rebanhos fracassassem em suas provisões materiais, mesmo assimile se regozijaria no Deus de sua salvação. Por intermédio de uma viva fé em Deus, o profeta reúne forças para enfrentar o futuro incerto.

4. Profetas após do exilo

Ageu – promotor do programa de construção – Ageu 1:1-2:23.

Pouca se sabe acerca de Ageu, além de sua identificação como profeta. Mui provavelmente, nasceu na Babilônia e retornou quando da migração para Jerusalém, em 539 – 538 a. C. Sua tarefa específica foi a de induzir os judeus a renovarem sua obra no templo.

Começando no fim de agosto de 520 a. C., Ageu entregou quatro mensagens ao povo, antes do fim daquele ano. A brevidade de seu livro talvez indique que ele registrou mero sumário de suas mensagens orais.

Esvaía – se rapidamente a segunda década desde que fora adicionada alguma pedra ao templo. O entusiasmo religioso, expresso quando o alicerce foi lançado, havia sido decisivamente apagado pelos hostis samaritanos. Nesse ínterim, o povo judeu se ocupara na construção de suas próprias moradias.

Ageu dirigiu suas palavras iniciais a Zorobabel, o governador, e a Josué, o sumo sacerdote. Ele declarou destemidamente que não era correto o povo adiar a construção do templo. Voltando – se para o corpo laico ele relembrou – lhes de que o Senhor dos exércitos é originador e controlador de todas as bênçãos materiais. Ao invés de devotarem seus esforços a esse santo projeto, haviam construído casas forradas de painéis de madeira para si mesmos. Conseqüentemente havia recebido seca e safras deficientes (Ag1: 12 – 15).

Até então nenhum profeta obtivera tão pontos resultados em Judá. Entusiasmado, o povo correspondeu à exortação de Ageu. Dentro de vinte e quatro dias, ele teve a satisfação de ver a renovação dos trabalhos de construção (Ag1: 12 – 15).

A contrição do novo templo prosseguiu com presteza pelo espaço de quase um mês, antes de Ageu trazer outra mensagem. A oportunidade da mesma foi o último dia da festa dos tabernáculos. Porquanto houvera colheita muito pobre, essa celebração foi marcantemente medíocre, em confronto com as elaboradas festividades no átrio do templo, nos tempos pré – exílicos. Provavelmente ainda havia alguns poucos, entre os anciãos, que tinham visto o templo anterior em menor número, entretanto, do que em 538 a. C., quando haviam sido lançados os novos alicerces. Comparando as perspectivas correntes com a glória da estrutura salomônica, esses tornaram – se pessimistas e descoroçoados. A obra foi diminuindo de ritmo, à proporção em que o desânimo foi permeando o grupo inteiro.

A oportuna mensagem de Ageu de Ageu redimiu a situação. Admoestando aos judeus para que renovassem os seus esforços, o profeta assegurou – lhes que Deus, por meio de seu Espírito, estava entre eles. Em adição, veio o seguinte recado da parte do Senhor dos Exércitos: Deus abalará as nações. Deus fará a glória daquele templo exceder à glória do templo anterior, Deus providenciará paz e prosperidade para aquele lugar. Embora a promessa tenha sido específica, o tempo de seu cumprimento é velado em meio à palavras ambíguas: “dentro em pouco”. Para a geração de Ageu, essa promessa foi motivo de encorajamento para a tarefa que tinham de concretizar.

Ageu tinha uma palavra a ser dirigida a Zorobabel. Na qualidade de descendente da linhagem real e de governador de Judá, ele representava o trono de Davi. No dia em que Deus sacudir os céus e a terra, derrubar tronos e destruir as forças das nações pagãs, então o Senhor dos Exércitos fará de Zorobabel um sinete. Visto que esses acontecimentos não ocorreram nos dias de vida de Zorobabel, é claro que essa promessa foi – lhe dirigida como representante da linhagem davítica, através da qual essa promessa espera cumprimento. A declaração que esclarece que ele fora escolhido pelo Senhor dos Exércitos provê o encorajamento necessário para uma liderança eficaz, numa época em que os governadores persas daquela área ameaçavam interromper a construção que se fazia em Jerusalém.

Zacarias – Israel no Palco do Mundo – Zc1: 1 – 14:21

Jerusalém enxameava de atividade e excitação quando Zacarias anunciou sua mensagem apocalíptica. Nos dias de hesitação que se seguiram à segunda mensagem de Ageu, Zacarias prestou inspiração de reforço para o grupo de esforçados judeus. Com toda probabilidade ele era sacerdote da linhagem de Ido, que retornara a Palestina (Ne12: 1 4,16). Se ele é o mesmo sacerdote aludido em Ne12: 16, então era ainda homem jovem, em 520 a.C., quando deu inicio ao seu ministério.

As palavras iniciais de Zacarias seguem bem perto a mensagem encorajadora de Ageu, quando da festa dos Tabernáculos. Citando a desobediência de seus antepassados, como advertência, Zacarias apoiou os esforços de seu colega de ministério em ativar os judeus. Somente a mudança genuína de coração traria o favor divino (Zc1: 1 – 6).

Em rápida sucessão, foram retratados por intermédio do profeta os acontecimentos e os problemas correntes com o que seu povo se defrontava. Juntamente com cada aspecto dessa revelação veio a provisão divina encorajadora. Embora cada visão mereça um estudo especial, em relação ao seu significado para o futuro, o efeito geral do panorama foi vitalmente significativo para os ouvintes de Zacarias, em sua nobre luta, durante aqueles meses marcados pela ansiedade.

A situação em Jerusalém avizinhava–se rapidamente de seu estágio critico quando Zacarias anunciou a serie de mensagens que lhe fora dada por meio de visões noturnas. Tinham – se passado cinco meses desde que fora reiniciada a construção do templo, em reação a mensagem de Ageu. Entretanto Tetenai e outros oficiais persas tinham vindo a Jerusalém com o intuito de investigarem as ocorrências, querendo dar a entender que os judeus estavam se rebelando contra a Pérsia (Ed 5-6).

Para aqueles dias de incerteza, pois, o profeta tinha uma mensagem confortadora. Através dessa série de visões noturnas veio a certeza renovada de que Deus, que mantém vigilância sobre o mundo inteiro, havia prometido a restauração de Jerusalém. As nações sob cujas mãos os israelitas haviam sofrido seriam destruídas, paz e abundância foram garantidas na promessa sobre a expansão de Jerusalém para fora de suas muralhas. Para aqueles que davam boa acolhida a mensagem do profeta e exerciam fé em Deus, essa tão oportuna palavra deve ter sido de real encorajamento, numa ocasião que havia tanto ansiedade a respeito do veredito de Dário.

Não há qualquer data alusiva à porção final do livro de Zacarias. Visto que não há ali qualquer referência ao projeto de construção, é provável que essa mensagem tenha sido anunciada após a dedicação do templo. Presume – se que isso apresente a mensagem de Zacarias durante o período posterior de sua carreira profética.

Se, por um lado, as nações circunvizinhas serão alcançadas pela ira divina (Zc9: 1-8), Jerusalém se defrontava com a perspectiva de um rei triunfante (Zc9: 9,10). Em Seu domínio universal ele falará e trará paz as nações.

Agraciando a cidade de Jerusalém, o Senhor dos Exércitos exercerá Seu poder protetor contra o inimigo (Zc9: 11-17). Ele salvará aos que Lhe pertencem, pois são rebanho de seu povo. Os israelitas perambulavam quais ovelhas sem pastor, mas Deus haverá de resgatá – los. punindo aos falsos pastores, Deus recolherá seu rebanho – Efraim juntamente com Judá. Esses virão dentre nações, até de terras distantes, ao mesmo tempo que a altivez dos pagãos será abatida (Zc10: 1-12).

No dia do Senhor, todas as nações serão reunidas entorno de Jerusalém, em batalha. No monte das Oliveiras, o Senhor resistirá a todos os inimigos e se tornará o rei de toda terra. Jerusalém, então dotada de sobrenatural suprimento de água, será firmemente estabelecida. Em pânico, as forças opositoras se desintegrarão de tal maneira que as riquezas de todas as nações serão coligidas sem qualquer interferência. Todos os sobreviventes subirão a Jerusalém a fim de adorarem ao rei, o Senhor dos Exércitos, e a fim de observarem a festa dos Tabernáculos. Estando Jerusalém firmada como eixo de todas as nações, a adoração a Deus será expurgada de todos os elementos impuros, de modo tal que a vida, em todos os seus aspectos, redundará em sua magnificação.

Malaquias – A Advertência Profética Final – Ml1: 1-4: 6

A única ocorrência do nome de “Malaquias” se acha no primeiro versículo deste livro. Posto que Malaquias significa “meu mensageiro”, a septuaginta traduz esse vocábulo como um substantivo comum. O fato de que todos os demais livros desses grupos são associados a nomes de profetas favorece o reconhecimento de Malaquias como um substantivo próprio.

É dificílimo determinar o tempo de ministério de Malaquias. O segundo templo estava de pé, o altar de sacrifícios vinha sendo usado, e comunidade judaica estava debaixo da jurisdição de um governador persa, isso situa suas atividades em depois de Ageu e Zacarias, quando o templo já havia sido reconstruído. Tão pouco se sabe sobre as condições do estado de Judá, desde a dedicação do templo até a chegada de Esdras, que é impossível fixar uma data conclusiva para a profecia de Malaquias. O conteúdo do próprio livro tem levado alguns a associarem Malaquias aos dias de Neemias. Mas outros estudiosos preferem uma data anterior a viagem de Esdras a Jerusalém, em cerca de 460 a.C.

O relacionamento peculiar entre Israel e Deus é o tema introdutório da mensagem de Malaquias. O Senhor dos Exércitos escolheu a Jacó. Os Edomitas, descendentes de Esaú, irmão de Jacó, nunca mais conseguiram sobrepujar a Israel. O domínio do Senhor se estenderá para alem das fronteiras de Israel, incluindo a subjugada terra de Edom (Ml1: 2-5).

No entanto, Israel havia desonrado a Deus. Ao oferecerem animais imperfeitos ou furtados como sacrifícios, demonstraram o desrespeito que tinham por Deus. Jamais ousariam tratar suas autoridades daquela maneira. O nome de Deus era reverenciado entre as nações, mas não em Israel. Mas Ele não se deixaria tratar daquele modo por Seu povo escolhido. O ludíbrio atrai certamente maldição divina (Ml1: 6-14).

Os sacerdotes são destacados dentre os demais israelitas para receberem retribuição. Por se terem mostrado infiéis nessa suas responsabilidades, serão desprezados pelo povo que antes lideravam (Ml 2:10-16).

O povo de Judá profanara ao santuário mediante casamentos mistos com povos pagãos. Acima de tudo isso, Malaquias relembrou bruscamente, aos seus ouvintes de que haviam cansado a Deus com sua teimosia em não buscar os caminhos retos do Senhor. Com seu comportamento eles menosprezavam a sabedoria de servir a Deus com fidelidade (Ml 2:17-3:15).

Deus conhece aqueles que O temem; e esses são Sua possessão especial, particular. Registrados como estão num livro de memórias, os justos estão destinados à salvação no dia da ira de Deus. Mas aqueles que tiverem sido presunçosos e houveram promovido a iniqüidade perecerão como a palha em um campo que é queimado pelo fogo após a colheita. Os que temem a Deus, por outro lado, se tornarão cada vez mais fortes (Ml 3:16 – 4:3).

Em conclusão, Malaquias exorta à sua própria geração para que obedeça aos preceitos mosaicos (Ml 4:4-6). Iminente como está o terrível dia do Senhor, Malaquias relembra a seus ouvintes que esse julgamento será antecedido por um período de misericórdia, inaugurado pela vinda de Elias. Dotado de sentido preditivo, o nome “Elias” sugere um tempo de reavivamento que terá lugar pela agencia de um indivíduo enviado por Deus. Tal indivíduo já havia sido prometido (Ml 3:1). E cerca de quatro séculos mais tarde, esse mensageiro foi identificado (Ml 11:10, 14).

5. Conclusão

Apesar de serem chamados profetas menores, isto não tira a importância do exercício do ministério profético que eles exerceram em suas épocas.

Cada um no seu estilo, na formação educacional, mas sendo uteis nas mãos de Deus.

Alguns exerceram no período antes do cativeiro do norte, no qual os reinos viveram em apostasia com a sua fé e influenciavam o povo a esquecer de Deus, e outros profetas profetizaram no reino sul, em que alguns reis buscavam ao Senhor Deus Javé, e outros seguiam os mesmos passos do reis do reino norte. E outros profetizaram para outras nações.

Apesar de que o povo de Deus estava dividido em reino norte e reino sul. Não deixava ser a nação escolhida e amada de Deus. Por esta razão, Deus levantava e enviava os profetas para trazer a Sua mensagem, sendo a maioria vezes era de exortação. Apesar de dura, ao mesmo tempo Deus mostrava a solução da mensagem: arrependimento. Não havendo arrependimento Deus permitiria que outras nações castiga – se o seu povo.

Alguns profetizavam acerca do futuro do mundo e de Israel, mostrando que Deus é Soberano, e Dominador de Tudo, e mesmo tempo demonstrando o zelo pela nação escolhida.

Os profetas que profetizaram para outras nações, é Deus mostrando que é o verdadeiro Juiz, que julga as nações, mas também Ele ama as nações, e eles se arrepender dos seus pecados, Ele perdoara.

Mesmo a nação israelita voltando do cativeiro, Deus não deixou de usar estes homens, mostrando o propósito de que Ele tinha para fazer em seu povo, exortando para edificação do templo e tendo uma vida integra diante do Senhor.


6. Bibliografia

BIBLIA SAGRADA. Revista e Corrigida. PENTECOSTAL. Rio de Janeiro. CPAD. 1997.

SCHULTZ, Samuel. A Historia de Israel no Antigo Testamento. Vida Nova. São Paulo. 2001.

ELLISEN, Stanley. Conheça Melhor o Antigo Testamento. Editora Vida.

São Paulo. 2007.

Um comentário:

  1. Uau.Extenso o estudo. Bom tema. Parabéns pela reflexão. Continue assim.
    Tb temos um blog:
    ezequiaslourenco.blogspot.com


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    Abraços.

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